«As bençãos não são para as pedras, são para as pessoas», exortou o Arcebispo de Évora, D. José Alves, após aspergir com o hissope a entrada da grande nave interior do Pavilhão Multiusos da Lageosa da Raia. O prelado, filho da terra, tinha tido momentos antes, o privilégio de cortar a fita que inaugurava o moderno e grandioso espaço coberto. O sábado, 12 de Julho, foi dia de festa para as gentes da terra. O orgulho e a satisfação do presidente da Junta de Freguesia da Lageosa, Francisco Sanches Pires, foi testemunhado por Manuel Rito Alves e António Robalo, respectivamente, presidente e vereador da Câmara Municipal do Sabugal, Rui Moreira, Director Regional de Agricultura e Pescas do Centro, alguns presidentes de Junta de Freguesia e por mais de três centenas de lageosenses.
A cerimónia de inauguração do Pavilhão Multiusos da Lageosa da Raia estava marcada para o meio-dia de sábado, 12 de Julho. Após a celebração litúrgica na Igreja presidida por um lageosense muito especial, D. José Alves, Arcebispo de Évora, rumaram todos até junto do moderno e enorme pavilhão. No ar já se sentia o cheiro dos marranos que estavam a ser assados ali perto nos fogareiros com espeto do Restaurante «O Ver da Serra» de Castelo Branco.
«As bençãos não são para as pedras, são para as pessoas. Em primeiro temos a obrigação de bendizer quem nos ajudou a construir o edifício não esquecendo que Deus também teve o seu papel decisivo e em segundo abençoar quem idealizou, projectou e construiu o edifício e para todos aqueles que o vão utilizar no futuro. Aquilo que construímos é nosso e dos outros e deve ser colocado ao serviço de todos», lembrou com sapiência D. José Alves após ter cortado a fita inaugural e aspergido as instalações.
Visivelmente orgulhoso o presidente da Junta de Freguesia da Lageosa da Raia, Francisco Sanches Pires, cumprimentou o Arcebispo de Évora, D. José Alves, do Director Regional da Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC), Rui Moreira e do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Manuel Rito Alves e aproveitou para «agradecer os apoios e contributos financeiros, técnicos e administrativos de Rui Moreira, director regional da agricultura e pescas, da Câmara Municipal do Sabugal nas pessoas do presidente Manuel Rito Alves, engenheiro Tavares, engenheiro Correia e Dona Teresa e restantes funcionários camarários». Lembrou igualmente «a ADES, o autor do projecto, Tózé Chispas, e Vítor Gonçalves que ofereceu as cadeiras para o pavilhão» e reforçou o seu agradecimento pela presença dos «presidentes de Junta, dos alcaldes espanhóis e dos seus conterrâneos».
«Apesar de viver fora a Lageosa é e sempre será sempre a minha terra. As obras que prometi para o meu mandato estão concluídas: o parque de merendas, o ringue desportivo, o arranjo dos caminhos rurais e do pontão, a criação da equipa de sapadores florestais em conjunto com mais três freguesias vizinhas e… o pavilhão multiusos, a obras mais desejada e mais sentida», lembrou o presidente Francisco Sanches Pires. Depois, com mais abrangência, enumerou diversos problemas das freguesias e do concelho como «a falta de fixação dos nossos jovens ou o problema da recolha dos lixos inorgânicos» apontado como solução «a criação de um pólo industrial que inclua Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Forcalhos e Lageosa». Finalizou com um desejo: «Que todos façam um bom aproveitamento da infra-estrutura agora disponibilizada!»
Rui Moreira (DRAPC) «denunciou» a sua amizade com o presidente da Junta e lembrou que «foi difícil trazer este investimento para aqui por parte do meu amigo Francisco Pires mas é hoje um motivo de alegria também para mim e hoje, a Lageosa está de parabéns porque há, aqui, obra feita.»
O presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Manuel Rito Alves, discursou de seguida e aproveitou para responder aos «reptos» de Francisco Pires: «Cumpre-se hoje mais um sonho das gentes desta terra. A Câmara Municipal do Sabugal apoiou administrativamente e fez um esforço financeiro de cerca de 130 mil euros. Mas a obra merece e estamos todos de parabéns. É agora tempo de fazer com que esta casa não seja mais um espaço fechado. Ouvi com muita atenção as palavras do senhor presidente da Junta mas considero que não é o pólo industrial que faz falta. Fazem falta é investidores, portugueses ou estrangeiros, porque se aparecerem os projectos o município apoia com a oferta de infra-estruturas ou de terrenos. Quanto à recolha de lixos inorgânicos está em causa, também, a irresponsabilidade dos cidadãos que resolvem levar os seus electrodomésticos velhos para o meio do campo prejudicando a Natureza e o Ambiente. A Câmara tem um serviço que, através de uma simples chamada telefónica, os aparelhos obsoletos são recolhidos à porta de casa sem custos. Primeiro individualmente e depois colectivamente temos todos de fazer o melhor pelas nossas terras.»
E porque o último orador foi D. José Alves e este já tinha avisado que «este almoço pagava-se com o silêncio com que se ouviam os discursos» foi com respeito que os presentes escutaram a sua intervenção.
«É um desafio saber utilizar e tirar partido dos equipamentos. Hoje sozinhos pouco ou nada podemos fazer. Precisamos de dar as mãos aos nossos vizinhos. Se as terras ficarem abandonadas são terras de ninguém. E aqui deixo uma sugestão: recuperar as casas da Rua do Meio e fazer delas um museu para recolha das nossas alfaias agrícolas que pouco a pouco vão desaparecendo. A Igreja e o Estado temos um objectivo comum: o bem das populações. Vamos dar as mãos e pensar nos nossos projectos», finalizou D. José Alves.
Iniciou-se, de seguida, o almoço-convívio que incluiu a açorda na bem confeccionada ementa. Em homenagem, possivelmente, aos hábitos alimentares do prelado lá por terras alentejanas.
jcl