O Município do Sabugal e o Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta promovem a 14.ª sessão do Clube de Leitura do Sabugal, no dia 14 de fevereiro, pelas 14:30 horas, na Biblioteca Municipal do Sabugal.
Na década de sessenta do século passado, o meu saudoso Pai ofereceu-me no Natal o romance «Maria Mim». Estava longe de saber quem era o autor, mas achei tanta graça ao título que logo o devorei.

O grupo de teatro Guardiões da Lua, da Quarta-Feira, leva à cena a peça «Maria Mim», baseada no livro homónimo de Nuno de Montemor, cuja estreia está prevista para o dia 29 de Março (sábado), pelas 20h45, no Auditório Municipal do Sabugal.
O «achoquio» ou «axoxio» era o grito gutural de presença na confraria dos solteiros.
No concelho do Sabugal há empreendimentos turísticos de elevada qualidade. Nesta crónica vou dar a conhecer o «Meia Choina» em Quadrazais que tem a particularidade de ter dado a uma das habitações o nome «Maria Mim» imortalizado pelo escritor raiano Nuno de Montemor no épico romance que retrata a vida «terrível» dos quadrazenhos do século passado.
Quando vi neste blogue a notícia de que «a Câmara Municipal do Sabugal decidiu fomentar o alojamento local nas terras do concelho, em alternativa às unidades hoteleiras tradicionais, como forma de potenciar o Turismo Rural», fiquei contente e veio-me à memória um empreendimento turístico rural do nosso concelho. Estou a falar de um empreendimento – o «Meia Choina» em Quadrazais (terra de contrabandistas e uma das 40 freguesias do nosso extenso concelho) – que, aquando da minha recente visita me deixou impressionadíssima.
Em conversa com a sua promotora, Colette Borrega Correia, esta informou-me de que este empreendimento oferece quatro casa de turismo em espaço rural – casas de campo e uma casa de prova e venda de produtos regionais –, Casa do Manego, Casa da Maria Mim, Casa da Meia Choina, Casa da Forja Frágua e Casa do Cusco.
A casa já recuperada, concluída e classificada é a Casa do Manego, tendo tido como primeiro nome «Casa da Fábrica», por outrora ter sido uma pequena fábrica de sabão pertencente José Manuel Pires Correia, avô paterno da empresária. Tal nome não pode ser registado por já existirem três idênticos em Portugal.
A tradição do contrabando deixou marcas inegáveis que perduram ainda na localidade. O dialecto quadrazenho ou gíria utilizada pelos contrabandistas é uma fenómeno linguístico único na região, daí o ter utilizado vocábulos oriundos da gíria para batizar o espaço e as ditas casas.
A casa do Manego tem uma área coberta de 180 m2 e capacidade para 8 pessoas. Possui 4 quartos, dois deles com casa de banho privativa, dois duplo, duas casas de banho sociais, uma área de convívio e cozinha. O espaço exterior tem como cenário a Serra da Malcata, a privacidade e a grande área exterior permite ao visitante uns dias de repouso e total descontração, a região oferece também algum potencial nomeadamente o Rio Côa, para a pesca desportiva e e algumas praias fluviais.
Isilda Silva
É necessário um acto de desagravo à Senhora da Póvoa.
Estão frescas na nossa memória as notícias de dois graves sacrilégios: com uma serra de serrar rocha, alguém cortou e roubou as cruzes manuelinas (do século XVI) que desde há séculos estavam implantadas no adro da Matriz de Loures e nos Quatro Caminhos de Frielas. Inacreditável! Para que irão e para que servirão essas cruzes, emblemas do património nacional, acerca de cujo destino não vemos as autoridades em acção. É pedra… Se fossem notas!
Somos agora feridos com uma punhada no peito, quando soubemos que a veneranda e antiga imagem de Nossa Senhora da Póvoa de Vale de Lobo tinha sido roubada do seu santuário.
Nossa Senhora da Póvoa é, desde dos fins do século XVIII, o santuário mariano da Beira Baixa e de Ribacoa. Os mais novos não sabem, mas os da minha geração, jovens nos meados do século XX, ainda nos lembramos das filas de carros de tracção animal (bois, burros ou cavalos) enfeitados com festões e colchas de seda, transportando famílias inteiras, para a Senhora da Póvoa, logo na segunda-feira de Pentecostes. Romagem para dois dias, levava-se de comer o bastante e, à ida e à volta, era costume parar no sítio do Castanheiro das Merendas, já muito depois do Sabugal, para alimentar os animais e as pessoas.
Romaria de piedade, de promessas e também das folias que vinham de Monsanto e de Penamacor, com os seus estandartes, descantes e bombos; e, algumas vezes, toldados pelo vinho, moços que acabavam em lutas de vida e de morte. Leiam o «Maria Mim» de Nuno de Montemor e a «Celestina» de Joaquim Manuel Correia.
O ladrão deve ter-se arrependido, e abandonou a secular e sagrada imagem, debaixo de uma árvore, onde gente do povo a encontrou. Já devolvida à sua santa casa, falta agora que os povos da Beira-Côa e da Beira da Malcata e do Meimão, procedam a uma cerimónia de desagravo, na presença de todas as autoridades civis, militares e políticas da região. Não é possível que nada se faça como se nada tivesse acontecido:
«Nossa Senhora da Póvoa
Tem um galo no andor,
Cada vez que o galo canta
Acorda Nosso Senhor»
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes
pinharandagomes@gmail.com
Depois da poeira da batalha eleitoral, é preciso que cada um, entre vencedores e vencidos, saiba encontrar o seu papel, na tradução exacta do mandato que lhe foi confiado pelos votos dos eleitores. Uns e outros, embora de forma diversa, assumiram compromissos e responsabilidades perante os sabugalenses e estes esperam que os seus eleitos estejam à altura de tais desafios.

Maria Mim é um romance de denúncia e de revolta, face à perseguição que o Estado exercia sobre os contrabandistas quadrazenhos, que não eram ladrões nem fascínoras, como os pintavam as autoridades, mas antes pessoas honradas e virtuosas.
