«Imagem da Semana» do Capeia Arraiana. Há imagens históricas e há imagens que valem por mil palavras. Contudo todas as imagens merecem uma legenda. Envie-nos as suas fotografias que seleccionar para possível publicação para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com
Finalmente uma mão amiga arranjou-me a fotografia da carroça que transportava as grades de sumos da Cristalina, na década de 1940. Foi o senhor Carlos Alberto da Conceição, conhecido pelo Ti Carlos do Soito que me cedeu a fotografia.
Ler MaisA foto que apresento nesta crónica refere-se à Fábrica de Refrigerantes Cristalina, em 1971, no dia em que se festejavam os 25 anos da sua fundação. Esta fotografia foi-me cedida pelo sr. Carlos Alberto da Conceição, do Soito.
Ler MaisA fábrica de refrigerantes Cristalina foi fundada por Manuel de Oliveira, em 1946.
Ler MaisOs efeitos da operação «Face Oculta», lançada esta semana pela Polícia Judiciária, levaram a comunicação social a falar dos negócios que o empresário Manuel Godinho, preso preventivamente, fez com várias entidades, dentre as quais a Câmara Municipal do Sabugal, que lhe comprou o imóvel da antiga fábrica da Cristalina no Soito.
Em declarações à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, disse hoje que a autarquia fez um negócio com o empresário Manuel José Godinho, relacionado com a compra de um edifício para centro de negócios, mas «está tudo dentro da legalidade».
«Foi tudo autorizado pelo Tribunal de Contas e pelo executivo e está tudo dentro da legalidade», disse António Robalo.
Manuel José Godinho é um dos arguidos do processo «Face Oculta» e encontra-se em prisão preventiva.
Segundo o presidente da Câmara do Sabugal, através da empresa Manuel J. Godinho – Administrações Prediais, S.A., com sede em Esmoriz, foi adquirido, em 2004, o antigo edifício da fábrica de refrigerantes Cristalina, Soito, que «fechou há cerca de vinte anos».
«A preocupação da Câmara foi tentar saber quem era o proprietário daquele edifício e, então, chegou-se a esse senhor Godinho», contou.
Lembrou que «houve contactos no sentido de a Câmara poder adquirir o espaço ou então encontrar outro tipo de solução».
O empresário executou um projecto de recuperação, que foi «aprovado e licenciado» para centro de negócios e «foi feito um acordo que consistia na empresa erigir o edifício e depois de o ter feito passar para a posse da Câmara».
O autarca referiu, também, que o empresário «tinha um prazo de execução» para a realização das obras e a autarquia pagaria, de forma faseada, «dois milhões de euros», sendo que seriam pagos «125 mil euros por ano, durante dez anos».
Entretanto, em 2007, a autarquia tinha feito uma transferência de 125 mil euros, mas o empresário «não cumpria o prazo» para entrega do edifício.
«Ele não ligou nada e apareceu um empresário da terra, [Sonabe – Projectos e Construção, Lda.] e negociou directamente com o Godinho a cedência dos direitos» do imóvel.
Disse que a autarquia «autorizou a transferência para a Sonabe» e, «neste momento, não tem nenhum compromisso com o empresário e está a cumprir o acordo inicial, mas com a Sonabe».
António Robalo frisou que, em relação à investigação do processo «Face Oculta», «não há nada a temer», adiantando «não está a ser feita nenhuma investigação» à autarquia.
O presidente da concelhia do PS, Manuel Barros, na altura deputado municipal, disse que «o PS sempre achou que era um mau negócio pelos valores, porque se recorreu ao crédito e endividou a Câmara».
A Polícia Judiciária (PJ) desencadeou no dia 28 de Outubro a operação «Face Oculta» em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado o empresário Manuel José Godinho, que está em prisão preventiva, no quadro deste processo.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, vice-presidente do Millennium BCP, José Penedos, presidente da Rede Eléctrica Nacional (REN), e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.
Um administrador da Indústria de Desmilitarização da Defesa (IDD) também foi constituído arguido, segundo o presidente da EMPORDEF, a holding das indústrias de defesa portuguesas.
plb com Lusa
O empresário Manuel José Ferreira Godinho, de 54 anos, que foi há dias detido pela Polícia Judiciária e depois sujeito a prisão preventiva, no seguimento da operação «Face Oculta», que envolve grandes figuras nacionais, foi quem vendeu a antiga fábrica da Cristalina à Câmara Municipal do Sabugal, a fim de aí se instalar o Pólo Empresarial do Soito, depois chamado Centro de Negócios Transfronteiriço.
Os nomes e os casos vão surgindo a conta gotas, estando sobretudo envolvidos quadros superiores de empresas detidas directa ou indirectamente pelo Estado. Porém o semanário Expresso refere na sua última edição que a Polícia Judiciária fará de seguida uma investigação exaustiva aos negócios que o empresário manteve com várias câmaras municipais. O despacho do juiz de instrução aponta de resto esse mesmo caminho ao referir que Manuel Godinho subornou membros de vários executivos municipais. A câmara de Gouveia, já referenciada nos autos, poderá ser a primeira a ser investigada.
O empresário de Ovar, celebrou, no ano de 2004, um negócio com a Câmara Municipal do Sabugal, através da empresa Manuel J. Godinho – Administrações Prediais, S.A., com sede em Esmoriz. O contrato então assinado teve por objecto a venda do imóvel da antiga fábrica Cristalina, no Soito, tendo que ter incorporados trabalhos de remodelação previstos num projecto arquitectónico que a autarquia aprovara. O preço pela aquisição rondou os 2 milhões de euros, com uma parte (cerca de 25 mil euros) a entregar na data da assinatura do contrato, outra tranche (de cerca de 350 mil euros) a pagar após conclusão dos «toscos e cobertura», uma terceira prestação (igual à segunda) a pagar na data de entrega da obra, e o montante restante (perto de um milhão e 250 mil euros) a entregar em 10 prestações anuais.
Mais tarde, em 2008, Manuel Godinho, cedeu os créditos à empresa Sonabe – Projectos e Construção, Lda, com sede em Lisboa, e propriedade de empresários do Soito, passando a ser esta a responsável pela obras no edifício e recebendo os valores com que a Câmara se tinha comprometido.
Nada indica que a Policia Judiciária vá investigar este negócio de Manuel Godinho com a Câmara do Sabugal, mas é já segura a investigação de um outro negócio que o empresário fez com o Município de Gouveia, através da empresa O2 Ambiente – Tratamento e Limpezas Ambientais.
A Câmarade Gouveia veio já garantir a transparência e cumprimento escrupuloso dos trâmites legais neste único processo relativamente à empresa referida.
Uma nota da Lusa dá conta da versão tomada pela autarquia visada: «Em Janeiro de 2009, o Município de Gouveia efectuou uma consulta a seis empresas para encaminhamento de resíduos VFV (Veículos em Fim de Vida). A esta consulta responderam três empresas, sendo que a proposta mais favorável (…) foi apresentada pela O2 Ambiente – Tratamento e Limpezas Ambientais SA, pelo valor de 400 euros».
plb
Estivemos no Soito, à conversa com o presidente da Junta de Freguesia, José António Mendes Matias. Com 41 anos de idade sente o peso da responsabilidade por ter ascendido ao lugar de presidente da Junta em consequência do pedido de demissão do presidente eleito. Porém manifesta-se decidido a fazer obra em prol do Soito e dos soitenses no ano e quatro meses que tem pela frente até ao final do mandato.
A revolta do povo do Soito face à antevisão de encerramento da estação de correios, trouxe o jovem autarca para a ribalta, cabendo-lhe liderar as difíceis negociações com a Administração dos CTT. Os contactos que estabeleceu e as posições que aí defendeu, levam-no a acreditar numa solução digna e justa para o Soito. E nisto sente que não está só. Todo o povo da vila raiana, o presidente da câmara e os eleitos da assembleia de freguesia, têm-no apoiado nos dias difíceis que tem vivido.
– Como correram as negociações com a administração dos CTT?
– As negociações correram bem, tendo sido muito importante o apoio que o povo deu com a exigência de manter o posto aberto. A Dra Manuela de Portugal, em representação da administração dos CTT, colocou os seus pontos de vista e nós colocámos os nossos, abertamente. Por enquanto o horário diário fica com menos duas horas, mas garantimos que a estação abre de manhã e de tarde. A empresa vai realizar um estudo acerca do serviço prestado e se o tráfico de correspondência e os demais serviços o justificarem ficou a promessa de no final de Junho se regressar ao horário normal. Agradeço muito à população a mobilização e a luta, assim como o apoio da Câmara Municipal, pois só assim houve condições para se fazer a negociação.
– Como tem vivido a nova, e certamente inesperada, missão de presidir à Junta de Freguesia?
– Tem sido uma boa experiência. Tenho mantido um diálogo permanente com a população e tenho contado com o apoio de muita gente, mesmo da parte dos membros da Assembleia de Freguesia, que são muito exigentes, mas também demonstram compreensão. Esta manifestação recente do povo do Soito contra o encerramento dos correios ajudou a deixar claro que somos um povo unido, capaz de lutar a uma só voz pelas causas justas e de levar a água ao moinho.
– Quais os projectos que tem para a freguesia neste período de pouco mais de um ano para o termo do seu mandato?
– Queremos construir um parque de merendas. Já temos o projecto concluído e contamos lançar a obra dentro de pouco tempo. Também esperamos construir um ringue para a prática desportiva num terreno da Junta de Freguesia, tendo já propostas e orçamentos que estão em análise. Em Agosto iremos receber aqui o Festival do Forcão, pois já garantimos que a iniciativa vai passar a realizar-se alternadamente entre Aldeia da Ponte e o Soito, compromisso que ficará registado na acta da reunião de preparação do Festival. Também queremos divulgar mais o Soito para que mais pessoas o visitem. No próximo fim-de-semana vamos receber aqui 60 franceses, vindos de Le Porge, cidade com que nos geminámos há uns anos. Vêm aqui para conhecer o Soito e nós vamos mostrar-lhes também todo o concelho do Sabugal, tendo já preparado um roteiro. Aproveitando a ocasião convidámos também para virem ao Soito os alcaldes de Navasfrias e de Hoyos, bem como o presidente da associação de Coria, tendo eles confirmado já a sua presença. Isto é muito importante para o diálogo transfronteiriço que queremos promover.
– Tem mantido contactos com esses autarcas espanhóis?
– Conheci essa gente de Espanha aqui há umas semanas e de uma forma muito curiosa. Estive em Hoyos com o professor Zé Manel, presidente da Junta dos Fóios, para assistir à geminação, eles dizem hermanamiento, entre Hoyos e Saint-Verge, localidade francesa, e reparei que eles não se entendiam quando queriam conversar. Ora como eu conheço bem a língua francesa, ofereci-me para tradutor, tendo ficado muito satisfeitos e acabando por ficar amigo de todos eles. Por isso lhes enviei o convite para virem aqui ao Soito no próximo fim-de-semana.
– E de que forma pensa tirar maior partido dessas relações com os autarcas de Espanha?
Pensamos estabelecer pontes de contacto, seja através de convívios ou através de realizações em parceria, a nível cultural e desportivo, por exemplo. Temos até a ideia de estabelecer um protocolo de geminação entre as freguesias raianas do concelho do Sabugal e as de Espanha, o que pensamos ser melhor do ter apenas relações pontuais a nível bilateral. Todos juntos podemos fazer muito trabalho válido para os povos dos dois lados da fronteira.
– O que pensa o Centro de Negócios Transfronteiriço que está a ser construído no Soito pela Câmara Municipal no local da antiga fábrica da Cristalina?
– É uma boa iniciativa, que certamente contribuirá para o desenvolvimento do Soito e do concelho do Sabugal. Trata-se de uma importante mais valia para nós, que em breve dará os seus frutos.
– Porém, pelo que se sabe, os empresários do Soito ainda não aderiram à ideia de ali se fixarem.
– É natural que de inicio haja alguma resistência, mas não é verdade que os empresários do Soito rejeitem de todo instalar-se no local. Há mesmo já alguns interessados, que estou em crer que em breve decidirão instalar-se ali.
– Com tanta azáfama e tanto empenho enquanto presidente da junta, advinha-se já que será candidato pelo PSD nas próximas eleições autárquicas?
– Sinceramente, nunca pensei nisso, nem quero por agora pensar. Apenas pretendo levar por diante o meu trabalho e isso não me vai perturbar.
plb
No momento em que avançam as obras no agora chamado Centro de Negócios do Soito, propomos a instalação no local de uma «incubadora de empresas», porque tal é necessário para apoiar os jovens empresários e é essencial para que o espaço venha a ter verdadeira utilidade.
Há quem sonhe aventurar-se no mundo empresarial procurando criar o seu próprio emprego, numa sedução pela via da afoiteza e da inovação. Criaram até um neologismo para designar esse acto façanhudo: empreendorismo.
Ora os empreendedores são sobretudo jovens de mente aberta, que aceitam o desafio de agarrarem a ambas mãos negócios inovadores, mas que comportam avultados riscos. Estes jovens são absolutamente necessários à economia e merecem ser apoiados.
Tem isto a ver com uma iniciativa que se tornou comum nos nossos dias por parte das entidades públicas: a criação de «incubadoras de empresas» ou «ninhos de negócios». A sua função é apoiar esses jovens, dando-lhes um acrescido estímulo para que enveredem pelo auto-emprego e criem depois, com o desenvolvimento do negócio, muitos mais postos de trabalho. Trata-se de unidades funcionais que dão apoio a novas empresas de base tecnológica, com condições para singrar no mundo dos negócios. Pode fornecer-se um espaço apetrechado para receber uma empresa, para além de se apoiar administrativamente o novo negócio ou mesmo possibilitar que técnicos forneçam formação ao nível da gestão empresarial. O fundamental é que os jovens se sintam capazes de enfrentar o mercado.
Há bons exemplos de sucesso neste tipo de iniciativas, como o são o Taguspark em Oeiras e o Mandan Parque no Monte da Caparica, ambos na zona de Lisboa. Mas o interior do País bem necessita destas estruturas, consideradas fundamentais, a par de outras, para o chamado desenvolvimento sustentável.
No Sabugal não é necessária coisa tão grandiosa, mas devemos também aspirar a possuirmos um «ninho de empresas» à nossa dimensão, com condições para dar um tecto aos jovens que não têm onde instalar os seus negócios. Trata-se de lhes arranjar, a custo zero, uma instalação apropriada, até ganharem forças para possuírem a sua própria casa. Claro que é necessário complementar esses espaços com serviços de apoio ao desenvolvimento dos negócios, pois não se trata apenas de oferecer uma morada.
Caberá ao Município sabugalense avançar com esse projecto. E, nesse sentido, aqui se deixa uma proposta: a adaptação do Centro de Negócios do Soito, que está a ser criado nas antigas instalações na Fábrica da Cristalina, nessa nossa «incubadora de empresas».
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com