Rebolosa. Uma terra linda, com cheiro a fresco nas manhãs frias, com sabor a torresmos nos invernos chuvosos, com sorrisos em cada rosto, com alegria em cada saudação.

De novo, voltámos à Rebolosa. Vamos já, com verdadeiro carinho, como se estar na Santa Catarina fosse uma obrigação. Encontramos uma aldeia animada, cheia de vida e um povo fresco e vestido de festa. Sabe-nos bem o carinho com que somos recebidos e os cheiros que nos prendem à chegada. E o Presidente da Junta de Freguesia da Rebolosa, Senhor Manuel Rei, de olhos que brilhavam enquanto nos falava, feliz pela sua Terra, a sua Raiz, como um bem a proteger. Enquanto se mantém na Presidência onde, em três mandatos, considera um tempo importante para se concretizarem projetos e se acompanharem em tempo útil.
O livro juvenil «Mistério na Serra da Estrela» teve o seu lançamento no passado dia 29 de Novembro, na Pousada da Serra da Estrela. Os Bombos da APPACDM da Covilhã conferiram ao evento um dos seus pontos altos, seguindo-se uma pequena dramatização com várias crianças amigas da autora, destacando as netas e amigos das mesmas, cujos nomes surgem na história. O espaço gentilmente cedido pela Pousada, antigo Sanatório, facilitou o ambiente de certa magia que o conto pretendeu levar aos mais novos. Houve mais dois momentos musicais com Rodrigo Duarte e o seu Clarinete e Tó Duarte cantou à viola um poema composto para esse fim e por ele musicado.
A Festa do Bucho Raiano voltou, como sempre, no sábado de Carnaval, desta vez na Aldeia de Bispo. Como todas as Aldeias e Vilas da Raia, alegre e fresca, a Aldeia de Bispo sorriu nas janelas abertas e nos portões de par em par, para ver passar o Desfile das Confrarias que acompanharam os trabalhos do V Capítulo.
Escrever é sempre um ato de comunicar, de libertar a mente através da opinião. O Capeia levou-nos à comunicação, estes anos todos, como um «jornal» livre e independente, em que cada um de nós se libertou nas palavras. Esta liberdade é uma riqueza que a todos alegra, certamente, a todos engrandece. Mais, o Capeia levou-nos muitas vezes à pesquisa e daí também ao nosso enriquecimento. Parabéns Capeia Arraiana! Bem-haja José Carlos Lages, que foi quem me trouxe. E, não sendo eu raiana, já muitas vezes disse…
Desde jovem aprendi a ver a Guarda e a admirá-la como uma cidade histórica, onde aquele D. Sancho do Foral, com ar de quem domina o espaço, a meus olhos enchia a Praça. Os arcos ao fundo, onde as lojas quase se escondiam do frio e acoitavam qualquer «estrangeiro» que ali passasse sem abrigo, faziam-me sentir acolhida como se a sua proteção me trouxesse conforto. Por tudo isto, eu estremecia sempre que me abeirava daquela Praça Imponente.
E ainda na minha viagem pelos castelos de Fronteira, surge-me Penamacor que não posso de modo algum esquecer. Tornada uma vila com história, Penamacor enleia-se na altivez da sua Torre de Menagem, na beleza da sua «Domus Municipalis», nas marcas que provam como atravessou as épocas e permaneceu, apesar de muito esquecido pelos tempos. O castelo e fortaleza são ainda sinais de que o passado não pode ser totalmente apagado, uma vez que deixou registos do vigor das gentes ou dos cuidados régios.
E venho agora com a minha homenagem ao Castelo de Penha Garcia, mais um Senhor da história e um marco dos tempos. Com a chegada de mais um Solstício de Verão lembramos o dia maior do ano. E falando aqui de Penha Garcia, recordo o bom pão e as boas gentes, sinto a calma do fim da tarde estival, o fresco das regas e o cantar das águas correndo pelas levadas. Terras verdes, puras e belas, onde o calor humano está a ficar empobrecido pela desertificação. É contra ela que temos que continuar a lutar.
Castelo Bom é um daqueles marcos da história, maltratado ao longo de muitas épocas, pelas disputas de poder desde os tempos das lutas transfronteiriças que parece terem acalmado com o casamento de D. Dinis (1282) ao recebê-lo como dote. Esse rei, de espírito aberto e ideias firmes, estudioso e perspicaz vê a importância das praças de Ribacôa para a consolidação ou segurança da independência nacional e daí a necessidade de conquistar este Castelo. Logo se seguiu o Tratado de Alcanizes e Castelo Bom inicia um período de glória. Terá sido durante algum tempo um dos lugares de portagem do Reino, na região de Ribacôa. (Côa – Cuda e daí a região transcudana). O desenho de Duarte de Armas, de 1510, deixa-nos o que devemos hoje ainda lembrar…
«La Ruta de los Castillos» fez uma pequena viragem para homenagear também outros castelos de fronteira como: Pinhel, Penha Garcia, Penamacor e Castelo Bom que, não sendo castelos de Aldeias Históricas – que me propus destacar – são também monumentos que gravam em pedra, páginas da História. Portugal com seus castelos foi ganhando glória ao longo de todas as épocas em que, cada pedaço de pedra que se ergue ou ergueu nos recorda valores pátrios reveladores de majestade e coragem, na defesa dos povos e das gentes.
Trancoso continua ser um dos meus roteiros preferidos. Ainda há muito pouco, voltei a passar nesta terra linda e foi bom rever as suas imponentes torres que tornam a vila, de longos séculos de história, um centro obrigatório de passagem para o norte, nas saídas ou entradas de Espanha.
Belmonte, castelo que conheço desde jovem, Senti sempre, aquele respeito devido, pela paz que me inspirava, pela altivez que mostrava, mesmo quando o visitava com os alunos. Também o vi melhorar e revalorizar com um anfiteatro que o tornou palco de atuações e festas.
Piódão é a aldeia que se segue na minha viagem pelas Aldeias Históricas. E, mesmo não lhe encontrando castelo, versejo-a para que não fique triste. Sua pedra negra e brilhante confere-lhe uma rudeza majestosa, uma simplicidade quase imponente. La Ruta de los CastilLos não perde pois a altivez desta terra linda, encravada no coração da serra, amplia esse colo materno onde muitos dos seus filhos se podem abrigar.
Monsanto, também tu revelas o poder, a dureza e rigor do granito mas a simplicidade dos «grandes» na tua beleza e altivez doce. Se D. Dinis te concedeu Carta de Feira e D. Manuel te deu Foral, se mais não fizeste foi porque não te deixaram e te derrotaram como se nada valesses já. Mas eu e tantos outros que as pedras valorizam pela sua rigidez simples e baluarte na defesa dos povos, estamos aqui para te enaltecer e te olhar com respeito e meiguice. Ao subir a calçada me sinto pequenina e te admiro na tua rudeza de militar salvando os seus. Obrigada Monsanto pela tua presença amiga, como defensor dos pequenos que te continuam amando.
Depois de algum tempo de repouso na Serra da Estrela, num lugar que me é muito querido, por vir dos tempos da minha infância e por me fazer sentir mais leve e fresca, volto rumo à Ruta de los Castilhos, para levar a cabo aquilo que comecei. Neste meu deambular pelas Aldeias, Vilas ou Cidades Históricas, é o Castelo que começo por homenagear, mas não posso deixar de o relacionar e enquadrar nas povoações que a ele estão ligadas. Recordo também que, para as pesquisas necessárias, me sirvo de folhetos, livros e registos, que vou adquirindo e que já fazem parte da minha biblioteca pessoal, ou faço consultas online. Idanha é a Senhora que se segue e, para ela, espero ser digno este meu trabalho…
La Ruta de los Castilhos, parou um pouco, para descansarem também as pedras e olharmos todos a Luz que vem do Céu. Sim, urge que a terra, o mar, todo o universo e todos os homens olhem essa luz, que urge voltar a brilhar em todos os corações, numa época em que já não vemos as pedras, nem nos deliciamos com o cheiro da natureza, por falta de tempo. Parece que chegou o tempo em que cada um de nós deve olhar à sua volta. Ao Capeia, a todos os colaboradores, leitores, sabugalenses ou não, deixo os meus votos de um Natal cheio de bênçãos do Menino, que não podemos esquecer, e que cada um olhe também o seu interior e pare para pensar como pode ajudar a salvar o planeta.
O branco tule da neblina envolvia a Rebolosa enquanto o sino tocava alegremente em homenagem à Santa Catarina. Também os foguetes nos lembravam que era dia de festa. Fomos amavelmente recebidos pelo Sr. Presidente da Junta sorrindo, como sempre, e sondámos o seu pulsar. Não há dúvida que o coração da terra palpitava no seu olhar, ao falar-nos do orgulho que sente por estar à frente dos destinos desta Aldeia lutadora.
Eis que chegou a tua vez Marialva, de versejar a meu jeito e dizer como o teu passado honra tuas gentes e as tuas memórias. É o «repouso do guerreiro» que nos suspende o respirar, pela altivez serena e triunfante com que dominas, abraças e vigias teus filhos e senhores. Quem pode ficar indiferente à tua majestade e magnitude no teu simples olhar de cima, carinhoso, os teus vassalos?
Eis Linhares, onde a Serra é Mãe, o vento anima os parapentes e os amigos da natureza se abrigam na sombra amiga dos penhascos ou petiscam os bons sabores da serra. Sua altivez humilde e trigueira vem ter connosco, num carinhoso fim de tarde de Outono ou num crepúsculo anunciador de invernia…