A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença no segundo Grande Capítulo da Confraria da Marmelada de Odivelas que se realizou este sábado, 24 de Novembro, no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo.

A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença no segundo Grande Capítulo da Confraria da Marmelada de Odivelas que se realizou este sábado, 24 de Novembro, no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo.
CONFRARIA DA MARMELADA DE ODIVELAS – 24-11-2012 |
Fotos Capeia Arraiana e José Valverde – Clique nas imagens para ampliar |
jcl
Foi dia de festa em Odivelas. A jovem Confraria da Marmelada realizou este domingo, 28 de Novembro, o seu primeiro capítulo. O Sabugal esteve representado pela Confraria do Bucho Raiano.
No 1.º Capítulo da Confraria da Marmelada foram entronizados cerca de 20 confrades e tiveram como confrarias madrinhas a Confraria Queijo Serra da Estrela e a Confraria da Chanfana.
Os confrades foram recebidos na Junta de Freguesia de Odivelas onde decorreram todas as cerimónias. A mesa do monumento ao senhor Roubado estava reservada para a Confraria do Bucho Raiano do Sabugal.
Na cerimónia realçamos a entronização de Maria Máxima Vaz como Confreira Honorária.
Após a entronização fomos abordados pela homenageada que nos surpreendeu com uma declaração inesperada: «Somos conterrâneos. Sou natural de Aldeia da Ponte.»
A conversa com esta senhora muito simpática e de trato muito afável foi muito interessante. Foi também ela quem fez o discurso sobre a origem de Odivelas e da Marmelada de Odivelas.
O movimento confrádico em espírito de irmandade reforça-se na defesa do que é tradicional e ancestral.
Odivelas – Um pouco de história
«O nome da cidade é explicado pelo povo através de uma lenda. Conta-se que «O Lavrador» tinha por hábito deslocar-se à noite a uma localidade nos arredores de Lisboa para visitar raparigas de seu agrado. A rainha Dona Isabel, conhecedora do facto, acompanhada por outras damas da corte, deslocou-se até ao Lumiar, na altura desabitado, com grandes archotes acesos, a fim de iluminar o caminho ao «marido infiel». Quando D. Dinis com o seu séquito passou junto dela, a rainha dirigiu-se-lhe nestes termos: «Ide vê-las», por evolução, teria surgido o topónimo «Odivelas».
No entanto a filologia explica de modo diferente. A palavra é composta por dois elementos «Odi» e «Velas» sendo o primeiro de origem árabe e tendo como significado «curso de água» (efectivamente em Odivelas passa uma ribeira) e o segundo de origem latina em alusão às velas dos muitos moinhos que povoavam a região.
Marmelada branca de Odivelas
A marmelada é um doce confeccionado em todo o País. A marmelada branca é um doce exclusivo de Odivelas, tendo sido confeccionado no mosteiro das Bernardas que sempre guardaram o segredo que lhes permitia obter um doce de cor muito clara, próximo do branco. A marmelada tinha a forma de quadradinhos e pegava-se nela à mão como qualquer bolo seco.
O segredo só foi desvendado depois da morte da última freira, em finais do século XIX, porque ela deixou um caderno de receitas escrito pela sua mão a uma afilhada onde além de muitos outro doces deste mosteiro estava escrita a receita da marmelada branca.
Maria Máxima Vaz dá-nos a receita da marmelada branca tal como está manuscrita no caderno da última freira:
«Vão-se esburgando os marmelos e deitando-os em água fria. Põe-se a ferver em lume brando, estando bem cozidos se passam por peneira. Para 1kg de massa 2kg de açúcar em ponto alto de sorte que deitando uma pinga n’agua coalhe. Tira-se o tacho do lume e se lhe deita a massa muito bem desfeita com a colher, torna ao lume até levantar empolas. Tira-se para fora e se bate até esfriar para se pôr em pratos a secar.»
Odivelas e o Sabugal estão unidos, há séculos, por laços reais protagonizados por el-Rei D. Dinis e D. Isabel.
Paulo Saraiva