O nosso largo da Fonte é uma sala de visitas onde devemos receber com toda a amabilidade quem nos visita. Existem neste momento condições para que isso aconteça? Claro que não!

Finais de Novembro, com a chuva a dar umas pequenas tréguas, permitindo aos olivicultores a apanha da azeitona de oliveiras com pouca produtividade. Em termos de pluviosidade também se está em grande deficit, com as barragens abaixo de 50% da sua capacidade. Entretanto no Fundão foi apresentado o livro «Deste Mundo e do Outro» com crónicas de José Saramago no «Jornal do Fundão» e o Clube de Leitura da Biblioteca Municipal do Fundão «viajou» até Vila Franca de Xira.
Continuamos de «prisão domiciliária», de quarentena, com algumas «saídas administrativas», limitadas durante o tempo pascal, cujas fronteiras se fecham nos limites concelhios. Na chamada Semana Maior, a Semana Santa de 2020, vivi e registei alguns olhares neste período pascal.
José Saramago, a viagem do elefante Salomão… e outras histórias da minha aldeia, claro. Histórias escritas há quase uma década e publicadas por aqui e por ali. Coisas bonitas da minha infância também: os modos de falar do nosso Povo. Leia com gosto, como eu leio com muito prazer.
Este ano, fez vinte anos que José Saramago venceu o Prémio Nobel da Literatura, pela publicação da obra «Ensaio sobre a Cegueira». Como pessoa sem dúvida que Saramago não deixou saudades a muita gente, mas o facto é que ficou na história da literatura mundial. Obviamente que teve ajudas, como por exemplo Mozart, em que a sua viúva foi fundamental para que a sua obra ultrapassasse a barreira da fronteira portuguesa, e entrasse num mercado de 600 milhões de pessoas, onde ainda muita gente felizmente lê. Embora não tivesse lido a obra, vi o filme, e, mesmo sendo uma produção de Hollywood, deixa-nos a pensar.
Eram designados de «ratinhos» os beirões que, em grupo, trabalhavam no latifúndio alentejano, colmatando a crónica falta de mão-de-obra nas grandes e colectivas tarefas agrícolas daquela província do sul de Portugal. Vários autores escreveram sobre esta gente pobre que era mal-amada pelos povos, igualmente pobres, dos lugares onde aportavam.
O espectáculo comunitário de teatro de rua «A Viagem do Elefante» vai a Sortelha no dia 27 de Julho, sábado, pelas 22 horas. Trata-se de uma produção do Trigo Limpo teatro ACERT em coprodução musical com Flor de Jara (Espanha) e em parceria com a Fundação José Saramago.
Foi meio a brincar meio a sério que há tempos escrevi que o elefante Salomão (o tal do livro de Saramago) passou no Casteleiro. Para mim, isso é indiscutível e não pode ter passado de Caria para Sortelha sem passar na Ribeira da Cal, no Casteleiro, na Serra da Vila: é a calçada «romana» (ou medieval? – e aqui começam as dúvidas).
O elefante Salomão, o do livro de Saramago «A Viagem do Elefante», tinha vindo da Índia para ser mostrado em Lisboa. Mas o nosso rei D. João III resolveu oferecê-lo ao primo, o sacro imperador Maximiliano II da Áustria.
A Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo está a liderar o projecto de definição de uma rota turístico-cultural, baseada no livro de José Saramago «A viagem do elefante», a qual poderá incluir Sortelha e Sabugal.
Quando se completa um ano da morte do escritor, a 18 de Junho de 2010, o presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, António Edmundo, disse à Lusa que o projecto, que ligará Lisboa e aquele concelho raiano, poderá ser concretizada «ainda este ano».
«Estamos a preparar o caderno de encargos para a sinalética e para o que fruir em cada um dos territórios», indicou, salientando que a iniciativa também envolve as Câmaras Municipais de Lisboa, Constância, Sabugal, Belmonte, Fundão e Pinhel e a Fundação Saramago.
O livro de José Saramago «A viagem do elefante», editado em 2008, narra a jornada de um paquiderme asiático, que estava em Lisboa e que foi oferecido pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II (seu primo). A acção decorre no século XVI, em 1550, 1551 e 1552, quando o elefante tem de fazer a penosa caminhada, desde Lisboa até Viena, escoltado por um destacamento de soldados portugueses, a quem, em Castelo Rodrigo, se juntaram alguns soldados do arquiduque, o que gerou uma forte tensão entre as duas hostes militares.
Em Junho de 2009 o próprio Saramago fez com a mulher, Pilar del Rio, e outros amigos, o suporto percurso em Portugal que o elefante Salomão terá feito na sua viagem, tendo em vista lançar uma rota cultural, ideia que agora António Edmundo agarra com ambas as mãos.
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José Saramago passou pelo Sabugal nos finais da década de 1970, tomando as notas que dariam origem ao seu livro Viagem a Portugal. Junto à capela da Senhora da Graça tentou ver os afamados ex-votos que ali existem, mas prosseguiu o seu roteiro sem que lhes tenha colocado a vista em cima.
Para quem não conhece o Festival Sete Sóis Sete Luas (FSSSL), o mesmo nasceu de um grupo de jovens idealistas, residentes e naturais do norte de Itália,” apaixonados pelo diálogo de culturas entre cidades que falassem a linguagem universal a música.
Pediram apoio ao Nobel da Literatura José Saramago, que gostou da ideia, apoio-os e até ao seu recente falecimento, foi presidente honorário, tendo Portugal aderido desde a primeira hora. O Festival cresceu junto de cidades/vilas mediterrâneas de países lusófonos.
A origem do nome tem a ver com algumas personagens do livro de José Saramago «Memorial do Convento» como Baltazar Mateus, o Sete Sóis e Blimunda, a Sete Luas.
Abrange uma rede cultural de trinta cidades/vilas de dez países mediterrâneos e do Atlântico (Brasil, Cabo Verde, Croácia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos e Portugal.
Desde 2000 que a reabilitada Fábrica da Pólvora na freguesia de Barcarena de Oeiras, acolhe nos seus palcos este Festival.
O programa deste ano, de 25 de Junho a 3 de Setembro, ás sextas-feiras, consta de onze concertos em estreia, a saber:
No dia 2 de Julho, Mercedes Peón (Galiza); 9 de Julho, Eugenio Bennato (Itália); 16 de Julho, Mário Lúcio (Cabo Verde); 23 de Julho, Massimo Laguardia (Sicília); 30 de Julho, Banda Del Pepo (Múrcia); 6 de Agosto, Orchestra Pololare Italiana (Itália); 13 de Agosto, Les Voix du 7Sóis (Mediterrâneo); 20 de Agosto, Maria Del Mar (Andaluzia-Cádiz); 27 de Agosto, Rocío Marquez (Andaluzia-Huelva); e no dia 3 de Setembro, Kristi Stassinopoulou (Grécia).
A entrada é livre, limitada aos lugares disponíveis.
José Morgado (Baseado no texto de Carla Rocha)
A morte de José Saramago, o único Prémio Nobel da Literatura da língua portuguesa, deixou a Cultura um pouco mais pobre. Por quatro vezes a sua obra foi transposta para o grande ecrã.
Saramago percorreu Portugal de olhar atento, seguindo quase sempre roteiros pré-definidos, tomando notas para depois escrever as impressões da digressão. Não podia ali faltar uma passagem pelo Sabugal e por Sortelha, bem como a outros lugares da Beira, onde se destacou Cidadelhe, o «calcanhar do mundo», onde comeu pão e queijo. Ler Mais
O ano que agora finda foi fértil em acontecimentos dignos de realce no concelho do Sabugal e a que o Capeia Arraiana deu expressão. O facto de ser ano de eleições autárquicas contribuiu muito para isso, mas também se verificaram outros eventos de realce, como as caminhadas, que pegaram moda e aconteceram nas diversas terras. O Capeia Arraiana publicou mais de 1250 artigos, com notícias, entrevistas, colunas de opinião e outros artigos de interesse para o nosso concelho.
Em Janeiro as eleições autárquicas já estavam lançadas com os principais candidatos à Câmara do Sabugal assumidos e a tentarem ganhar expressão perante o eleitorado. De resto 2009 foi o ano de todas as escolhas políticas, com eleições europeias em Junho, legislativas em Setembro e autárquicas em Outubro. E foi logo no início do ano que o Capeia Arraiana acolheu a primeira polémica do ano: a ausência da Câmara do Sabugal na Bolsa de Turismo de Lisboa. Joaquim Ricardo e António Dionísio assinaram artigos muito críticos dessa opção, o que gerou um vivo e interessante debate entre os leitores.
Uma inabitual vaga de frio e de neve afectou o concelho nas primeiras semanas do ano, com os termómetros a registarem temperaturas negativas em dias sucessivos.
Fevereiro foi o mês em que o Capeia Arraiana atingiu o meio milhão de visitantes e em que se realizou, no Sabugal o IV almoço da Confraria do Bucho Raiano, integrado na semana gastronómica concelhia. As comemorações carnavalescas geram controvérsia entre Aldeia do Bispo e o Sabugal devido à ocorrência dos cortejos na mesma data. Esse mês começou porém com a triste notícia da morte de José Diamantino dos Santos, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Sabugal e fundador do Externato Secundário. O seu funeral, num dia chuvoso e frio, juntou largas centenas de pessoas, vindas dos quatro cantos do país, para lhe prestarem a última homenagem.
Em Março a notícia de uma possível capeia arraiana na ilha Terceira, nos Açores, inserida nas festas são-joaninas lançaram mais uma longa polémica, que perduraria durante semanas a fio e que motivaria inclusivamente um abaixo-assinado de gente arraiana, que parecia temer perder a sua tradição taurina.
A singela e muito digna homenagem que a Junta de Freguesia do Sabugal fez ao escritor e jornalista sabugalense Manuel António Pina, marcou o mês de Abril, e inspirou outras homenagens ao poeta que depois se sucederam. Descerrou-se uma placa na casa onde o escritor nasceu, falou-se da sua vida e obra e assistiu-se a uma representação teatral da sua autoria. A 26 de Abril o Papa Bento XVI proclamou a canonização do português São Nuno de Santa Maria que o povo conhece como Santo Condestável e o Capeia Arraiana deu a conhecer que o quadrazenho Jesué Pinharanda Gomes foi um dos quatro magníficos peritos da Comissão Histórica que investigou, estudou, decifrou e compilou as centenas de documentos que constituíram o processo.
Em Maio a entrevista do novo provedor da Santa Casa da Misericórdia do Sabugal, Romeu Bispo, afirmando que António Dionísio, candidato do PS, o ajudara a garantir que o Sabugal teria uma Unidade de Cuidados Continuados gerou nova polémica, com resposta pronta do presidente do Município, Manuel Rito, afirmando que se preferiu a «cunha partidária» em vez da via institucional. Dia 30 iniciaram-se as polémicas crónicas do saudosista sabugalense Ventura Reis, cujas criticas geradas o levariam mais tarde a desistir de escrever, remetendo-se ao silêncio.
Em Junho José Saramago recriou a rota do elefante Salomão e passou em Sortelha. Os motards fizeram o percurso «Portugal de lés-a-lés», passando por Alfaiates, cujo castelo ameaça ruína. O presidente da Junta de Freguesia da Bismula, José Vaz, afirma ter sido vítima de uma represália política por parte da Câmara e nasceu uma nova controvérsia, alimentada por artigos e comentários sucessivos.
Julho trouxe outra polémica: a ausência da Câmara da Feira Internacional de Artesanato, onde porém um peça de renda feita por uma artesã do Sabugal foi premiada. Textos de candidatos e comentários dos leitores apimentaram mais um dilema que durou largo tempo num ambiente já muito tocado pelas eleições que eram chegadas. Ainda em Julho o Capeia fez grandes entrevistas aos candidatos à Câmara Municipal.
Agosto foi, como sempre sucede, o mês das capeias arraianas, que se sucederam por toda a raia, desta vez estimuladas pela campanha política que estava ao rubro. No festival do forcão, em Aldeia da Ponte, o repórter tirou a fotografia do ano: António Morgado, ex-presidente do PSP, ao lado de António Dionísio, candidato do PS, dando sinais de um apoio que a campanha oficial confirmaria. Aqui nasceu uma nova polémica (o post com a edição da foto recebeu 53 comentários).
Os primeiros dias de Setembro são de drama, devido à grande calamidade que assolou o lado ocidental do concelho desde os últimos dias de Agosto: um incêndio devastador que arrasou floresta e pastagens, pondo em perigo muitas aldeias. Esta fatalidade abrasou a campanha politica dada a aproximação das eleições. O Presidente da República visitou de surpresa a área ardida, e a polémica ganhou novo fôlego, com criticas à actuações dos bombeiros, da Protecção Civil e do Município. Num momento de maior tensão a Câmara vê-se obrigada a suspender uma inauguração polémica quando caiu a informação de que a Comissão Nacional de Eleições proibira uma acção similar em Braga. No penúltimo fim-de-semana as principais candidaturas autárquicas fizeram as suas apresentações públicas e a partir daí a campanha autárquica ficou decididamente lançada.
Outubro foi o mês eleitoral, com António Robalo a garantir a manutenção da Câmara nas mãos do PSD, perdendo porém a maioria absoluta. Os últimos dias de campanha estiveram ao rubro, especialmente após termos informado que António Morgado mergulhara na campanha socialista. Mas Outubro foi o mês das surpresas e depois de se assistir à vitória social-democrata eis que o candidato socialista Ramiro Matos foi eleito presidente da Assembleia Municipal.
Novembro voltou a ser o mês do bucho e a Confraria garantiu a presença do Procurador Geral da República no almoço de Lisboa, que aconteceu no palácio da antiga Cooperativa Militar. A nova composição do Executivo Municipal, sem a habitual maioria do lado do presidente eleito criou dificuldades que pouco a pouco os membros do executivo aprenderam a ultrapassar.
Em Dezembro a expectativa de dificuldades na aprovação do orçamento camarário ficaram goradas e o mesmo passou com a abstenção da oposição, assim se garantindo a normalidade na gestão da Câmara no próximo ano. António Robalo acaba o ano a queixar-se do traçado da A23, que queria que passasse entre o Sabugal e a Guarda, posição que porém a Câmara do Sabugal nunca defendeu publicamente.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
A última polémica lançada por José Saramago aquando do lançamento do seu novo livro «Caim» transportou-me para os bancos da catequese, ou da doutrina como na altura também era conhecida. São muitos anos e, para o bem ou para o mal, desses tempos não tenho recordações de maior, aliás nem do nome ou da imagem das catequistas me lembro.
O escritor José Saramago vai iniciar esta quinta-feira, 18 de Junho, a partir de Lisboa o percurso de Salomão, no seu mais recente livro «Viagem do Elefante», rumo à fronteira luso-espanhola. O convite partiu da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo que viu o nome da localidade destacado na obra do Prémio Nobel. O trajecto do elefante Salomão incluiu, também, Sortelha e Sabugal na sua longa viagem até à corte austríaca.
A leitura atenta do livro «A viagem do elefante», onde Figueira de Castelo Rodrigo ocupava lugar de destaque, levou a Câmara Municipal local a convidar o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, para uma visita à aldeia histórica.
De acordo com informações do município de Castelo Rodrigo à Agência Lusa, José Saramago aceitou o repto e deverá chegar a Castelo Rodrigo, ruínas do Palácio Cristóvão de Moura, cerca das 17.30 horas desta quinta-feira, para aí pernoitar. No dia seguinte o escritor seguirá a rota da «A Viagem do Elefante» com destino a Valladolid.
Segundo a Fundação José Saramago, o autor elaborou um itinerário pela «rota portuguesa de Salomão», que parte de Lisboa (Belém) no dia 18 de Junho, e passa por Constância, Castelo Novo, Fundão, Sortelha, Sabugal, Cidadelhe e Figueira de Castelo Rodrigo.
A ideia para o romance, ou conto como lhe prefere chamar o autor, surgiu de um acaso. Quando estava num restaurante em Salzburgo, chamado «O Elefante», José Saramago reparou numa pequena escultura em madeira da Torre de Belém e é informado que tal se deve ao registo de um itinerário feito por um elefante, que em 1551 foi de Lisboa a Viena como oferta do rei D. João III ao seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V. O animal vindo da Índia estava há dois anos em Lisboa, mais propriamente em Belém, e era desconhecido da maior parte dos europeus.
E é com base nesses escassos elementos e na sua poderosa imaginação que José Saramago desenvolve a sua mais recente obra «A Viagem do Elefante», escrita em condições de saúde muito precárias.
«[Contei esta história] em primeiro lugar, porque me apeteceu, e em segundo lugar, porque, no fundo (se quisermos entendê-la assim, e é assim que a entendo) é uma metáfora da vida humana», disse Saramago à agência Lusa. «Este elefante que tem de andar milhares de quilómetros para chegar de Lisboa a Viena morreu um ano depois da chegada e, além de o terem esfolado, cortaram-lhe as patas dianteiras e com elas fizeram uns recipientes para pôr os guarda-chuvas, as bengalas, essas coisas», referiu.
Em epígrafe, Saramago escreve: «Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.» Esse sítio é a morte, explicaria mais tarde.
jcl