Realiza-se esta semana, na Guarda, o Ciclo Manuel Poppe, pelo qual a Câmara Municipal homenageia um escritor que ali viveu os verdes anos e que nunca esqueceu essa sua terra de adopção. Ler Mais
O escritor Manuel Poppe esteve no Sabugal, onde visitou o castelo das cinco quinas, o que lhe inspirou a crónica publicada na Página de Cultura do Jornal de Notícias de domingo, dia 5 de Dezembro, intitulada «O Castelo e a Arte».
O escritor de Lisboa, que cresceu e estudou na cidade da Guarda, e que correu mundo enquanto adido cultural em diversas embaixadas portuguesas, começou a sua crónica falando de um outro escritor português que também se maravilhou com o monumento: «Sant’Anna Dionísio escreveu, a propósito do Castelo do Sabugal: “A fisionomia da fortaleza tem a nitidez de uma iluminura de cancioneiro ou livro de horas”. E aponta-lhe a beleza despida e a harmonia que a imponente torre de menagem coroa.»
Manuel Poppe, revela que esteve recentemente na Casa do Castelo, «espécie de centro cultural, que divulga a cidade», onde almoçou com os proprietários, Natália e Romeu Bispo, visitando depois o castelo onde se impressionou com o facto do monumento estar desaproveitado.
«(…) levaram-me ao Castelo. Deslumbrante! E um lugar me impressionou e surpreendeu: o terreiro interior, espaçoso, elegante. Ali, o eco repete as palavras, prova de excelente acústica. Surpreendeu-me saber que pouco o aproveitam para iniciativas artísticas. Aquilo é um anfiteatro grego! Qual a razão do abandono? Tem, aliás, o necessário: palco, bancadas e camarins. Alguma vez o usaram, mas parece que baixaram os braços. Imaginei um ciclo de espectáculos: teatro, cinema, música. Coisa de relançar o Sabugal e atrair gente. Nada tem de impossível, tudo tem de conveniente. É um tesouro a não ignorar. Fico à espera – e serei o primeiro a querer bilhete. Ou aquela Câmara Municipal despreza a Cultura?»
plb
Na meada do século XX os jovens estudantes que aportavam na cidade da Guarda viviam intensamente os momentos que passavam juntos. O convívio era são e a amizade era profunda. Falava-se de literatura, escreviam-se sonetos, planeavam-se serenatas à janela das moças e ia-se beberricar e petiscar à Cova Funda, a mais emblemática taberna da cidade.
Ler MaisManuel António Pina «é, sem dúvida e a grande distância, o melhor comentador da vida política deste condenado país», assegura Manuel Poppe, que ainda acrescenta outra sua grande qualidade: «É do Sabugal, é da Beira-Alta!»
O escritor Manuel Poppe transcreveu para o seu blogue «Sobre o Risco», uma crónica de Manuel António Pina editada no Jornal de Notícias, na edição de 30/11/2009, intitulada «Corrupção e Gastronomia», onde comenta de forma irónica o desenvolvimento do caso «Face Oculta».
O post com a crónica de Manuel António Pina mereceu um comentário do autor de outro blogue, o «Trepadeira», que enalteceu o artigo de MAP: «Lindo. Já há muito não ria com tanta vontade. Será para não chorar. Pelo menos desopila o fígado.»
Este comentário mereceu uma resposta de Manuel Poppe, editando um novo post de elogio a Manuel António Pina:
«Meu Caro:
Não me admira que a crónica de Manuel António Pina lhe tenha agradado e o tenha afastado da depressão que ameaça todos os portugueses honestos…
O Manuel A. Pina, admirável poeta, Mestre de jornalismo – é, sem dúvida e a grande distância, o melhor comentador da vida política deste condenado país.
A ironia de Pina, aliada à sua fina inteligência, é um remédio santo! Mas também pode fazer chorar.
Depois: além dessas qualidades, ele tem outra: «É do Sabugal, é da Beira-Alta!»
O post de Manuel Poppe vem ilustrado com uma fotografia de MAP aquando da homenagem que este ano, a 4 de Abril, a Junta de Freguesia do Sabugal lhe fez na sua terra natal. A foto é da autoria do também sabugalense Kim Tomé.
Artigo de Manuel António Pina «Corrupção e Gastronomia». Aqui.
plb
Candeeiros, panelas de ferro, potes de barro, campainhas, ferramentas e muitos livros antigos, foi o que mais se viu no domingo, dia 30 de Agosto, no Sabugal por ocasião da reedição da feira franca da vila instituída por D. Dinis.

O dia esteve abrasador, mas isso não impediu que dezenas de feirantes e centenas de potenciais compradores fossem até ao largo do Castelo do Sabugal, onde se instalou a feira, que sobretudo dispunham antiguidades e peças de artesanato.
Natália Bispo, da Casa do Castelo, e Joaquim Tomé, do cyber café O Bardo, que organizaram o evento, estavam satisfeitos: «Claro que podia estar mais gente, mas não foi mau para uma primeira edição», disse-nos Natália Bispo, que na sua casa-museu andava numa fona recepcionando visitantes e servindo refeições.
Manuel Poppe, na sua coluna dominical do Jornal de Notícias, enalteceu precisamente esta iniciativa, saída da carolice de dois sabugalenses, cujos projectos vão muito além do simples comércio. As suas casas são sobretudo pontos de apoio ao turista que demanda o Sabugal para visitar o famoso castelo de cinco quinas.
A um ponto o forte incêndio que lavrava mato para as bandas o Casteleiro, expelindo uma imensidade de fumo, cobriu a roda do sol e a tarde tornou-se ainda mais quente e abafadiça. Mesmo assim, com redobrado sofrimento de comerciantes e visitantes, a feira franca manteve-se pelo dia fora. Talvez fosse diminuto o valor das transacções, e pouco tenha lucrado quem ali foi feirar, mas a iniciativa, que teve o apoio da Câmara Municipal e da Associação de Desenvolvimento do Sabugal, marcou pontos. Ela demonstrou que é sobretudo com iniciativas de animação que a parte velha do Sabugal se volta a revigorar, atraindo gente.
Vale a pena transcrever a sugestiva e elucidativa crónica de Manuel Poppe:
«Hoje, no Sabugal, raia beirã, há Feira Franca! Vendem-se enchidos, queijos, velharias e antiguidades, antigos instrumentos do trabalho dos campos. Oferece-se alegria, tão rara no Portugal cabisbaixo! A festa acontece à sombra da Torre de Menagem dum Castelo, que brilha com “a nitidez de uma iluminura de cancioneiro ou livro de horas”, diz o Guia de Portugal.
É um grito de amor à terra e protesto do Interior abandonado. Quem luta pelo que não quer ver abastardado e atraiçoado? Esta Feira tem atrás o amor e a coragem de Natália Bispo, da “Casa do Castelo”, e de Joaquim Tomé, de “O Bardo”. Natália recuperou um edifício em ruínas, seguindo a traça original e trazendo à luz uma bela ara romana e vestígios da cultura judaica; defende a culinária local em singelo restaurante; impõe artesanato e literatura. Joaquim criou um Cyber Café e ligou o nobre Sabugal ao Universo, abriu uma galeria de arte, promoveu exposições de pintura, escultura e concertos musicais.
E, bem a propósito, um entusiástico aceno ao “tremendo” livro de Manuel Leal Freire, sabugalense de Bismula, “Trovas de Escárnio em Vernáculo” (Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto). Se não falhar a Feira Franca, encontra-o; mas pode procurá-lo por aí: o homem e o livro. E como diverte lê-lo e relê-lo! Afasta as nossas justificadas tristezas neste tempo cinzento, em que é urgente reinventar a esperança»
plb
Manuel Poppe pediu ao Capeia Arraiana a divulgação pública de um grande abraço a Manuel António Pina. Um e outro dispensam apresentações mas vamos aproveitar excertos de uma entrevista que Américo Rodrigues fez a Manuel Poppe para o «apresentar» e, de seguida, publicamos a saudação ao ilustre homenageado de sábado, 4 de Abril. Ler Mais