Desde as antigas civilizações da Mesopotâmia e do Egipto até há poucas décadas, que o arado foi o mais importante instrumento do trabalho agrícola. Falamos do arado de madeira, com um bico de ferro frente, que era puxado por animais e com o qual se revolvia a terra para se fazer a sementeira.
O arado era basicamente constituído pelo timão (também chamado temão e tamão), que era o pau comprido que o ligava ao gado; a chavelha, que era a recrava que segurava o timão à canga; a rabiça, à qual o lavrador deitava a mão para o manejar; o dente, que era o pau que sulcava a terra; a relha, que era a ponta de ferro que encaixava no dente, as avecas, que afastavam a terra formando o rego e o teiró, que era o pedaço de madeira que ligava o dente ao timão.
Há vários tipos de arados, que fundamentalmente se dividem em três, tendo em conta a forma do timão: o arado radial, em que o timão é direito e liga-se ao ângulo formado entre a rabiça e o dente; o arado de garganta, em que o timão é muito curvo; e o arado quadrangular, em que o timão é direito e liga-se à rabiça.
O arado radial, o mais simples de todos, de origem celta, é o arado das terras altas de Portugal e foi também o usado pelos lavradores de Riba Côa. Era com este instrumento que o lavrador garantia o amanho das terras e dava a jeira quando ira trabalhar nas terras dos outros. Puxado pela possante junta das vacas, o arado sulcava horas a fio, e em dias sucessivos, as terras de cultivo. Desde logo as terras centeeiras, também designadas por tapadas, muitas vezes de grande extensão, onde a resistência dos animais e do lavrador eram postas à prova.
Nem todas as vacas eram capazes dessa grande proeza de andarem de sol a sol jungidas a puxarem o arado. Por norma isso era tarefa das vacas jarmelistas, que o povo chamava marelas, que eram por excelência animais de trabalho, com uma força e uma resistência impressionantes.
A mecanização da lavoura fez desaparecer os arados que hoje são apenas peças de museu.
Paulo Leitão Batista