A janela avisa-me da manhã, do sol e da cidade. Entreabro-a e confiro o inverno que se me oferece gelado e me arde no rosto. Chegam-me imagens de pessoas em movimentos apressados e de olhares efémeros.

A janela avisa-me da manhã, do sol e da cidade. Entreabro-a e confiro o inverno que se me oferece gelado e me arde no rosto. Chegam-me imagens de pessoas em movimentos apressados e de olhares efémeros.
O presente inverno separou-se do outono quando este se disfarçava de verão. Depois procurou a Serra cinzenta, quase preta, sobrevivida de incêndios quando ela resistia a um calor fora de tempo e escondia os seus mais recentes martírios. Encontrou-a e foi-a climatizando, paulatinamente, outorgando-lhe curtas mas sucessivas invernias. Não houve, portanto, senão aceitar o curso deste inverno ainda que não cumpridos, a cada momento, os desejos de todos nós.
Daqui, do âmago deste meu olhar pensado, antes que o entardecer se estabeleça, encosto-me ao peitoril e cruzo o cristal da janela para contemplar céus e terra. Observo o galopar das nuvens a caminho das labaredas de um sol que se incendeia com o vir da primavera. Vejo a serra a contrapor-se num imenso verde renovado. Repete-se, este espectáculo, de tarde em tarde. Sempre eu o procuro porque ele sempre me comove. É como se o visse, cada vez, pela primeira vez.
Cientistas portugueses e espanhóis propõem a recuperação da diversidade genética do coelho como estratégia para salvar da extinção o lince ibérico da Serra da Malcata.
A proposta foi apresentada por cientistas das universidades de Évora, Málaga e da Estação Biológica de Doñana num estudo a publicar no início de 2009 na revista científica internacional «Diversity and Distribution», especializada em biogeografia da conservação.
O lince ibérico, o felino mais ameaçado de extinção em todo o mundo alimentava-se até ao século passado de duas linhagens genéticas de coelho com habitat em duas zonas distintas da Península Ibérica, uma situada no nordeste e outra no sudoeste.
Os dois animais surgiram aproximadamente ao mesmo tempo na península e evoluíram em conjunto ao longo do último milhão de anos, período durante o qual estabeleceram inter-relações complexas cuja preservação é agora defendida pelos cientistas.
A população de coelhos do nordeste sofreu nos anos 1980 uma redução drástica que foi acompanhada por uma diminuição de linces, tendo estes passado a ficar confinados ao sudoeste, numa área que abrange Espanha e Portugal e inclui a Serra da Malcata.As duas zonas geográficas estão separadas por uma diagonal situada entre Vigo e Múrcia, sendo que o lince foi ficando relegado à parte esquerda desta diagonal e, mais recentemente, ao sul desta área.
A equipa de investigadores universitários procurou saber se o declínio do lince seria apenas um problema de falta de coelhos ou também, como suspeitavam, de falta de diversidade desta presa.
Para testar esta possibilidade desenvolveram dois modelos matemáticos, um para cada espécie, em que relacionaram conjuntos de factores ambientais, como o clima e o estado dos solos, com a abundância da população.Os modelos foram depois usados para testar se a razão principal do declínio do lince eram variações ambientais ou variações nas populações de coelhos, tendo a conclusão apontado fortemente para a última hipótese.
A equipa constatou também uma associação negativa entre a linhagem de coelhos do sudoeste, a única actualmente ao dispor do lince, e as condições óptimas de vida do coelho, sugerindo que esta subespécie não está a prosperar, contrariamente à do nordeste, o que compromete ainda mais a situação do lince.
jcl com agência Lusa
A marca «Terras do Lince» está já em alguns produtos tradicionais de Penamacor, como mel, queijo e azeite, podendo em breve alargar-se também a produtos genuínos do concelho do Sabugal.
Segundo notícia do semanário «Reconquista», de Castelo Branco, a Câmara Municipal de Penamacor aproveitou a marca «Terras do Lince» para rotular alguns dos produtos originários do concelho. A estrear são três os produtos que já ostentam o novo rótulo: queijo, mel e azeite.
Duas empresas instaladas no concelho de Penamacor, Meimoacoop e Penazeites, beneficiaram de uma parceria firmada com o Município, que em breve poderá alargar-se a mais empresas e a outros produtos de origem local. Os enchidos poderão ser o próximo produto a usufruir da denominação, que aproveita a referência à imagem do lince, que até há pouco tempo povoou a Serra da Malcata, e onde está previsto ser re-instalado.
Segundo o semanário albicastrense o presidente da Câmara Municipal de Penamacor, Domingos Torrão, diz que «a única forma de fixarmos gente é ter alguma coisa para produzir (…) nós não podemos pensar em grandes unidades fabris mas nas pequenas coisas todas somadas».
Também o presidente da Câmara do Sabugal, Manuel Rito, falou com o jornal «Reconquista», considerando a hipótese do seu concelho dar em breve o mesmo passo, considerando que a comercialização de produtos associados ao lince «pode trazer mais-valias a todos os produtores que por aqui resistem».
Em declarações ao Capeia Arraiana o presidente do Município do Sabugal declarou que «Terras do Lince é uma marca-chapéu conjunta dos dois territórios e que os produtores regionais e artesanais de produtos rurais vão poder usar o nome que passará a estar certificado com garantias de qualidade».
plb
Foram libertadas, no dia 29 de Agosto, três aves selvagens depois de terem sido recuperadas pelo CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens) no Parque Natural da Serra da Estrela em Gouveia.
Um milhafre-preto, uma cegonha-branca e um bufo-real foram libertados no dia 29 de Agosto em três localidades do distrito da Guarda depois de terem sido recuperados pelo CERVAS.
O bufo-real (Bubo bubo), ave de rapina nocturna, foi encontrado preso numa vedação de arame farpado pendurado por uma das asas e esteve em recuperação desde 4 de Maio. Ganhou de novo as asas da liberdade em cerimónia pública na localidade de Naves, no concelho de Almeida.
O milhafre-preto (Milvus migrans) foi libertado numa acção de sensibilização ambiental, perante cerca de 100 pessoas, no Estabelecimento Prisional da Guarda.
A cegonha-branca (Ciconia ciconia) recolhida «num estado de grande debilidade, foi tratada com sucesso durante dois meses no nosso Centro e libertada, agora, em Aldeia Viçosa», explica o comunicado do CERVAS.
«Há, actualmente, mais de 50 animais em recuperação no CERVAS tendo o número de ingressos em oito meses de 2008 triplicado em relação ao ano de 2007. Recebemos, até ao momento, 250 indivíduos de diversas espécies e a taxa de recuperação ronda os 50 por cento. Recuperamos animais selvagens feridos ou debilitados, apoiamos e realizamos trabalhos de monitorização ecológica e sanitária das populações de animais selvagens e promovemos a sensibilização ambiental», acrescenta ainda o Centro.
Excelentes iniciativas públicas de libertação de aves selvagens recuperadas em cativeiro.
jcl
Malcata – A freguesia aparece sempre associada à sua Reserva Natural. Mas Malcata tem vida para além do orçamento, perdão… para além do lince. Do lince convertido em deus que muito poucos viram mas que todos adoram mesmo que fale espanhol ou tenha sotaque algarvio.
O Capeia Arraiana tem vindo a percorrer o concelho do Sabugal sob a forma de reportagem analisando e dando a conhecer os investimentos e as intervenções que foram feitos desde 2001 nas freguesias sabugalenses. Malcata é o sétimo capítulo do roteiro intitulado «Equipamentos Sociais nas Freguesias do Sabugal».
O viajante que sair do Sabugal em direcção a Santo Estêvão pela estrada nacional 233 encontra um cruzamento à esquerda com a indicação «Malcata» e «Reserva Natural da Serra da Malcata». É a porta de entrada para uma paisagem que se transforma com efeitos únicos. Até o piso da estrada faz a diferença porque, agora, para chegar à freguesia deslizamos por um excelente tapete de alcatrão.
A barragem do Sabugal veio acrescentar beleza à beleza natural daquela região protegida. É agradável aos sentidos avistar ao longe para lá do pontão e do espelho de água o casario típico de uma aldeia raiana. Aconselhamos vivamente um passeio pela qualidade natural dos cerca de 22 quilómetros quadrados da freguesia.
Na área do Apoio Social foi recuperada a antiga escola primária bem lá no alto da freguesia. Remodelada e equipada com cozinha e salão de festas é agora utilizada pela associação cultural e desportiva local para festejos e convívios. Por debaixo do telheiro uma relíquia de um passado recente: um carro de vacas equipado com as sebes que protegiam o carrego.
No centro da freguesia as instalações da nova escola primária são vizinhas da sede da Junta de Freguesia. Com instalações bem cuidadas, moderno equipamento informático e mobiliário de qualidade tem disponível uma sala para as consultas que periodicamente os médicos ali dão às populações.
A recuperação e melhoramento destes equipamentos sociais, onde se inclui um forno comunitário com uma localização privilegiada no largo central, foram executados pela Junta de Freguesia da Malcata por delegação de competências, atribuição de verbas e comparticipação dos valores em falta pela Câmara Municipal do Sabugal.
Gostámos muito de ver o trabalho de recuperação do chafariz e respectivos pios de apoio junto ao campanário por parte da Junta local.
Inicie no largo central da Malcata uma visita pela paisagem única da Reserva Natural e refresque-se nas águas raianas da barragem do Sabugal que regista neste mês de Junho de 2008 a cota 790, sinónimo de limite máximo em pleno armazenamento das águas da albufeira.
Com ou sem lince… o futuro passa, obrigatoriamente, pelo aproveitamento para lazer e desportos náuticos das águas da barragem apoiados por um parque de campismo.
Malcata preenche todos os requisitos para integrar, em conjunto com Sortelha, Termas do Cró, Vilar Maior e Nascente do Côa, um circuito pentagonal de cinco pontos de turismo de muita qualidade no concelho do Sabugal.
jcl
As previsões do Instituto de Meteorologia apontam para uma Páscoa branca marcada pela queda de neve na Serra da Estrela. Para sábado estão previstos aguaceiros para o Algarve.
O Instituto de Meteorologia prevê para o fim-de-semana da Páscoa uma acentuada descida da temperatura com as terras altas de Bragança e Penhas Douradas a registar temperaturas negativas e queda de neve. A partir de sexta-feira santa o território continental o tempo vai caracterizar-se por instabilidade atmosférica afectado por uma «massa de ar frio e instável».
Os turistas que escolheram a Serra da Estrela para passar as mini-férias vão deliciar-se com um manto branco em resultado da queda de neve. A zona da Região de Turismo regista, já, uma taxa de ocupação a rondar os 80 por cento.
Para o Algarve está prevista a ocorrência de aguaceiros mas a temperatura, mais primaveril, deverá rondar os 20 graus.
Durante o dia de quarta-feira o tempo causou surpresas pelo País. No Alentejo, nos arredores de Pinheiro da Cruz, ocorreram, durante a tarde, quedas de granizo e neve anormais para a região.
Entretanto, o Instituto de Meteorologia elevou ontem o nível de aviso para os distritos de Setúbal, Beja e Faro, que passaram do amarelo para laranja, o terceiro mais grave de uma escala de quatro.
jcl
O deputado Luís Carloto Marques solicitou esclarecimentos ao Governo sobre o porquê da localização do centro para reprodução do lince ibérico fora da Serra da Malcata. A resposta do Ministério do Ambiente já chegou…
Apesar de todo o investimento efectuado na Serra da Malcata para proteger o habitat do lince ibérico o centro para reprodução do lince ibérico foi localizado noutra região.
O deputado independente Luís Carloto Marques (Movimento Partido da Terra), eleito por Setúbal, informou o Capeia Arraiana da recepção da resposta do Ministério do Ambiente ao seu pedido de esclarecimentos sobre o assunto e por nós noticiado em 6 de Janeiro último.
O documento contém explicações importantes sobre a decisão política de levar o centro de reprodução do lince ibérico para o Algarve e ficámos a saber que «foi por uma questão de oportunidade e de máximo aproveitamento de recursos disponíveis» porque apenas será instalado um destes centros em Portugal estando em causa pressupostos (que a Malcata parece não ter) como acessibilidades, tranquilidade e garantia de financiamento a longo prazo.
Traduzido por miúdos o ministro do Ambiente esclarece que apareceu uma empresa que faz a barragem e o centro e o Estado não gasta um cêntimo contrariando as suas declarações no dia do lançamento em que falou de avultados investimentos por parte das finanças públicas.
Mas, curiosamente, o Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal define estratégias de acção visando recuperar os núcleos históricos da espécie e identifica as acções e as áreas prioritárias para intervenção, onde está incluída a Reserva Natural da Serra da Malcata.
«A Serra da Malcata está conectada com as áreas de Granadilla e Cedilol (CA de Extremadura), o que lhe garante uma considerável prioridade, em termos de reintrodução, implicando deste modo que se continuem a executar as políticas de conservação até aqui aplicadas e cujos resultados são evidentes» esclarece o documento ministerial acrescentando que «o Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico terá como função produzir animais viáveis para reintrodução, que poderão ser utilizados em quaisquer áreas seleccionadas para o efeito, nomeadamente na Serra da Malcata».
Veja aqui a resposta do Ministério do Ambiente ao Requerimento do deputado Luís Carloto Marques.
jcl
A capela de Nossa Senhora do Ar, no alto da Torre, na Serra da Estrela, reabre amanhã, 7 de Outtubro, ao público, após ter estado encerrada durante várias décadas.
Por iniciativa da Turistrela, empresa que explora o turismo na Serra, a antiga capela da Força Aérea Portuguesa existente na Torre foi recuperada e entregue à Diocese da Guarda, que a vai reabrir ao culto.
Abandonada durante cerca de 30 anos, a capela foi sucessivamente sujeita a actos de vandalismo, desaparecendo assim todo o seu recheio, onde se incluíram as imagens dos santos. Também as paredes ficam deterioradas por falta de obras de manutenção. Graças à iniciativa da Turistrela a mesma foi sujeita a obras que lhe devolveram o aspecto original, estando agora pronta a abrir as portas para servir os muitos turistas que visitam o local.
A capela da Senhora do Ar irá ter um capelão, que garantirá a actividade litúrgica, a qual terá especial incidência nos meses de Verão, onde se procurará garantir a celebração eucarística dominical.
A cerimónia de reabertura da capela está prevista para as 15 horas, e será presidida pelo bispo da Guarda, D. Manuel Felício.
plb