Ir ao IndieLisboa (Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa) é já uma tradição. Como este texto está a ser escrito antes do final do evento, aproveito para falar das edições passadas. Para a semana um resumo da edição deste ano.
O IndieLisboa foi criado em 2004 pela organização «Zero em Comportamento», uma associação cultural ligada ao cinema que durante algum tempo programou ciclos de cinema bastante interessantes no Cine-Estúdio 222. Esta foi também uma sala que me ajudou muito a gostar de cinema, apesar de não ter ido lá muitas vezes e as condições não serem as melhores. Por lá passaram ciclos dedicados aos mais variados realizadores e temas, desde Tim Burton aos irmãos Coen, passando pelo mítico Ed Wood, considerado como o pior realizador de sempre.
Um dos filmes que mais me agradou foi um documentário sobre os Sex Pistols, que retratou aquela época sob a perspectiva de uma banda que não queria nada a não ser protagonismo. Foi a desmistificação de uma das bandas mais faladas dos anos 70, nem sempre pelos melhores motivos.
Na sequência destes ciclos, com alguma popularidade entre os fãs de cinema que não gostam apenas das estreias comerciais, surge o Indie. Primeiro numa edição mais pequena, apenas no São Jorge, e posteriormente aumentando de dimensão, ocupando diversas salas e tornando-se actualmente um dos maiores festivais de cinema de Lisboa.
Este evento foi também palco para grandes descobertas para mim. Logo na primeira edição fiquei a conhecer o realizador de Hong Kong Johnie To, alvo de uma retrospectiva na edição de 2008, que nunca teve direito a estreia em salas portuguesas, infelizmente. Mesmo tendo realizado alguns dos melhores filmes de acção que eu já vi. Não me posso esquecer de cenas como um tiroteio no lobby de um hotel, entre gangsters e mercenários no excelente Exiled, que dura o exacto momento em que uma lata é atirada ao ar. Simplesmente genial.
Através do Indie conheci cinemas dos mais variados pontos do globo, da Europa de Leste à América Latina, passando pela Ásia. Além de realizadores como o já citado To ou Errol Morris, um documentarista com uma grande notoriedade lá fora e que poucos conhecem por cá. Foi com ele que conheci as ideias de Robert McNamara, uma personalidade histórica que esteve envolvida em eventos como o lançamento das bombas atómicas no Japão ou na própria guerra do Vietname, sempre por detrás da cortina.
E como o artigo já vai longo, as minhas andanças pelo Indie ficam por aqui. Para a semana fica prometido, um resumo sobre a edição deste ano.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes
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