No primeiro semestre deste ano o limite legal de endividamento líquido da Câmara Municipal do Sabugal foi ultrapassado em cerca de um milhão e 300 mil euros, situação que se poderá agravar no final do exercício, caso se mantenha no segundo semestre a tendência verificada.
Na reunião do executivo camarário, realizada no dia 27 de Outubro, o Revisor Oficial de Contas (ROC), que fiscaliza as contas do Município, expôs aos vereadores a situação financeira da autarquia, informando que o endividamento líquido (diferença entre activos e passivos financeiros) ascende actualmente a um valor superior a 8 milhões e meio de euros.
O relatório do ROC refere ainda que a execução orçamental global no primeiro semestre ficou-se por 19,14%, no lado da receita, e 28,55%, no lado da despesa, muito aquém do previsto.
Face à situação demonstrada pelo ROC, os vereadores da oposição manifestaram preocupação com a situação financeira da Câmara, num período onde se anunciam grandes cortes orçamentais para o exercício de 2012.
Os vereadores do PS, através da vereadora Sandra Fortuna, alertaram para o enorme agravamento da dívida de curto prazo, que num semestre apenas acresceu mais de um milhão e euros. Os socialistas afirmaram especial preocupação com as dívidas a fornecedores, que cresceram de forma muito significativa, o que penaliza as empresas locais, agravando-lhe os problemas financeiros numa altura de crise económica.
O PS considerara ainda que, afinal, o orçamento de 2011 «era uma ficção que nada tinha a ver com a realidade, não passando de fogo de artifício para enganar incautos, ou fingir uma dinâmica de actuação que, infelizmente, não passa de uma total inércia face aos problemas do concelho».
O vereador eleito pelo MPT, Joaquim Ricardo, manifestou também preocupação, a começar pelas dívidas de curto prazo que, comparativamente com igual período de 2010, tiveram um aumento de 105%. O aumento do endividamento levou mesmo Joaquim Ricardo a fazer as contas ao que devem os munícipes, concluindo que «no final do primeiro semestre de 2011, cada sabugalense tinha uma dívida a seu cargo de 1.726,51 euros». Conclui que o relatório do ROC revela «a imagem de uma gestão desastrosa», cabendo agora ao presidente inverter a situação: «aguardamos que esteja à altura de nos brindar com soluções para emagrecer o seu “monstro”, que nos últimos dois anos mais não fez do que engordá-lo!», disse.
O presidente da Câmara, António Robalo, justificou as contas da autarquia no primeiro semestre do ano com algumas dificuldades que resultaram de uma conjuntura grave, afirmando-se esperançado em que a situação financeira da autarquia melhore no segundo semestre, de modo a que no final do ano a situação se apresente controlada.
plb