«Os incêndios combatem-se no Inverno!» A frase, dita assim, parece descabida e desajeitada mas, se pensarmos um bocadinho, verificamos que faz todo o sentido. Foi proferida pela última vez que a ouvi, pelo actual Primeiro-Ministro.

Houve acontecimentos que marcaram o ano que agora finda. Passamos em revista o que foi mais visível na perspectiva das nossas terras raianas: desde a morte do reverendo padre António Souta, até à vaga de incêndios apocalípticos que fizeram uma vítima mortal no concelho do Sabugal, passando pela promoção a coronel do sabugalense Cunha Rasteiro, novo comandante da GNR da Guarda, e pela reeleição de António Robalo para presidente do Município sabugalense para cumprir o seu terceiro e derradeiro mandato.
É evidente que seguir a notícia, ir atrás dela, esfarrapar tudo para dar ao espectador o melhor de si… tudo isso é bom. Registemos que as nossas televisões, que em situações positivas não são exemplares, no que se refere à cobertura das zonas incendiadas deram tudo por tudo. Honra lhes seja feita.
São Pedro ainda não abriu a porta ao nosso Homem. A caminhada terrena continua, com menos forças mas sempre em frente. Descuidada a reforma agrária, o seu principal ofício consiste agora em ler os jornais diários, ou pior, sujar os dedos na triste realidade lusitana. Neste país ardido até os jornais chamuscam as mãos.
Um poema de Alcínio, inspirado por este tempo de calores incendiários num país que vive na ilusão do dinheiro e sente a derrocada das engenharias financeiras. É uma vasta soma de milhões de euros que ardem na fogueira das ilusões, que consome tantas paixões.
Uma viatura de combate a incêndios da corporação dos Bombeiros Voluntários do Sabugal foi parcialmente consumida pelo fogo no incêndio do Rochoso, concelho da Guarda. O fogo continua activo e alastrou para a Miuzela e Cerdeira.
O fogo voltou este Verão a assolar o concelho do Sabugal, destruindo floresta, culturas, instalações agrícolas, matando animais e até ceifando uma vida humana. O estranho é que a área do sinistro correspondeu à mesma que há seis anos ardeu e provocou igual desolação. Afinal nada se aprendeu com a catástrofe.
Enquanto as festas pela raia vão decorrendo ao ritmo, muito próprio, desta vida arraiana, o país vai ardendo. Pode parecer um assunto, de tanto acontecer, banal. Repetido. Este é um dos problemas: de tanto se falar, de tanto se mostrar, o assunto torna-se indiferente.
O drama cíclico dos incêndios teve este ano a particularidade, nunca até agora observada, de deflagrarem diariamente mais fogos no Outono do que no Verão. O maior desses incêndios aconteceu na Bendada, no concelho do Sabugal, onde arderam 1.720 hectares de floresta e mato.
Segundo uma notícia veiculada pelo Correio da Manhã, a estação que precede o Inverno, que ainda vai a meio, regista uma média diária de incêndios florestais superior à registada nos meses de Verão, inclusive Agosto, aquele em que é habitual haver mais ocorrências.
A maior parte da área ardida neste período situa-se a Norte. Foi aí que ocorreu a grande maioria dos grandes fogos e os distritos com maior número de ocorrências e área ardida. Os seis distritos mais atingidos, com áreas queimadas acima dos cinco mil hectares, estão a norte do Mondego, concentrando 44.717 dos 57.638 hectares ardidos a nível nacional.
De igual modo, é também a Norte que se encontram seis dos sete distritos com mais de mil ocorrências (ignições) desde o início do ano. Apenas Lisboa foge à regra (1291 ignições). No conjunto, registam 17.853 dos 22.392 fogos que deflagraram até ao passado sábado. O concelho de Torre de Moncorvo, com 2.760 hectares consumidos pelas chamas em apenas dois incêndios, é o que regista os piores resultados entre os dez municípios com fogos acima dos 600 hectares. Mas o incêndio de maior dimensão aconteceu no concelho do o Sabugal, onde as chamas destruíram, na Bendada, 1.720 hectares.
O número de ocorrências desde Janeiro supera em 1.478 as registadas no mesmo período do ano de 2010, mas a área ardida é inferior em 73.318 hectares.
plb
A Santa Casa da Misericórdia de Alfaiates, com a colaboração da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários do Soito, irá por à prova os seus clientes e colaboradoras através de uma acção de formação sobre Situações de Incêndios: da prevenção à prática.
A acção formativa decorrerá no dia 12 de Outubro (quarta-feira), com uma sessão teórica para por à prova os conhecimentos das colaboradoras. No dia 15 de Outubro, durante toda a tarde, realizar-se-á uma acção prática, com simulações de pequenos incêndios e incidentes. Mais tarde, em data secreta, irá ser realizado um simulacro.
Tanto a Santa Casa da Misericórdia de Alfaiates, como os Bombeiros Voluntários do Soito, consideram estas iniciativas de elevada importância para se avaliarem questões de segurança; elucidar os participantes para situações de perigo e risco; preparar as colaboradoras e clientes para um perigo que poderá acontecer; minimizar medos e inseguranças em situações reais; e testar as capacidades de reacção dos clientes e colaboradoras.
Marina Crespo (Directora Técnica da SCM de Alfaiates)
Todos os anos, no tempo do calor, a Nação é atormentada pelos fogos, o que sucede por culpa do abandono dos campos e da leveza das leis penais vigentes. No meu tempo de mocidade praticamente não havia incêndios, por ser outra a responsabilidade das pessoas e por haver leis severas e disciplinadoras.
O comando territorial da Guarda da GNR relembra que o período crítico contra incêndios florestais vigora até 15 de Outubro, razão pela qual se mantêm atenta na vigilância da floresta.
Segundo o comunicado semanal da GNR da Guarda, na semana transacta registaram-se no distrito 41 ocorrências relacionadas com o uso do fogo, sendo elaborados 12 autos de contra-ordenação em matéria de defesa da floresta contra incêndios, nomeadamente por falta de extintores em máquinas agrícolas e florestais, por realização queimadas em terrenos agrícolas e florestais e por realização de fogueiras para simples queima de lixos e sobrantes de limpeza de terrenos.
«Os Posto Territoriais e as Equipas do Serviço da Protecção da Natureza e Ambiente deste Comando, mantiveram-se atentos, durante o mesmo período, aos trabalhos e a outras actividades executadas com máquinas em espaços rurais (e com eles relacionados), fiscalizando, nomeadamente, se as mesmas estavam dotadas de dispositivos de retenção de faíscas ou faúlhas, bem como de dispositivos tapa-chamas nos tubos de escape ou chaminés, e se também dispunham de um ou dois extintores. Dessa foram se identificaram potenciais agentes causadores de incêndios florestais e se dissuadiram comportamentos que poderiam propiciar a sua ocorrência.», refere o comunicado, assinado pelo comandante, coronel, José Manuel Monteiro Antunes.
A GNR recorda que «o período crítico no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios vigora até 15 de Outubro, continuando, até essa data, a ser proibida a realização de queimas (uso do fogo para queima de lixos e sobrantes de limpeza de terrenos) e queimadas (uso do fogo para queima de pastos e restolhos para renovação de pastagens), conforme o estipulado na Portaria 269/2010 de 17 de Maio». O comunicado recorda também que a coima mínima aplicável neste tipo de infracções é de 140 euros.
Durante a semana a GNR deteve 17 pessoas, das quais 11 em flagrante delito e 6 por mandado judicial. Foram ainda elaborados 220 autos de contra-ordenação, 198 dos quais por infracções ao Código da estrada.
Registaram-se 21 acidentes de viação, 11 dos quais por colisão e dois por despiste. Dos mesmos resultaram dois feridos graves e um ferido leve.Após análise sumária das causas dos acidentes registados, foi possível apurar como causa provável da sua maioria, o desrespeito de cedência passagem e a velocidade excessiva.
Em 22 de Setembro a GNR levou a efeito uma operação direccionada para a fiscalização geral do trânsito, com particular incidência no transporte de mercadorias em circulação, bem como intercepção de suspeitos da prática de crimes. Foram fiscalizados 87 veículos e condutores, tendo sido elaborados 15 autos de contra-ordenação.
Na zona de fronteira com Espanha, foram realizadas seis operações no âmbito da Fitossanidade Florestal, direccionadas para a fiscalização do Nemátodo do Pinheiro, tendo sido fiscalizados 161 veículos e elaborados cinco autos de contra-ordenação.
No período em apreço, os Núcleos de Programas Especiais dos Destacamentos Territoriais de Gouveia e Vilar Formoso realizaram 4 acções de sensibilização subordinadas ao tema «Regresso às Aulas em Segurança», nos concelhos da Seia, Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo. Estiveram presentes 73 encarregados de educação, tendo-lhes sido distribuídos panfletos informativos.
No dia 22 de Setembro, o Núcleo de Programas Especiais do Destacamento Territorial da Guarda participou nas acções desenvolvidas em Manteigas no âmbito do dia «Dia Europeu sem Carros». Para o efeito acompanhou e elucidou 42 alunos de escolas daquele concelho.
plb
Neste mês de Julho, em que, face ao calor verificado, aumentou o risco da ocorrência de fogos florestais, o Comando Territorial da GNR da Guarda programou para o concelho do Sabugal algumas acções de sensibilização dirigidas às populações, no sentido de evitarem procedimentos que possam potenciar o risco de fogos na floresta.
Através das Equipas de Protecção da Natureza e Ambiente e das Equipas de Protecção Florestal, o Comando Territorial da Guarda da GNR vem realizando um ciclo de acções de sensibilização e esclarecimento sobre a preservação da floresta e prevenção de fogos florestais, de modo próprio ou em parceria com Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e outros organismos.
Segundo um comunicado agora divulgado, a GNR chama a atenção de que, entrados num período crítico de incêndios, pretende continuar tal actividade de carácter pedagógico e de divulgação, assim se contribuindo para uma eficaz prevenção dos fogos florestais, que nos últimos anos têm destruído uma parte importante do património natural do País. Alerta-se também para comportamentos de risco que podem originar incêndios, sendo necessária uma maior consciência do problema.
Em parceria com a Câmara Municipal do Sabugal, foram planeadas para o corrente mês de Julho cinco acções de sensibilização. As duas últimas estão previstas para os dias 12 (Forcalhos) e 14 (Pousafoles do Bispo), ambas pelas 21 horas.
plb
O ministro da Agricultura, António Serrano, participou nas jornadas de reflexão sobre o mundo rural e o sector agrícola organizadas pelo Governo Civil da Guarda que decorreram esta segunda-feira no Sabugal.
«A agricultura é um sector estratégico para o desenvolvimento sustentado de Portugal,» afirmou António Serrano aos jornalistas, à margem da jornada de reflexão sobre «Agricultura e Desenvolvimento Rural no distrito da Guarda», organizada esta segunda-feira, 26 de Abril, pelo Governo Civil da Guarda no Sabugal.
«A agricultura tem também uma valência fundamental na criação de emprego e é ela própria uma oportunidade para combater a crise económica internacional e nacional em que vivemos», considerou o titular da pasta da Agricultura acrescentando ainda que «a agricultura não é fonte de problemas, a agricultura é parte da solução e eu acho que esta é a consciência cívica que a sociedade tem que assumir também, procurando testemunhar o contributo que todos os agricultores têm para toda a sociedade».
Questionado sobre o processo de pagamento de subsídios aos agricultores que tiveram prejuízos com os incêndios registados no Verão do ano passado o ministro António Serrano informou que«o processo está praticamente encerrado e que das 115 candidaturas apresentadas apenas faltam pagar três que correspondem a cerca de três mil euros que serão regularizados na próxima semana». O governante acentou ainda que «não é com as verbas dos apoios, num total de 265 mil euros, que os agricultores vão indireitar a sua vida mas o que se pretendeu com esta medida foi compensar e tentar ajudar a recuperar a perda de rendimento que as pessoas tiveram com esse flagelo».
O presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, em declarações à agência Lusa lembrou que os incêndios do ano passado causaram prejuízos avaliados em «10 milhões de euros e afectaram mais de 100 agricultores, destruiram cerca de 12 mil hectares correspondentes a um sétimo da área do concelho» acrescentando que «houve agricultores que ficaram sem uma vida de trabalho».
«Foram apresentadas candidaturas para ajudas do Estado no valor de 600 mil euros mas apenas foi atribuída a verba de 265 mil euros que consideramos insuficiente apesar que não queremos andar constantemente na situação da subsídio dependência», declarou ainda o autarca sabugalense.
Um agricultor de Sortelha aproveitou a ocasião para recordar que ficou sem alimento para o gado e que não ocasião quem lhe valeu foi «a ajuda preciosa da Câmara do Sabugal que lhe forneceu feno para o gado».
No final dos trabalhos que reuniram cerca de três centenas de agricultores no Sabugal, o ministro da Agricultura anunciou que foi elaborado um plano estratégico de desenvolvimento agrícola para o distrito da Guarda.
A finalizar adiantou que o governador civil local, Santinho Pacheco, ficou mandatado para coordenar o plano e criar um grupo de trabalho «que vai projectar o futuro desta região e o seu desenvolvimento económico e social».
jcl (com agência Lusa e jornal «i»)
O programa «Jardineiros de Palmo e Meio» – Plantação de Áreas Ardidas da Câmara Municipal do Sabugal levou as crianças do Jardim de Infância e Escola EB1 de Aldeia de Santo António e de outros estabelecimento de ensino do concelho a participar numa acção de reflorestação nas áreas ardidas pelos incêndios do Verão do ano passado. Ler Mais