Os 300 trabalhadores da fábrica Delphi da Guarda que vão ser dispensados até ao final do ano já receberam as cartas de despedimento, segundo informação prestada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM).
Segundo nota da Agência Lusa, o processo de envio das cartas registadas para os operários iniciou-se na semana passada, o que foi confirmado por José Ambrósio, do STIMM. O dirigente sindical garantiu em declarações à Lusa que a Delphi cumpriu as condições acordadas. A empresa de cablagens para a indústria automóvel tem um total de 950 trabalhadores, e prevê a continuação dos despedimentos no decurso do próximo ano, podendo ser dispensado mais de 200 operários no primeiro semestre de 2010.
Ainda segundo José Ambrósio, entre os operários notificados da decisão de despedimento verifica-se um misto de sentimentos: «Houve pessoas que ficaram contentes, porque eram voluntárias» e outras que «ficaram tristes».
O dirigente sindical disse ter conhecimento de muitas situações de trabalhadores que não esperavam o despedimento, sendo que, nestes casos, o recebimento da notificação foi para eles muito «complicado». Garantiu ainda que a empresa cumpriu as condições que constavam de um protocolo celebrado no ano passado, que prevê que os trabalhadores despedidos recebam dois meses de salários por cada ano de trabalho e que só seria dispensado um elemento do casal, nas situações em que ambos trabalhassem na empresa.
A Delphi dispensou maioritariamente mulheres, cujas idades rondam os 40 anos. Só «numa família foram despedidas três irmãs», revelou o sindicalista. Acrescentou que «’a maioria dos trabalhadores dispensados, cerca de 80%, reside na cidade da Guarda».
A multinacional justifica os despedimentos com a crise que atingiu o sector automóvel, e a consequente quebra nas encomendas.
A par dos sindicatos, também o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, tem revelado uma forte preocupação com a situação, em especial com as implicações sociais decorrentes dos despedimentos.
plb