O alcoolismo é, por tradição, um grave problema entre a população russa. Nos dias da revolução bolchevique, em 1917, essa questão chegou a colocar em causa o sucesso da insurreição popular.

O Zé Catano era o taberneiro mais alto de que tenho memória. Tinha uma estatura de trave. Vivia dentro da mesma camisola cinzenta que sempre lhe conheci. Sob o pescoço e, do decote do pulover espreitavam dois colarinhos azulados, sujos e assimétricos.
Adoro o assunto da crónica de hoje: dantes não se falava de quilos nem de litros para medir certos produtos. E os nomes e medidas variavam consoante se tratasse de líquidos ou de sólidos e, dentro deste último «ramo», conforme se tratasse de produtos grandes ou de grão… Já vamos explicar e perceber isso tudo – matéria que tem muita piada e nunca mais será igual…
As tradições de uma aldeia merecem sempre ser reavivadas e sobretudo registadas para que não sejam esquecidas. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso… mas no caso do vinho novo em Novembro e do cantar das janeiras no início do ano, julgo que isso é comum ao País todo.
Chegou a altura de colher os frutos com que as videiras compensam quem delas tratou ao longo de um ano. Não vou falar da vindima das grandes adegas e grandes quintas. Vou sim falar da vindima dos pequenos produtores, daqueles que produzem vinho quase só para consumo próprio.
Sou do tempo em que na minha terra as vindimas se chamavam assim mesmo, no plural e tudo. Era uma alegria. E sou do tempo em que o mosto era o primeiro produto palpável, que é como quem diz: bebível… Uma vez provei, gostei, bebi. Bebi tanto, mas tanto, que ainda hoje sinto as tonturas da altura. A minha família ia morrendo de susto. Mas afinal não dei em grande bêbado. Hoje, vou contar tudo. Outra coisa: a edição n.º 8 da gazetilha noticiosa está «on line» à sua espera. Clique no link da última linha deste artigo.
«Pelo S. Martinho vai à Adega e prova o Vinho» – adágio popular.
Este é a sexta homilia que faço relacionada com este Santo, Padroeiro do Fundão, mas principalmente com o Vinho. Hesitei se o devia fazer nestes tempos de crises económicas, de valores, éticas, mas como não cobro honorários por este serviço, não serei atingido por qualquer imposto. Tenho só um receio é se aquele ministro de falas mansas, a lembrar um cordeirinho, vá a qualquer TV pública ou privada a anunciar mais um imposto a quem faz publicidade ao vinho. É possível que aquela calma sonora a aprendeu nos balidos dos rebanhos de Manteigas. Também havia lobos e ouvi-os muitas vezes naquelas zonas serranas. Nestes últimos tempos terá havido alguma transumância. Como alguém escreveu «ele é o GPS do Governo». Parece um daqueles actores alemães refugiados nos Estados Unidos que faziam sempre de espiões soviéticos, nos filmes da Guerra Fria. Mansinhos, mansinhos, mas com o veneno na ponta das botas.
Caros Irmãos, segundo investigações arqueológicas, há mais de cinco séculos que a China cultiva a vinha. Passou a estender-se por todo mundo conhecido da época, como hoje fazem os seus comerciantes, com lojas abertas isentas de horários e impostos por todas as esquinas como antigamente as nossas tabernas e agora as nossas universidades. Aqueles estão a atirar para o empobrecimento e a desgraça os nossos pequenos retalhistas e até já os ciganos, vendedores ambulantes se queixam, estão a fazer-lhe desleal concorrência.
Com a histórica vinícola da China, verificamos que a Humanidade há mais de cinco mil anos anda a apanhar bebedeiras. É obra…
Caros Irmãos, na Sagrada Escritura, no Livro do Génesis, Noé também cultivou a vinha e bebia bom vinho. Não está confirmado oficialmente, mas dizem as más línguas, que à socapa levou para a sua Arca, uma grande pipa de vinho.
Rezam as crónicas recolhidas da mitologia grega que Dionísio era o Deus do Vinho.
O Povo Romano também plantava e fazia o néctar dos deuses, escolhendo-lhe o nome de Baco. O simbolismo da Adega Cooperativa do Fundão é a imitação de uma estatueta romana encontrada em Castelo Novo, representando alguém com um cesto de uvas à cabeça.
Caros Irmãos, no Evangelho de S. João 2, 1-12, há a descrição do Primeiro Milagre de Jesus Cristo, como o sinal do Reino de Deus. Aconteceu nas Bodas de Caná, na Galileia, para as quais Ele, sua Mãe e os Discípulos foram convidados. Um caso insólito, faltou o vinho. Sua Mãe, apelou ao Seu Filho, para tentar resolver o problema. E o Senhor mandou encher as talhas com água e transformo-a em bom vinho, melhor que o primeiro servido. Em Portugal também muitos taberneiros imitam muito mal aquele milagre, deitando água no vinho.
Carlos Irmãos, não é por acaso que o vinho inspirou santos, poetas, artistas e fadistas.
S. Francisco Xavier, o Grande Missionário do Oriente, em 1514, ofertou ao Rei do Japão, garrafas de bom vinho da cepa portuguesa.
Eugénio de Andrade, grande poeta português escreveu, «…a embriaguez é o leite entornado das estrelas».
O meu conterrâneo e parente Manuel Leal Freire, grande poeta, escritor, etnógrafo, jornalista, escreve, «…mais vinho, que é sangue eterno, / Mais vinho, que faço eu. / Ai se o vinho leva ao Inferno, / Primeiro nos mostra o Céu.»
Caros Irmãos, há muitas qualidades de vinho. O da Sabedoria, que inspira poetas, artista e intelectuais. O do Amor, que dá cá um entusiasmo nas aventuras amorosas… O de todos os dias, que nos dá força e alento em todas as horas de trabalho, às vezes funcionando como um verdadeiro doping. E o Vinho da Morte, que se bebe em excesso, nos leva à cirrose, à morte na estrada, no trabalho, em casa arruinando o bem-estar da família, destruindo-a…
Caros Irmãos, tendes a liberdade democrática de vos embebedar, de beber até cair. Mas, Irmãos, cuidado com as consequências. Não espereis por milagres, assumi as vossas responsabilidades. Ao soprar no balão podeis ir para a prisão. Não vos queixais, porque multas pagais e sem carta de condução ficais.
Caros Irmãos, festejemos o S. Martinho com bom vinho que bebido com moderação, faz bem ao coração, principalmente o tinto da Adega Cooperativa do Fundão. É cá uma pomada…
Se não me ouviste Caros Irmãos, irei pregar para outra Paróquia. Que S. Martinho nos dê a suas bênções e bom vinho. Assim seja. Amém.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
A Adega Cooperativa de Mêda retomou a actividade, três anos após o encerramento das suas instalações.
O Município de Mêda, fez todos os possíveis para recuperar financeiramente a Adega Cooperativa e para que a situação de falência fosse o mais rapidamente ultrapassada, sendo este o culminar de todos os esforços desenvolvidos junto dos diversos agentes envolvidos.
Na campanha deste ano, a Adega, além das uvas provenientes das zonas pertencentes à Região Demarcada do Douro, recebe também, nas suas instalações uvas provenientes de vinhas instaladas fora desta região, apresentando-se assim como uma mais-valia para os produtores que não possuem vinhas na região demarcada. Com a nova possibilidade de receber uvas de todo o concelho, cria-se uma enorme oportunidade de ajuda aos viticultores de todo o concelho, uma vez que antigamente a adega apenas podia aceitar uvas provenientes de 4 freguesias que pertenciam à Região Demarcada do Douro. Esta medida, visa promover o concelho como um todo, criando novas oportunidades de promoção, pois para além do «Vinho Fino» (nome dado aqui ao Vinho do Porto), também se produzem excelentes vinhos da Beira Interior e Vinhos de altitude. Podemos mesmo dizer que o concelho de Mêda se reveste de características geográficas/geológicas únicas.
O Município entende que a Adega Cooperativa é um pilar fundamental da vida económica do concelho e não podia ficar alheio às dificuldades que os agricultores/viticultores atravessam, especialmente em tempos de conjuntura como os que atravessamos hoje. Desta forma resta à Autarquia desejar uma boa época de vindimas a todos os agricultores e viticultores do concelho.
plb (com CM Mêda)
Hoje, 11 de Novembro, é o dia de São Martinho. Há um conhecido rifão popular que diz: no dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho. Associou-se também este dia aos magustos, por ser tempo de apanhar as castanhas.
São Martinho foi bispo da cidade de Tours, em França e foi um importante evangelizador do seu tempo. Nasceu em Sabária da Panónia, na Hungria, no ano de 315. Com apenas 12 anos foi alistado pelo pai no exército romano. Enquanto jovem oficial teve uma atitude que o deixou conhecido: deu metade da sua capa a um pedinte que encontrou na borda da estrada, assim o abrigando do frio.
Abandonou o exército romano, baptizou-se e viveu como eremita numa ilha ao largo da costa de França, aí fundando um mosteiro para uma comunidade religiosa que vivia em isolamento. Ordenado padre, foi depois nomeado bispo de Tours. Dedicou-se à evangelização, percorrendo a pé e a cavalo toda a sua diocese.
Na memória popular ficou conhecido o adágio: «No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho». Também é conhecido o provérbio «no dia de São Martinho prova o teu pipinho», que afinal é uma simples variante do primeiro. A sua ligação ao vinho decorre apenas da altura do ano em que o famoso bispo morreu, na data que ficou consagrada em sua memória. Depois da vindima, feita em Setembro ou no início de Outubro, o vinho ferve no lagar e depois nos pipos e nas cubas, sendo assim o dia de São Martinho, o apropriado para se fazerem as primeiras provas. Ao vinho novo juntam-se as castanhas assadas e assim se celebram os magustos, reunindo familiares e amigos. Este é portanto um tempo de convívio e de amizade.
Hoje já poucos particulares têm lagares para a produção própria de vinho. Vão também rareando as adegas para aí se abrirem os espiches e se provar o vinho que ainda fermenta nos pipos. Os tempos são outros, mas o espírito e a tradição mantêm-se, realizando-se magustos e outros encontros de convívio e a jeropiga, são as bebidas eleitas.
plb
O concelho da Mêda mostrou-se este ano, perla primeira vez na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) que decorreu de 13 a 17 de Janeiro, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal, inserida no espaço dedicado ao Pólo Turismo Serra da Estrela, a que pertence.
O presidente do Município, Armando Carneiro, que desde o inicio do certame acompanhou a iniciativa, considerou que «este foi um local que permitiu ao concelho da Mêda mostrar-se aos portugueses e estrangeiros, aos empresários e operadores turísticos, as potencialidades económicas, patrimoniais e turísticas de um concelho que, sendo do interior, tem vontade de afirmar-se e desenvolver-se».
O espaço dedicado ao concelho da Mêda foi visitado por elevado número de visitantes da BTL que tiveram ocasião de degustar alguns produtos desta terra, onde os vinhos, sobretudo, foram atractivo e referência.
O presidente da Câmara Municipal, Armando Carneiro, foi o anfitrião desta iniciativa a que se associaram produtores-engarrafadores da Mêda, José Rocha (vinho «Aravos») e José Cardoso (vinho «Quinta dos Romanos»). É de assinalar que o «vinho generoso ou fino» da Mêda foi um dos produtos que acolheu os visitantes neste espaço partilhado com as autarquias da Guarda, Seia e Trancoso.
«Foi em ambiente de festa que os presidentes de Juntas de Freguesia, vereadores e outras entidades do concelho de Mêda visitaram o stand numa iniciativa patrocinada pelo Município que conferiu uma vontade de querer e afirma a Mêda e seu concelho como referência quer no pólo de Turismo Serra da Estrela quer no contexto do turismo nacional e internacional», referiu ainda o presidente Armando Carneiro.
aps (com «Mêda em Movimento»)
O encontro dos Confrades e a Cerimónia de Entronização da Confraria do Vinho de Carcavelos teve lugar nos Paços do Concelho de Oeiras no passado dia 28 de Novembro. Integram a Cúria Báquica o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, como Grão-Mestre e o presidente da Câmara Municipal de Cascais, António Capucho, como Mestre Conselheiro.
O vinho, bebida que desde os primórdios da civilização acompanha a evolução do Homem, gera ódios e paixões. O ódio vem sobretudo de quem lhe sente os efeitos colaterais, ou seja, quem vive ou convive com o bebedor excessivo. A paixão é por sua vez dos que bebem com volúpia, exagerando muitas vezes no consumo.
Os vinhos do Grupo Bacalhôa, Palácio da Bacalhôa 2005 e Quinta da Garrida Dão 2006, foram premiados com ouro no prestigiado concurso International Wine Challenge, que decorreu, esta semana, em Londres.
O Grupo Bacalhôa, Vinhos de Portugal conquistou esta semana entre ouro, prata, bronze e recomendado um total de 19 medalhas no prestigiado concurso europeu International Wine Challenge que decorre, em Londres, durante a Wine Fair.
O Palácio da Bacalhôa 2005, um vinho regional das Terras do Sado, foi premiado com uma medalha de ouro. Poderoso e muito concentrado no nariz, resulta da união das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, com notas fortes de frutos encarnados, combinados com aromas de café, menta e frutos secos, numa estrutura cheia, complexa, fresca e elegante. Tem um preço recomendado de 26 euros.
Também o vinho Quinta da Garrida Dão 2006, da Aliança-Vinhos de Portugal, recebeu a medalha de ouro. Este vinho é composto pelas castas Touriga Nacional e Tinta Roriz e tem um bom volume de boca e taninos maduros, que conferem uma boa longevidade ao vinho. O preço recomendado é de 5,25 euros.
Os vinhos da Bacalhôa Tinto da Ânfora 2006; Má Partilha 2006 e Só Syrah 2006 receberam medalhas de prata no certame. O Garrida Dão 2006 obteve igualmente a prata.
jcl