Como não fui ao funeral, nem soube que tinha falecido, continuo a lembrá-la como quando ela me mimava com os seus carinhos. Era dos tempos da minha avó Neves. Estava casada com um irmão da minha tia Palmira.

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A Benedita quando ia para a escola já tinha ido levar a vaca ao lameiro, já lavara as malgas do café, fora buscar umas cepas para o lume, ajudara a descascar as batatas para o caldo e muitas vezes até já tinha ido à ribeira ensaboar os cueiros do irmão recém-nascido.
Era a época das últimas colheitas, antes das geadas, tão temidas pelos retardatários! Os dias encurtavam. Embora nos levantássemos cedo, o dia era já muito pequenino o que me enchia de saudade. Saudade que ainda guardo em mim.
Hoje chove, chove sem parar. A tia pôs os caldeiros no balcão por baixo do beiral. Primeiro ouvem-se as pingas barulhentas a marcar um compasso metálico compassado. Depois, é o encontro entre as grossas gotas que caem assarapantadas nas suas irmãs já deitadas. Parecem saltitar em trampolim, porque levantam num saltinho engraçado…
Dizia-se que estávamos no Verão de São Martinho. O sol doirado, durante o dia, vá lá que se pudesse acreditar que lembrava o Verão. Mas as noites escuras e geladas não lhe faziam jus.
Aquele era um dia de nevoeiro cerrado. Nem dava para jogarmos à pedrincha, porque não víamos os riscos das casas. E o mocho voava para longe e não o conseguíamos encontrar. A Béi foi buscar uma corda de prender a burra, mas o pai dela ralhou-lhe e obrigou-a a ir colocá-la no lugar.
Escaldava o sol de Julho. O ti Mouco espreitava o corrupio na porta do quartel. De certezinha que os guardas não iriam aventurar-se àquela «torrinha» do sol a pique, mas «pelo sim pelo não», ele ali estava de atalaia fingindo regar o prado com o fio de água da ribeira.