Do tremoço conhecem-se várias espécies, sendo a amarela (lupinus luteus) a mais comum entre nós. A origem do seu consumo estará provavelmente no Egipto, e há quem opine que foi introduzido na Mesopotâmia na época greco-romana e a partir daí terá sido transportado pelos Fenícios para todo o Mediterrâneo.
As características proteicas dos tremoços transformou-os num dos pilares alimentícios de todos os povos do Mediterrâneo.
Os povos antigos reconheciam aos tremoços (leguminosos da família Fabaceae tal como as ervilhas e as favas) propriedades benéficas e curativas.
Hipócrates, o pai da Medicina, recomendava o seu consumo, há quase 2500 anos, para evitar problemas digestivos e prevenir doenças hepáticas.
Um dos naturalistas mais importantes da Antiguidade, Plínio, o Velho, defendia o consumo do tremoço enquanto alimento saudável e fácil de digerir.
Mais tarde, Frederico,o Grande, rei da Prússia, conhecedor das suas propriedades mandou plantar tremoçeiros em muitas terras da Alemanha.
Não é por acaso que só encontramos à venda tremoços cozidos e demolhados em água salgada. É que se não levassem este tratamento seriam extremamente tóxicos (e amargos) devido às substâncias alcalóides que contêm e que poderiam ser nefastas para a saúde, nomeadamente para o sistema nervoso. Ou seja, o tremoço acabado de sair da planta, em grão seco, não é comestível. Este tipo de intoxicação identifica-se por náuseas, vómitos, tonturas, dores abdominais, mucosas secas, hipotensão, retenção urinária e taquicárdia.
Em cada 100 gramas de tremoço amarelo cozido encontram-se 37 gramas de proteínas, 211 mg de cálcio, 81 mg de fósforo, 7,5 mg de ferro, ácidos gordos insaturados (ómega 3 e 6), vitaminas do complexo B e E e 25 g de fibras (a dose diária recomendada pela Organização Mundial de Saúde é de 30 g).
Excelentes para os ossos são uma fonte proteica e de potássio boa para além de contribuirem para um eficaz funcionamento do trânsito intestinal.
Estudos feitos na União Europeia confirmam a sua acção positiva no controlo da taxa de açúcar no sangue, na redução do apetite, na diminuição dos níveis de colesterol no sangue possuindo, ainda, propriedades emolientes, diuréticas e cicatrizantes estimulando a renovação das células e a regeneração da pele.
E, claro, os tremoços ou os «xôxos» (como são conhecidos na região raiana) acompanhados de uma mini têm outro sabor.
Ou como nos diz em comentário o Paulo Brito: «Não é Xôxos, é Tchôtchos!»
aps