A Divisão Ligeira do exército britânico teve um papel fundamental na luta contra a invasão francesa de Portugal, tendo actuado em diversos cenários com grande heroicidade, incluindo na Batalha do Sabugal em 3 de Abril de 1811. Ler Mais
Evoca-se agora o bicentenário da terceira Invasão Francesa, que se iniciou a 23 de Julho de 1810, com uma forte incursão da vanguarda do exército de Massena em terras portuguesas, junto a Almeida, e que terminou em 4 de Abril de 1811, após a decisiva Batalha do Sabugal. Por todo o País estão em curso, ou em preparação, iniciativas que evocam esse período terrível da nossa história.
Coube ao general Loison (o celebérrimo «Maneta»), à frente de 3000 homens de infantaria, apoiados por cavalaria e artilharia ligeira, comandar uma sortida de reconhecimento em território português, contornando o forte La Concepcion, parcialmente destruído pelos ingleses, e atravessando a fronteira em Vale da Mula.
No dia seguinte, 24 de Julho, o comandante do 6º Corpo, Marechal Ney, fez avançar mais soldados franceses para o território português e, passando ao largo da fortaleza de Almeida, deu combate às tropas do general Craufurd, que, contrariando as ordens de Wellington, se mantinha na margem direita do rio Côa, junto à ponte. A tropa inglesa tentou então a travessia para se concentrar na margem esquerda, em posição favorável, mas os franceses deram fogo e avançaram rapidamente, chegando-se a combater corpo a corpo.
Ney queria, num movimento rápido, impelir os anglo-portugueses para o escarpado onde o Côa corre, não lhes dando tempo para passarem a ponte. Mas Craufurd conseguiu colocar atiradores na margem esquerda do rio, que, bem posicionados, deram forte fuzilaria, assim cobrindo o movimento das colunas, que passaram o rio.
Com a Batalha do Côa o exército aliado recuou, desguarnecendo por completo a margem direita do rio, onde os franceses se movimentaram à vontade. Seguiram-se os trabalhos do bloqueio e do cerco a Almeida, com material pesado vindo de Ciudad Rodrigo. A praça defender-se acerrimamente, obrigando os franceses a cavarem fundas trincheiras e a instalarem baterias de artilharia para lhe abrirem brechas. Almeida capitularia a 28 de Agosto, após 12 dias de cerco e três de bombardeamento contínuo, que provocou a explosão do castelo, que servia de paiol, incidente tenebroso e fatal para os esforços de defesa.
Tomada Almeida, Massena ultimou os preparativos da a invasão, abastecendo o exército e concentrando todas as suas tropas na margem direita do rio Côa, entre o Sabugal e Almeida. O «Exército de Portugal», designação que Napoleão deu à força invasora comandada por Massena, apenas atravessou o rio Côa a 15 de Setembro, iniciando o movimento geral em direcção a Celorico com o intuito de atingir Lisboa pela estrada da Beira.
Durante o tempo em que os militares ocuparam a raia, o povo das nossas vilas e aldeias sofreu as atrocidades da soldadesca francesa. Face à absoluta falta de provisões, a população foi sucessivamente vítima de confiscos e rapinagens para abastecimento das tropas. Destacamentos de «forrageadores» percorriam as aldeias raianas em busca de cereais, carne, vinho, fruta, palha e feno. Surripiavam tudo o que encontravam e violentavam os que lhes fizessem a mínima oposição. Pelos campos da raia estava espalhado um exército de 60 mil homens e 15 mil cavalos, que tinha de ser alimentado todos os dias à custa da região.
Paulo Leitão Batista
Iniciamos aqui um novo «Arquivo Histórico» do Capeia Arraiana, dedicado às Invasões Francesas, com enfoque na terceira, que foi a que mais fez sofrer os povos da nossa região. Convidamos os leitores a enriquecerem este arquivo, enviando textos ou imagens relacionadas com as invasões.
plb