O Grogue é a aguardente tradicional de Cabo Verde, e o melhor grogue é o que é produzido a partir da cana sacarina dos regadios de Santo Antão, a ilha onde está sedeada a Confraria do Grogue, a «Congrog», a única que por enquanto existe no país. Estivemos na maior das ilhas cabo-verdianas do barlavento, onde, na cidade da Ponta do Sol, falámos com Alberto Carlos Lima, o fundador e confrade-presidente da Confraria do Grogue.
– Há quanto tempo foi fundada a Confraria do Grogue?
– Foi há quatro anos, realizámos este ano de 2012 o nosso quarto capítulo, onde entronizámos alguns novos confrades. Passámos a contar com 104 confrades efectivos após este capítulo.
– São a única confraria de Cabo Verde, por enquanto, mas sabemos que mantêm contactos regulares com confrarias portuguesas…
– Sim, nomeadamente com a federação das confrarias portuguesas, com a sua presidente, a Dra Madalena Carrito, que já esteve aqui em Santo Antão, num capítulo. Também já estivemos em Portugal em capítulos de confrarias e é nosso confrade de honra o Dr Jaime Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares e Juiz da Confraria da Chanfana.
– Têm outros confrades de honra?
– Sim, homenageámos já várias personalidades dando-lhes o título de confrades de honra, como por exemplo os presidentes de todas as câmaras da ilha de Santo Antão, que são quatro, e o ex-presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, entre outros.
– Ao que se fala, o grogue é um produto típico de Cabo Verde que é produzido em várias das suas ilhas. Qual a razão pela qual a confraria do Grogue foi fundada em Santo Antão?
– Porque o grogue produzido em Santo Antão é o mais genuíno de Cabo Verde. O verdadeiro grogue cabo-verdiano é aqui de Santo Antão.
– O que é que o diferencia do grogue das restantes ilhas?
– Muita coisa. A forma de o fazer, a partir da cana do açúcar e segundo o método tradicional, e também o paladar e o aroma. Muito do grogue que se fabrica em Cabo Verde é feito a partir de açúcar e não da cana-de-açúcar como aqui se faz. Esta ilha produz cana-de-açúcar, que é de onde se extrai o grogue, e é preciso ter em conta que a maior parte das restantes ilhas nem sequer produzem cana – como é que podem produzir o grogue tradicional?
– O grogue de Santo Antão está certificado?
– A Congrog está agora a tratar desse processo, que passa por diversas burocracias e por várias entidades.
– Quais são as principais actividades da Congrog?
– Para além dos capítulos anuais, fazemos reuniões de convívio e jornadas em que se debate a forma como devemos defender o nosso produto. Muitos dos nossos associados são fabricantes de grogue e estão muito interessados em valorizar o produto.
plb