O governo anunciou que vai apresentar novas medidas de apoio aos emigrantes e de combate ao despovoamento do interior, assentes numa política que direcciona investimentos e promove os produtos originários do interior.
O novo governo de António Costa propõe-se estimular a convergência entre o litoral e o interior, entre o norte e o sul, entre a cidade e o campo. Até aqui nada de novo, mas há medidas concretas que merecem atenção por trazerem à liça uma nova abordagem ao problema.
Existe uma manifesta crise habitacional em Portugal, reflectida nos preços e rendas exorbitantes das casas nas grandes cidades. O Interior do país pode ser parte da solução, exigindo-se medidas nesse sentido.
A despopulação é um problema notório e muito propalado quando se fala no interior de Portugal. Em contraponto, muitas cidades do litoral estão pejadas de gente, tornando a vida num frenesim estonteante. Haverá forma de cativar para o campo os que estão fartos de viver nas cidades?
As escolas superiores do interior do país estão a apostar no futuro, facultando cursos de ampla diversidade temática e duração temporal, boa parte voltados para estudantes estrangeiros, nomeadamente provindos de países de língua oficial portuguesa.
Março é auspicioso e é um mês em que pode acontecer de tudo. Aos vinte dias conclui-se o inverno. Aos vinte e um já a primavera nos abraça. O dia oito homenageia as mulheres e o dia dezanove celebra o dia do pai. Às vezes março festeja a Páscoa. Este ano, só último dos seus trinta e um dias é dilatado pela hora legal.
A criação da Unidade de Missão para a Valorização do Interior e a consequente aprovação do Programa Nacional de Coesão do Território, não significaram até agora nada de novo para os territórios do interior do país. Teme-se que a montanha volte a parir um rato, porque as expectativas estão a gorar-se para a tomada de medidas que possam reverter uma situação insustentável.
Neste Interior encostado à Estrela a primavera tem-se feito anunciar em períodos revezados de três dias. Nos três dias de Carnaval a chuva entremeou-se com sol. Seguiram-se mais três dias de neve que precederam outros tantos de sol que alternaram com mais três de chuva até chegar ao dia de hoje em que um sol que foi de quase verão ameaça ser substituído pela inoportunidade da chuva tardia ou, quiçá, pela extemporaneidade da neve às portas da primavera.
Numa emissão especial da RTP sobre despovoamento, as câmaras municipais do Interior de Portugal reivindicaram medidas mais concretas. Álvaro dos Santos Amaro, presidente da Câmara Municipal da Guarda pede um «pacto político» para que sejam diminuídas as desigualdades territoriais.
jcl (com RTP)
O Interior precisa de instrumentos operacionais para concretizar estratégias de desenvolvimento económico, que reforcem a competitividade dos territórios de baixa densidade.
Uma política de desenvolvimento do Interior do País apenas será eficaz se levar à adopção de medidas diferenciadoras de largo alcance – um bom ponto de partida é olharmos para os privilégios concedidos ao Sabugal pelo foral dionisino outorgado há 720 anos.
O desenvolvimento económico do Interior necessita de novos instrumentos de financiamento e de apoio à economia!
O Acordo Ortográfico está, de novo, nas páginas dos jornais (está lá sempre, porque alguns articulistas mantêm a antiga matriz da escrita) como notícia e de novo como assunto polémico.
A infindável saga com os bancos, a crónica falta de médicos, a recorrente indignação dos colégios privados e o continuado folclore com o Interior do país.
Após a semana das «bofetadas» e algum tumulto no governo com demissões e o caso do amigo (e como esta palavra se tem tornado perigosa) de confiança de António Costa, mostrando que, de conteúdo político, nada aconteceu, vêm aí mais umas jornadas parlamentares, as do PCP. E mais uma vez, dedicada ao Interior. E, também serão em Vila Real, acrescentando Bragança. E isto causa-me logo urticária!
O desenvolvimento do Interior tem de assentar numa visão regional e sub-regional que valorize o funcionamento em redes de cooperação territorial, que conduza a uma maior coesão entre diferentes realidades territoriais e sociais.
O Litoral tem de ser solidário com o Interior! O interior rural tem para o País uma importância ambiental enorme, bem demonstrada pela extensão de solo considerado como Reservas Ecológica e Agrícola Nacionais, pela escassa ocupação urbana, e, ainda, pela prevalência de actividades agrícolas de subsistência, garantindo a ocupação de vastas áreas do território nacional.
Ainda que se queira falar noutros assuntos, a verdade é que a austeridade, que já vínhamos sentindo, inflacionada com as medidas que o Governo anuncia, já para este ano e para o próximo, tornam incontornável a abordagem do tema, nomeadamente naquilo que à região se refere.
Ninguém nos retirará, neste Interior raiano, os montes, e os vales, a beleza austera dos rochedos, a verdura dos campos, o porte frondoso dos carvalhos, a altura esguia dos pinheiros, os amarelos das maias primaveris, os tons torrados dos tojos e dos prados no verão nem a alvura da geada e da neve no inverno. Ninguém nos roubará os lugares onde as flores nunca perderão o sentido nem nunca recusarão o seu perfume.
Há dias um sabugalense amigo que conheço das tertúlias fadistas, dizia-me que alguns concelhos do Interior tenderiam a acabar e era até vantajoso que assim acontecesse para boa gestão dos dinheiros públicos. Naturalmente, discordei daquela opinião, ou não fosse eu autarca e defensor acérrimo da autonomia local. Tentando por isso demonstrar o erro dessa hipotética, e na minha opinião, falsa medida de gestão racional, argumentei que ela nada de bom acrescentaria ao país, nem mesmo em termos económicos ou financeiros. Estou convencido que lá no fundo nem o meu amigo fadista concordava com o que afirmava.
