A propósito da estreia da mini série em 10 episódios «The Pacific», que retrata a II Grande Guerra na região do Pacífico, reparei que aquele que foi um dos conflitos mais importantes do século XX tem sido presença frequente na filmografia de Steven Spielberg.
A série que por estes dias passa nos EUA e por cá pode ser vista no canal de cabo AXN tem como produtor executivo o realizador de ET e da saga Indiana Jones. Uma vez mais Spielberg juntou-se a Tom Hanks para produzir uma série sobre o conflito, depois de em 2001 terem apresentado «Irmãos de Armas», que contava a história de um grupo de soldados norte-americanos na frente europeia da II Guerra Mundial, desde o treino militar até à rendição das tropas de Hitler. Quase dez anos depois o projecto é semelhante, mas o cenário é diferente: o conflito que opôs os EUA às tropas do império japonês.
A união destes dois grandes nomes de Hollywood em torno do conflito vem contudo de trás, mais precisamente de 1998, quando Spielberg realiza um dos grandes filmes de guerra do final do século passado: «O Resgate do Soldado Ryan», fita que valeu o Óscar de Melhor Realizador ao cineasta. Foi a partir deste filme que surgiram os dois projectos para televisão.
Mas a câmara de Steven Spielberg desde cedo se voltou para a II Grande Guerra. O primeiro filme onde o conflito está presente sob a perspectiva do cineasta foi filmado em 1979 e foi considerado um fiasco na altura. Trata-se de «1941 – Ano Louco em Hollywood» e é um dos mais estranhos filmes da obra do realizador, que conta de forma cómica uma invasão fictícia dos japoneses à Los Angeles dos anos 1940. O filme contava com um elenco de grandes figuras da altura, entre os quais despontava John Belushi, mas não deixou de ser um flop.
O filme seguinte é também um regresso ao universo da II Guerra Mundial e marca o nascer de uma das míticas personagens da Sétima Arte, Indiana Jones. Neste primeiro capítulo da saga, «Os Salteadores da Arca Perdida», o arqueólogo interpretado por Harrison Ford tem de enfrentar os nazis para salvar a Arca da Aliança. Mais tarde, em 1989, a personagem iria ser recuperada para defrontar os agentes de Hitler no terceiro episódio da série, «A Última Cruzada», desta vez com a ajuda do pai.
Pelo meio mais um filme passado durante a II Grande Guerra. Foi em 1987 que Spielberg estreou «Império do Sol», a adaptação de um livro escrito por J. G. Ballard e que apresentou ao mundo um rapaz que se tornou um dos melhores actores da actualidade: Christian Bale. Desta feita o conflito é visto no lado do Oriente, dado que a história foca a invasão da China por parte do exército japonês. A personagem de Christian Bale é o filho de um casal da classe média que acaba perdido dos pais e vai parar a um campo de concentração enquanto aguarda o fim da guerra.
Em 1993 é a vez de Spielberg voltar à Europa e apresentar mais um dos seus grandes filmes. «A Lista de Schindler» relata a história verídica de um empresário alemão, com simpatias pelo Partido Nacional Socialista, que tenta salvar alguns judeus do extermínio do Holocausto. Filmado a preto e branco, valeu o Óscar de Melhor Filme ao realizador.
Numa carreira com mais de 35 anos, sem contar com os projectos de início de carreira para televisão, Spielberg assinou um total de 24 filmes, 6 filmes ambientados na II Guerra. Sem contar com as duas mini séries e alguns projectos na área dos videojogos onde participou de qualquer forma, este conflito sempre esteve presente na sua obra. «The Pacific» é a sua mais recente aventura.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes
pedrompfernandes@sapo.pt