Pela mão amiga de Horácio Pereira fomos à Roussada, onde provámos o celebérrimo atum da barrica que nos foi preparado pelo Senhor Batista afamado e dedicado cozinheiro que gere o bar do Grupo Desportivo e Recreativo de Brejos e Roussada.
A posta cozida de atum da barrica é um prato típico da zona saloia que é próprio do tempo em que se bebe a água-pé. E isso tem a sua lógica. Trata-se de comer algo salgado, o que puxa muito pela pinga e, assim sendo, é melhor beber água-pé do que vinho puro, pois este sobe mais rapidamente à cabeça.
As postas de atum vêm imersas numa salmoura. Noutro tempo vinham dentro de uma barrica de madeira, mas agora chegam dentro de um grande balde de plástico, num triste sinal de modernidade.
Para lhe retirar parte do sal, o atum é colocado um dia e uma noite dentro de água, com várias mudas. No momento da sua confecção o atum é primeiramente cozido de volta com couves de corte, que são as couves-galegas, ou tronchas, com que se faz o caldo verde. Esta primeira e ligeira cozedora de volta com as couves tem por efeito retirar-lhe um certo travo ácido. Depois o atum é então bem cozido de volta com hortaliça e batatas numa grande panela.
Já no prato do comensal, o atum da barrica, as batatas e a hortaliça requerem uma boa regadela de azeite. O forte teor de sal pede também uma boa pinga, mas que não seja muito forte, porque a grande propensão para beber pode ter más consequências. Entre a malta saloia, há relatos de comezainas de atum da barrica em dias de caça ou de outro convívio, em que após o almoço nada mais se faz, que não seja deborcar copos de vinho ou de água-pé.
O Senhor Batista serve petiscos aos amigos, desde que um número mínimo se junte e lhe encomende a ementa. Para além do atum da barrica gosta de dar preparo a arroz de cabidela, sopa de pedra e cozido à portuguesa. Diz quem provou que ele é um dos bons cozinheiros da região saloia.
plb