O meu sol nasce na Serra, em frente à minha janela e revisita-me, em casa, mesmo antes de altear. Se o dia for anegralhado prefere o recesso. Se o dia for soalheiro vai crescendo, devagarinho, até encher todos os lugares.

O meu sol nasce na Serra, em frente à minha janela e revisita-me, em casa, mesmo antes de altear. Se o dia for anegralhado prefere o recesso. Se o dia for soalheiro vai crescendo, devagarinho, até encher todos os lugares.
Fala-se hoje abundantemente nas alterações do clima como se tal fosse um fenómeno novo, uma originalidade do tempo em que vivemos. A verdade é que a história da Terra está cheia de fenómenos de modificação climática que levaram a grandes transformações na crosta terrestre, na vegetação e na vida animal.
O presente inverno separou-se do outono quando este se disfarçava de verão. Depois procurou a Serra cinzenta, quase preta, sobrevivida de incêndios quando ela resistia a um calor fora de tempo e escondia os seus mais recentes martírios. Encontrou-a e foi-a climatizando, paulatinamente, outorgando-lhe curtas mas sucessivas invernias. Não houve, portanto, senão aceitar o curso deste inverno ainda que não cumpridos, a cada momento, os desejos de todos nós.
Quem me lê hoje dirá lá para si próprio que eu ando obcecado com a Serra d’ Opa. E é verdade: na minha terra nascemos e vemos logo a serra. Aquele vale está aliás cercado de serras: esta, o Cabeço Pelado, a Serra da Vila, a Serra do Mosteiro, Santo Estêvão… e, lá ao fundo, a mãe de todas as serras: a Serra da Estrela. Gosto de olhar as serras de baixo. Nasci assim.
Cada estação do ano tem os seus encantos mas eu gosto especialmente do frio. Ainda que se me gelem as mãos, embora me arrefeçam os pés, mesmo que o nariz me doa ou o rosto me arda nunca trocarei o frio pelo desconforto da transpiração.
«Em astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em Dezembro e em Junho. O dia e hora exactos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.» (in wikipedia.org)
Em todas as ancestrais culturas humanas houve desde as suas mais remotas origens o culto do Sol.
O Sol que nos aquece e dá a vida.
Na região do Concelho do Sabugal muitas terão sido também as tribos que na Pré-história assinalaram os Solstícios com festejos e celebrações.
Com o intuito de relembrar esse nosso passado histórico, onde as tribos viviam ao ritmo da Natureza, juntaram-se vontades e algumas entidades para realizar a celebração da «Noite Mais Longa» do ano em Sortelha.
Pretende-se assim homenagear esses nossos antepassados remotos relembrando nesta festa que também eles estão na origem da nossa cultura.
Na noite de 21 para 22 de Dezembro no interior das muralhas de Sortelha ocorrerá a celebração do Solstício de Inverno colocando Sortelha na rota dos «Adoradores do Sol» a par de «Stonehenge» em Inglaterra e muitos outros locais que nessa noite se unirão nesta celebração.
O programa será composto por uma primeira parte de fados e musica tradicional, seguido-se a actuação de vários DJs que irão animar a madrugada com musica electrónica.
Durante a noite haverá fogareiros, churrascos, pão quente e bebidas.
Ao nascer do Sol do dia 22 será realizada uma cerimónia na torre mais alta do Castelo de Sortelha, onde uma Queimada e um Esconjuro darão as boas vindas ao novo Sol.
«O Bardo», opinião de Kim Tomé
kimtome@gmail.com