Manhã de sábado de Maio, temperatura alta para a época. Uma idosa caminha peregrina, passo vagaroso, cansado, transpira por todos os poros. Vemo-la no meio de uma via vicinal rodeada de latadas de videiras, tem uma simples e modesta malinha na mão e apoia-se na bengala, objecto da nossa atenção. Trata-se de uma bengala em segunda mão; a primeira em madeira de cerejeira, que herdou do seu saudoso pai, foi-lhe roubada junto à residência. Em poucos dias, roubaram-lhe a bengala e a reforma. Como era uma mais-valia não declarada ao fisco, será que a «religiosa e benemérita» instituição fiscal resolveu penhorar a bengala da pobre mulher? Ou talvez, por não ter as medidas determinadas pelas normas determinantes da CEE, terá sido apreendida pelos serviços da ASAE? Ao certo, não se sabe.
