Somos mesmo um país de brandos costumes. Um povo sereno. O que não significa ser ponderado, nem significa ser reivindicativo e, nem exigente.

Quase que me apetecia começar esta crónica a falar do trauma brasileiro dos 7 a 1 que apanhou da Alemanha. E tão somente para referir que o futebol é um desporto colectivo, provado magistralmente pela selecção alemã. Assim, a divinização dos futebolistas perde todo o sentido vendo a Alemanha a jogar futebol.
O afã com o encerramento das escolas do interior volta no final de cada ano lectivo num processo frenético que destrói o pouco que resta nas aldeias. O Sabugal, perante o anunciado fecho da escola de Santo Estêvão, foi um dos concelhos afectados, mas isso não parece preocupar suficientemente os responsáveis políticos do Município.
Não vos vou falar de Eusébio. Nestes dias foram mais que muitas, e justas, as palavras sobre esse genial futebolista e ser humano. Mas não posso de expressar o quanto me incomodou as palavras proferidas pela Presidente da Assembleia da República. Disse esta senhora, em pleno funeral de Eusébio, quando questionada sobre a trasladação do corpo para o Panteão Nacional, que sim, mas que os custos eram muito elevados. Mesmo que o sejam, não era o local nem o momento para o dizer.
Nesta avalanche de euforismo, em que todos gritam por Cristiano Ronaldo (e merecidos), prefiro gritar por Portugal. Não somente o grito pela selecção nacional mas, e sobretudo, um grito de alerta e chamamento. O orçamento que se vai aprovando no parlamento será o pronúncio da redução da condição digna de cidadão à, no máximo, sobrevivência.
Quando as capeias convidam ao encontro das pessoas, numa espécie de eterno retorno, pensando que os temas se concentrariam na bucólica paisagem de carvalhos negrais e giestas, eis que me assalta um comunicado do Ministério da Educação e Ciência.
Todos se recordam do desaire do governo aquando da declaração de inconstitucionalidade de quatro normas do Orçamento do Estado. Pelo segundo ano consecutivo, os juízes do Tribunal Constitucional (TC) chumbaram o confisco dos subsídios de férias aos funcionários públicos e aos pensionistas, com o argumento de que esta medida viola o princípio constitucional da igualdade.
O deputado do PSD eleito pelo distrito da Guarda, Manuel Meirinho, questionou o ministro da Educação, Nuno Crato, nas Comissões de Orçamento e Finanças, Educação, Ciência e Cultura durante a audição sobre o Orçamento de Estado para 2012 sobre o manifesto orçamental dos reitores das universidades portuguesas.
jcl
«Quem sou eu para avaliar?!» Foi com estas palavras, que o senhor ministro da Educação e da Ciência, doutor Nuno Crato, respondeu no final da entrevista que concedeu há duas semanas ao canal público RTP1, à questão colocada pelo jornalista: «Como avalia o trabalho dos seus antecessores?»