Confesso que não estive presente na última noite (1 de Agosto) neste evento, pelo que não me posso pronunciar. Sobre os restantes dias e, como estive presente, tenho uma ideia que quero transmitir aos leitores.
Há muito quem critique, quem nada mais faça que dizer mal, mesmo que nem sequer ponha um pé nos eventos.
Realmente, não houve muita gente no evento, nos dias 29, 30 e 31 de Julho. Quando as coisas acontecem, algumas pessoas não participam e quando não acontecem, criticam porque nada acontece. Esta contradição parece-me arreigada no nosso concelho e é uma pena que assim aconteça.
Uma das declarações mais recorrentes, e este ano não foi excepção, é o facto de o evento não ter nenhum nome «sonante». A maioria das pessoas que fazem essa crítica não fazem ideia dos cachets que os nomes «sonantes» cobram para se apresentarem num espectáculo. A título de exemplo, e uma vez que isso é público – publicado na Internet, no site Transparência – , transcrevem-se alguns:
– Tony Carreira, 45.000 euros; Rui Veloso, 31.000; Paulo Gonzo, 23.000; Xutos & Pontapés, 44.000; Amália Hoje, 50.000; UHF (concerto na Rua do Carmo pago pela Câmara de Lisboa, em 2009), 18.500.
A estes valores há que juntar, na maior parte das vezes, toda uma infraestrutura (palcos, aluguer de som e luzes, etc.). A título de mais outro exemplo refiro que o aluguer de som, iluminação e palco (num só dia) para um espectáculo com o artista norte-americano Moby, pago pela Câmara do Porto, custou 75.000 euros. Fora o cachet artístico cobrado pelo cantor e os seus músicos.
Acresce que, e isto pouca gente sabe, todos os nomes «sonantes» exigem uma série de equipamentos com um valor elevadíssimo. Nenhum dos nomes «sonantes» aceita, por exemplo, realizar o espectáculo no palco que é propriedade da Câmara do Sabugal e que está instalado no local do evento (dos casos acima referidos tenho informação de que apenas os UHF aceitam e o seu concerto do ano passado, no Sabugal, sei que custou bem menos que aquilo que foi pago pela Câmara de Lisboa).
Ora, o concelho de Sabugal, com uma série de carências, não pode dar-se ao luxo (parece-me a mim) de gastar quantias exorbitantes num evento.
Por isso sei que a aposta foi em nomes não tão «sonantes» e com cachets muito menores que os referidos (sei que os The Cadillacs, por exemplo, têm um cachet que é 11 vezes menor que o de Amália Hoje). Convém referir que o concerto dos Trabalhadores do Comércio não atingiu as mais legítimas expectativas, para um grupo com o seu historial. O seu início, com temas do álbum novo, incluindo muitos temas desconhecidos do público, foi mesmo mau. Apenas a partir do meio do concerto as coisas tomaram um rumo mais certo.
Em contrapartida o concerto dos The Cadillacs foi fabuloso. Posso mesmo dizer que foi do melhor que vi, ao vivo, nesta região, nos últimos anos. Foi uma hora e meia do mais puro Rock’n’Roll, excelentemente executado. Tanto que parecia estar-se em presença de um grupo norte-americano. Um casal da Guarda, que se deslocou propositadamente para ver o grupo, que desconhecia (segundo me disseram vieram porque relacionaram o nome com Rock’n’Roll), perguntou, no final do concerto, aos músicos se eles eram mesmo portugueses, uma vez que parecia não acreditar. Trata-se, efectivamente, de músicos genuinamente portugueses, só que daqueles muito bons.
Esta aposta foi ganha. O público não era muito, mas apenas porque se tratava de um nome que não era «sonante». De qualquer maneira houve direito a encore (a pedido do público) e o tema extra «Johnny B. Good», já fora do alinhamento.
Os One Vision (Tributo aos Queen) também proporcionaram um bom concerto, com a recriação, impecável, de todos os maiores êxitos do grupo de Freddy Mercury. A apoteose aconteceu com «We Are The Champions», bem perto do final do concerto. O público também obrigou o grupo a regressar ao palco para executar mais temas, o que prova que agradou.
«Música, Músicas…», opinião de João Aristides Duarte
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