Assistimos em França a uma tentativa de destruição da Ordem Social estabelecida num País conhecido pela Liberdade, conhecido por albergar todos os perseguidos politicamente. Qual a razão de tanta intolerância?
No actual momento histórico que atravessamos à tranquilidade podemos chamar irresponsabilidade, ou seja, ninguém pode estar tranquilo. Todos os dias somos ameaçados por guerras, humilhados por políticos, grandes empresários e banqueiros, vandalizados e assassinados por marginais a quem chamam humildemente os «abandonados do sistema».
Como é possível que uma Democracia tenha permitido todo um vandalismo que aterrorizou o povo francês e deu uma péssima imagem dos seus governantes? Uma das razões é que qualquer dia haverá eleições, como é natural, são necessários votos para se chegar ao Poder e uma resposta contundente ao vandalismo, significava perda de votos.
Enquanto cidadão, o que, para mim, significa, ser democrata, não me posso calar!
Não podemos negar que a Extrema Direita está a despertar em vários países europeus, como na França e na Itália, também no Leste e no Norte, aqui darei como exemplo a Suécia. O comportamento é sempre igual em qualquer lado, lançar as massas populares (classe média e classe popular) contra as élites políticas tal como acontece presentemente em Portugal.
Muitos dos problemas causados à Democracia têm origem na pobreza e na desigualdade social, tudo se devendo à Globalização Neoliberal. E presentemente o Estado já perdeu a sua capacidade reguladora, que deixou de ser nacional.
Hoje, querido(a) leitor(a), resolvi escrever através de aforismos, em cada aforismo encontrará um artigo, começando logo pelo primeiro.
Existe medo dentro de mim, ainda não atingi o ponto de Kafka: «Meu Ser é medo», mas cada vez me apercebo mais que nas democracias ocidentais, entre elas a portuguesa, o que falta em Justiça Social sobra em Liberdade. A Liberdade ainda a podemos dividir em duas, a Liberdade do Oligarca poderoso e a Liberdade do trabalhador que vive de um salário mais que mínimo…
À pergunta «quem está a degradar a democracia?» a resposta imediata de qualquer leitor(a) será «os políticos!» Aqui há um pouco de verdade, os senhores do poder e os seus corifeus da comunicação social ajudam um pouco a degradar a Democracia, cabe aqui dizer que há excepções. Sendo assim, podemos então pensar que seja a política económica a principal causadora do medo que sentimos perante o futuro, e até já perante o presente.
É inegável que existe presentemente uma mediocridade a nível político que vai conduzindo a um alheamento e frustração interior do cidadão médio que cada vez está mais desiludido com o que a maioria dos políticos fazem com os mandatos que lhes outorgam.
Temos de nos render à evidência, a maioria da população não tem nenhuma possibilidade de se fazer ouvir e até participar no debate público. Escusam de falar em «Democratizar a Democracia» porque isso não passa de uma panaceia.
Trump e Merkel são dois «familiares» desavindos, ambos se identificam com o Capitalismo Selvagem, só que Trump e os seus seguidores como JaroslaW Kaczynki e o húngaro Orban são nacionalistas autoritários e querem regressar aos valores mais profundos dos seus povos, Merkel e Macron procuram os valores modernos do cosmopolitismo. O problema é cultural, talvez nem económico nem político, porque a todos eles interessa simplesmente enriquecer ainda mais os mais ricos.
Quando tentava escrever um texto a propósito do 25 de abril, e já emaranhada numa teia de conceitos, veio-me à memória uma conversa que se passou, há uns tempos, com uma criança, de oito ou nove anos, que me dizia: «Para mim a liberdade era poder sair deste bairro, sem ter de pagar bilhete.»
Para pôr fim às arbitrariedades dos poderes absolutos, Reis, Imperadores, e Ditadores. Também nasceu para dar transparência à «Res Publica» mas a transparência da «Res Publica» já se perdeu há muito tempo, sendo assim, foi perdida a sua essência.
Dentro dela tudo está permitido, excepto pôr em causa os fundamentos do Tudo! Por isso, a «moderna» democracia, com a quantidade sufocante de informação está transformada num novo obscurantismo.
Esta democracia é um caldo de mil ingredientes. Este caldeirão de sopa, onde todos comem por antecipação ou omissão, é feito de todos os temperos e sabores.
O que é a Liberdade e a Democracia quando uma classe de homens pode roubar, explorar e matar á fome a outra? Traíram o 25 de Abril toda uma série de políticos que sempre demonstraram não só uma falta de sensibilidade social e humanismo, mas também uma falta absoluta de ética.
Há quem compre já pedaços da democracia… É fácil conhecer a verdade, o difícil é assumir o preço que se exige viver nela. Querido(a) leitor(a), as palavras deste artigo são iguais às de muitos outros que já aqui escrevi, já estão mais que gastas e já causam fastio, feitas as devidas alterações e mantidas as distâncias, Baptista Bastos diz num seu artigo no DN que as palavras agora de tão prostituídas e gastas, já não alvoroçam nem atiçam as indignações. Talvez eu num dos próximos artigos lhe diga porquê querido(a) leitor(a), agora passe á frente.
Presentemente a nossa Democracia, imperfeitíssima, assemelha-se mais a um teatro de marionetas cujos cenários estão a cargo dos corifeus da comunicação social. Os espectadores, contribuintes, pagantes, somos todos nós, o Povo. Os actores são a maior parte dos homens e mulheres da elite político-económica. Há pelo menos dez anos que está em cena o drama – As cloacas da nossa democracia.
