Nos dias de hoje a generalidade das pessoas não lidam habitualmente com animais, tirando as que, de capricho, detêm em casa cães e gatos, que cuidam como se de seres humanos se tratassem, atentando contra os seus direitos.
Havia antanho muita sensibilidade para com os animais nossos amigos, que eram verdadeiramente bem tratados e protegidos dos perigos a que estavam sujeitos, ao avesso do que hoje sucede, em que maltratam os animais sem dó nem piedade.
Foi há pouco tempo criado em Portugal o chamado «apadrinhamento civil», que basicamente pretende que sejam perfilhadas crianças em risco, sem que se recorra à estafada figura da adopção. Penso que, de asneira em asneira, esta sociedade se degrada, porque a tradicional figura do padrinho há muito que está em crise e não me parece que esta nova medida a irá reabilitar.
Vivemos tempos em que o ultraje ao pudor e à moral pública são constantes, sem que contudo alguém se digne por cobro a tão perfídias aleivosidades. Noutro tempo estes excessos não seriam possíveis, porque as leis eram rigorosas e os correctivos implacáveis.
Os mais atentos terão captado nos diferentes serviços noticiosos que o Instituto Português do Sangue tem em curso uma campanha de dádivas, designada «Dador-Salvador», tendo em vista aumentar as colheitas de sangue.
Embora a ciência médica tenha evoluído muito nas últimas décadas, a verdade que regrediu em igual proporção a responsabilidade da prática da medicina, o que é perfeitamente visível na simples forma como são emitidas as prescrições terapêuticas.
Viajamos pelas estradas de Portugal, aliás geralmente de muito boa qualidade, e assustamo-nos com a velocidade estonteante com que alguns carros ligeiros circulam e com as manobras perigosíssimas que muitos condutores impunemente praticam, fazendo perigar a segurança de todos os que usam a via pública.
Segundo uma teoria antiga, a idade ordinária da vida humana pode dividir-se em escalões, de seis em seis anos, dando a cada um desses períodos uma designação.
Os problemas com menores mal comportados e perigosos são um dos grandes problemas das sociedades de hoje, em que o respeito e a boa educação deixaram de existir e em que pais, tutores e educadores se demitiram de responsabilidades.
Pegou moda o uso de expressões linguísticas estrangeiras para designar coisas nacionais. Em restaurantes chega a haver cardápios escritos em Inglês, que se tornou a língua dominante, relegando o Português para segundo plano, facto inadmissível e que apenas se verifica pela falta autoridade e de sentido de responsabilidade que grassa no País.
Estamos, já o disse inúmeras vezes, na era da pouca-vergonha e da desfaçatez, adjectivações derivadas da desregulação da vida em sociedade, de que é triste exemplo a ousadia das mulheres que de há um tempo a esta parte se vestem (ou desvestem) com roupas mínimas no tempo do calor, cujo maior exemplo é o famoso biquini, que praticamente as deixa desnudas.
Um dos graves problemas com que nos deparamos é o insuficiente controlo dos bens alimentícios que estão no circuito comercial. Anda por aí muita comida adulterada que, ingerida, provoca sérios danos ao organismo, de que é exemplo essa bactéria infecciosa agora descoberta na Alemanha, a que dão uma designação esquisita («e.coli», ou coisa que o valha…).
Falamos indistintamente de gatuno e de ladrão como se tivessem o mesmo significado, porém há uma diferença que convém reter: gatuno é o que furta e ladrão é o que rouba.
A carta e a denúncia anónimas são o rosto dos covardes. Só gente desprezível e repugnante é capaz de recorrer à calúnia para ferir a honra alheia.
Em casa dos meus saudosos pais, que Deus tenha, sempre houve cães, que livremente entravam e saíam da habitação e por ela se movimentavam, sendo estimados por todos, pela utilidade que tinham e pela docilidade que os caracterizava. Hoje há muito quem tenha cães dentro de portas, mesmo na cidade, mas na maior parte dos casos isso constitui uma desumanidade.
Antigamente havia um mister muito útil à economia que era o chamado «corrector de hotéis», o qual garantia, junto de viajantes e turistas, a angariação de clientes para as unidades hoteleiras, contribuindo ao mesmo tempo para a boa recepção e conveniente orientação das pessoas.
Antigamente as coisas tinham dignidade e ar solene. Requerimentos, reclamações ou petições dirigidos à administração pública tinham que ser redigidos em papel selado, usando-se uma linguagem formal, sem emendas e sem rasuras, e com a assinatura do requerente aposta sobre estampilhas fiscais.
Longe vão os tempos em que a sociedade quase se auto-regulava, com mecanismos próprios para a resolução de conflitos, de que eram bons exemplos o juiz de paz e o júri avindor.
Vivemos em tempos de irresponsabilidade e absoluta falta de orientação, sendo disso claro exemplo a destruição das árvores de fruto que antigamente eram cuidadas com tanto carinho pelo interesse para a sã alimentação do povo e para o desenvolvimento da economia.
Todos os dias somos confrontados com notícias que dão conta da evidente falta de autoridade da Polícia que temos, que é a todo o instante desrespeitada e vilipendiada, colocando-se assim em crise a ordem e a segurança públicas.