O governo anunciou que vai apresentar novas medidas de apoio aos emigrantes e de combate ao despovoamento do interior, assentes numa política que direcciona investimentos e promove os produtos originários do interior.
Os emigrantes continuam a escrever a História do Concelho do Sabugal, são personagens vivas de um momento histórico que se eternizará.

Eles aí estão… São milhares de emigrantes que todos os anos, sobretudo nos finais de Julho e princípios de Agosto, atravessam as nossas fronteiras. A Vilar Formoso diariamente chegam mais de dez mil viaturas. A recebê-los com um cartão de boas-vindas está a GNR, seguramente para lhes dar conselhos de segurança rodoviária.

Estamos a poucos dias de ver chegar o grosso da nossa população emigrante. Que, como sabemos, vem maioritariamente de França. Ou DA França como nós dizemos pelas nossas terras do Interior. Em 2004 não foi possível vê-los chegar com ar triunfante, antes com um «foi quase» orgulhoso mas pesaroso. O mesmo que sentimos por cá, mas um pouco mais inflamado pela necessidade de afirmação nos países de acolhimento.

Dezenas de emigrantes lesados do Banco Espírito Santo protestaram no Sabugal, esta quinta-feira, 6 de Agosto. A GNR impediu de forma pacífica a invasão da dependência do Novo Banco no Largo da Fonte da cidade raiana.
Hoje sai uma crónica leve e meio brejeira, para aliviar os dias. Mesmo assim, acho que vai gostar de ler. Nem sempre qualidade e quantidade se contradizem. Mas às vezes, sim. Para manter a qualidade, hoje, reduzo a quantidade de caracteres – que é como quem diz: do número de letras e espaços… Entretanto, está já no ar o «Serra d’Opa» número 40, edição semanal – gazeta esta que passou a ter uma a duas edições diárias… Leia sobre a nossa região.

Sair do local onde se nasceu e cresceu é enfrentar o desafio de quem sai da zona de conforto. Quando se parte por não haver o condições de subsistência não só é desafiante como também é frustrante. Quando se volta, ainda que, para depois de algum tempo, partir de novo é como que entrar na casa quente num dia de nevão. Partir de novo é menos penoso do que partir a primeira vez.
O mês de Agosto é, por excelência, o mês das férias e o mês das festas. No concelho do Sabugal, e mais propriamente na zona raiana, assumem diferentes proporções por causa das capeias à moda da raia. As capeias com forcão. Já muitos emigrantes me segredaram que se não fossem as capeias não viriam todos os anos ou que até mesmo se esqueceriam deste terrão.
É verdade querido(a) leitor(a), muito deve o nosso País e principalmente o nosso Concelho aos emigrantes. A emigração está sempre ligada à economia, por isso, o «milagre económico» da Europa pós II Guerra Mundial dependeu muito da contribuição dos emigrantes e das remessas que mandavam para casa. Remessas essas que em Portugal correspondiam a 50 por cento do lucro das exportações do País.

Ei-los que partem… Ou como nos mandam embora! Ou ainda, como nos estamos a marimbar!

As linguagens da aldeia são muito diversas, variam de casa para casa, de rua para rua, mas têm substratos comuns. E respondem simplesmente à vida vivida, não a estereótipos científicos. Cada época acarreta para a fala os seus ícones também linguísticos. Hoje trago aqui só meia dúzia de exemplos dos anos 60 para apreciação de quem gostar destas elucubrações.
Há palavras e expressões que nos anos 60 têm um significado profundo e subliminar que hoje nem se imagina. Na maior parte dos casos, o regime e a Igreja fizeram bem o seu papel: sedimentaram em cima da ignorância do Povo o significado que quiseram para cada palavra.
Um exemplo.
A Maçonaria combatia o regime? Então, tudo o que é mação é mau. Passaram esta ideia de base para as pessoas, repetiram isso até à exaustão e… nem preciso de explicar mais nada. De cada vez que se queria dizer que Fulano ou Sicrano era mau, tinha mau íntimo etc., bastava dizer:
– Aquilo é um maçónico!
Estava tudo dito. Maçónico é mação, é pessoa sem princípios. Pessoa que fosse rotulada de «maçónica» estava marcada. «Voz do Povo, voz de Deus» – a coisa circulava nos bastidores da vida social da aldeia. A partir daí, «mais vale cair em graça do que ser engraçado»: tanto dava a pessoa ter princípios e quais eles fossem como não: era simplesmente «maçónico». E estava frito…
«Até é Doutor»
E agora um exemplo do contrário: palavras que qualificam pela positiva sem mais discussão também…
A palavra «Doutor» corresponde ao máximo na escala social. Se é «Doutor» é boa gente: «Até é Doutor». Alguns, acho que só estiveram em Coimbra de passagem, mas ficaram para sempre «Doutores». Duvido que o «Doutor de Santo Amaro» alguma vez tenha concluído algum curso; e duvido que o «Doutor Guerra», da «Quinta» tenha acabado uma qualquer licenciatura. Mas são «Doutores».
E isso é que conta, nos anos 50 e 60: a reverência manifesta-se por aí também: o respeitinho da população garantido em símbolos de linguagem…
Ser «Doutor» é o máximo. Há poucos. A palavra é um título honorífico, como, sei lá, ser «conde» ou «besconde» (visconde, que também ali havia um numa quinta próxima…).
Se é «doutor» é gente importante, de certeza. Reparem que hoje a coisa mais vulgar é haver vários licenciados na mesma casa. Naquele tempo havia um ou dois em cada aldeia, se tanto. Daí, a «valorização» do termo na época.
Chega o calão emigrante
A propósito de linguagem, vale a pena referir dois ou três vocábulos introduzidos pela mistura emigrante. Os primeiros regressados de férias (meados dos anos 60) falam sem cessar das folhas de «peia», dos batimãs, dos bidonviles, da SNCF, dos papiês… Aos filhos falam uma mistura incrível. Ficou célebre aquela mãe a gritar na rua três ou quatro vezes: «Michel, tu vas tomber» («Miguel, vais cair»). E como o filho não obedecia e caiu mesmo: «Ai, o f.p. do garoto, não é que caiu mesmo? Ah, malandro, eu bem dizia que partias os c****s!».
Explicando os termos trazidos de Paris e arredores (Seine-et-Oise, Champigny – ver a foto pequena à direita) para a aldeia: folha de peia («feuille de paie») é o impresso relativo ao salário; batimãs («bâtiments») são as obras de construção civil onde muitos trabalhavam e davam cabo do cabedal; bidonviles («bidonvilles») são os bairros clandestinos miseráveis dos arredores de Paris, onde a maioria morava; SNCF: era a Société Nationale des Chemins de Fer (Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro) onde alguns trabalharam anos e anos; os «papiês» («papiers») são, naturalmente, os almejados documentos de legalização como emigrantes. Mas há mais: os carros e as matrículas. Os «apartamentos» (departamentos, claro – mas que diferença faz?). Demos connosco a saber de cor que 75 era Paris, 92, 93 ou 94, dos arredores…
Agora uma adivinha para fechar: sabe o que é o «farruge»?
Não, pois não?
Eu ajudo: era o «feu rouge», o semáforo vermelho que a todos eles surpreendeu nas cidades francesas (cá nunca tinham visto – o mais que tinham visto era um sinaleiro na Covilhã e outro na Guarda ou em Castelo Branco…).
Mas devo acrescentar que não é raro um ou outro emigrante na França ser depreciativamente apelidado de «tchampigny».
Enfim: fluxos e refluxos da linguagem popular.
Aliás, acho que toda a vivência emigrante no Casteleiro poderá merecer uma crónica específica. Um dia se verá isso.
…E assim se construiu um linguajar diferente e mais colorido naquela época meio triste e apagada. Foi um linguajar transitório. Hoje já ninguém diz «farruge». Os pais e avós falam português e arranham o francês mas os filhos e netos já só falam francês – e muito correctamente, os que lá fizeram a escola. A emigração levou saúde mas trouxe dinheiro, conforto e novos vocábulos obtidos por uma engraçada corruptela popular e folclórica.
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
«É só para olhar um bocadito para trás e ganhar coragem para chegar ao Luxemburgo», diz um dos emigrantes que parou em Vilar Formoso. «Até para o ano!» é o desejo de histórias de vida que escrevem desde os anos 60 do século passado a história de Portugal. Reportagem, em Vilar Formoso, da jornalista Paula Pinto com imagem de Andrea Marques da Redacção da LocalVisãoTv (Guarda).


Autoria: LocalVisãoTV posted with Galeria de Vídeos Capeia Arraiana
jcl
Agosto é mês de férias para milhares de emigrantes portugueses. Vilar Formoso é a principal porta de entrada para a saudade. Reportagem da jornalista Andreia Guerra com imagem de Sérgio Caetano da Local Visão Tv (Guarda).

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jcl
A «Reforma» aquilo que todos esperam durante anos e que hoje muitos desconfiam, não virem a receber. Ao longo da vida profissional, todos aspiramos pela merecida reforma, mas não é segredo para ninguém o estado actual das reformas por toda a Europa.
Em Portugal ouvia-se sempre falar das reformas dos «emigrantes», das reformas que vinham de França ou de outros países.
Hoje, a França, como toda a Europa, atravessa graves problemas económicos e financeiros, a falta de emprego atinge niveis elevados, a longevidade humana foi aumentando. Com isto, existem cada vez menos pessoas em actividade e mais em fase de usufruir da tão esperada reforma. As estatisticas, são claras, em 1960 existiam 4 pessoas activas para cada reformado, em 2050 haverá apenas 1,2 pessoas em actividade para cada reformado. Em 2020, o número de reformados, ultrapassará o número de activos. Com a crise financeira, a França apresenta desiquilibrios em 2010 que eram esperados apenas para lá de 2030.
Com este panorama há muito que se temiam mudanças. Todos desconfiámos delas, mas niguém quereria que chegassem tão cedo. Este fim de semana, o governo francês, anunciou as primeiras linhas de discussão. Linhas de mudanças que vão antes de mais, fazer correr muita tinta nos jornais e noticiários, alterações que vão provocar manifestações, greves, descontentamento geral.
Este governo já nos tinha habituado ao «trabalhar mais para ganhar mais». Agora sem surpresas, o governo apresentou as linhas «mestras» deste tema: prolongar a idade legal de obtenção da reforma e fiscalizar mais, os altos salários e a riqueza individual. Muitas questões estão em aberto e estas linhas de discussão não se apresentam como a solução ao problema.
Um tema quente que promete muita discussão e que merece sem duvida muita discussão de quem de direito. Pena é, que tudo promete ser resolvido, como diz a oposição socialista, «durante os jogos do mundial, não deixando tempo às pessoas para reagirem».
Estatísticas recentes, mostram mesmo, que a maioria da população francesa (74%) não acredita no debate deste problema, achando que o governo têm já, tudo decidido. Ao mesmo tempo, apenas 35% acham haver uma igualdade de direito de expressão no que diz respeito à este tema.
Um tema que afecta a comunidade portuguesa presente em França, aqueles que próximo da idade de reforma sentem a ameaça de dever trabalhar mais algum tempo do que o previsto; para os mais novos com as dificuldades actuais de encontrar trabalho, um prolongamento dos anos de trabalho ou da idade de reforma, transforma-a numa miragem longínqua.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
O Sud-Expresso moderniza-se. O mítico comboio da CP, com ligação diária de Lisboa à Hendaia, é o mais antigo da Europa em circulação. Liga, desde 1887, Santa Apolónia a Hendaia e a Paris por TGV. A partir deste primeiro de Março moderniza-se e passa a utilizar material Talgo. Os passageiros passarão a dispor, por exemplo, de quartos com duche privativo, entre outras novidades.
Emigrantes portugueses na Suíça receberam em delírio a comitiva da Selecção Nacional que participa no Euro-2008.
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Hélder Moreira (edição e montagem)