«O Melhor da Semana» e «O Pior da Semana» em «Primeira Página». As notícias chegam todos os dias e em grande catadupa. Em jeito de semanário publicamos um resumo seleccionado editorialmente e em duas linhas do Melhor e do Pior de cada dia. O destaque de abertura será sempre aquele que consideramos ser a mais importante «Notícia da Semana»…
John Bannier (1601-1641) foi um general sueco, herói da Guerra dos Trinta Anos, que também ficou conhecido pela fogosa paixão que teve pelas suas mulheres. Morreu novo e, conta-se, foi a felicidade que o matou.
A notícia caiu como uma bomba e foi esta quarta-feira, 22 de Agosto, dada pela RTP e pela SIC. A Fundação AGAPE afinal não foi fundada pelo ex-futebolista e emigrante português na Suécia, Carlos Quaresma. A troco de 13 mil euros foram muitas as autarquias, incluindo o Sabugal, que receberam um camião carregado de material hospitalar usado proveniente da Suécia. Mas afinal nem tudo é como parecia…
O português Carlos Quaresma não é fundador da Fundação AGAPE, uma ONG com sede na Suécia e os principais responsáveis pela organização afirmam desconhecer os«negócios» do emigrante luso. Quem o diz é a RTP e a SIC nos noticiários da hora do almoço desta quarta-feira, 22 de Agosto, onde ficaram prometidos desenvolvimentos para os jornais da noite.
Foram muitas as autarquias portuguesas, incluindo o Sabugal, que aceitaram o tal camião com material hospitalar «oferecido» pela AGAPE a troco de 13 mil euros para pagamento do transporte desde a Suécia.
A face visível em Portugal destes actos de solidariedade foram os ex-futebolistas e velhas glórias do Benfica, José Augusto e Veloso, que se deslocavam aos concelhos para fechar o «negócio» e a cantora Micaela que realizou alguns concertos de solidariedade em apoio à causa.
Para o Sabugal ficou acordada (de acordo com informações tornadas públicas) a entrega de diverso material ortopédico: cadeiras de rodas, camas eléctricas, andarilhos eléctricos, canadianas, material de fisioterapia, um equipamento hospitalar bastante caro para tratamento de derrames cerebrais e… um piano.
A acta da reunião ordinária de 22 de Junho de 2011 do executivo da Câmara Municipal do Sabugal esclarece, pelo voz do presidente da Câmara Municipal do Sabugal, como decorreu o processo de aquisição de material hospitalar «oferecido» pela AGAPE, uma ONG com sede na Suécia.
As questão são da vereadora Sandra Fortuna e as respostas do presidente António Robalo:
Sandra Fortuna declarou que «(…) tinham sido informados de que a Câmara já tinha recebido o material ortopédico, vindo da Suécia, pretendendo saber qual o valor final do seu transporte. Disse ainda que estava disponívelo na LocalVisão, um vídeo onde se podia verificar que este material tinha sido colocado num armazém, no Alto do Espinhal, pertencente a um privado, pelo que pretendiam saber qual o motivo, considerando que a Câmara dispunha de locais para colocação deste material.»
Em resposta o Presidente da Câmara disse que «o custo do transporte tinha sido de 13.000,00 euros, tendo o equipamento sido avaliado no montante de 500.000,00 euros. Que o material tinha sido colocado nesse armazém em virtude da Câmara não dispor de um espaço com agilidade de carga e descarga. Por isso agradecia ao privado a sua disponibilidade para ceder gratuitamente as suas instalações. Disse ainda que tinha enviado à AGAPE uma listagem das necessidades, baseada no inquérito efectuado aos Lares e Associações do Concelho, contudo não tinha vindo o material referenciado mas o material que, no momento, estava disponível, nomeadamente cadeiras de rodas e andarilhos.(…)»
Imposto de Selo de oito mil euros é ilegal
De acordo com a reportagem da SIC «o homem que ficou conhecido por trazer material hospitalar e ortopédico da Suécia para distribuir em Portugal pode afinal ter burlado autarquias e instituições. Carlos Quaresma dizia-se fundador de uma associação de beneficência e oferecia camas articuladas, cadeiras de rodas e outro equipamento, dispensado pelos hospitais suecos. Em troca, pedia o pagamento do transporte, feito em camiões, por cerca de cinco mil euros, e de um imposto de selo, no valor de oito mil euros. Uma investigação SIC apurou que esse imposto, afinal, não existe. Por outro lado, o preço do transporte também era muito superior ao real.»
A SIC adiante ainda que «a burla pode ultrapassar um milhão de euros e está a ser denunciada pela fundação sueca AGAPE que já apresentou queixa à polícia. Algumas autarquias ponderam fazer o mesmo em Portugal».
Reportagens na RTP… [aqui] e na SIC… [aqui]
Agora, após a investigação da RTP e da SIC, parece que o benemérito Carlos Quaresma vai ter de clarificar algumas coisinhas..
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«A Cidade e as Terras», opinião de José Carlos Lages
(Fundador e Director do Capeia Arraiana desde 6 de Dezembro de 2006)
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