A Confraria do Bucho Raiano esteve representada no IX Capítulo da Confraria da Gastronomia do Ribatejo, que aconteceu na vila da Azambuja este domingo, dia 12 de Dezembro.
Este capítulo na Azambuja comemorou os 10 anos da fundação da Confraria da Gastronomia do Ribatejo e evocou os mesmos anos da elevação da gastronomia a património cultural e imaterial em Portugal.
A intensa chuva que se fez sentir, impediu a realização do desfile das confrarias, que deveria ter percorrido as ruas da vila ribatejana. Mas isso não impediu a realização da cerimónia do capítulo, que aconteceu no auditório municipal, onde se procedeu à entronização de três novos confrades e à atribuição de diplomas de honra a quem se evidenciou na defesa da gastronomia do Ribatejo.
Carlos Abreu, grão-mestre da confraria, Fez uma interessante intervenções de fundo, relembrando o longo percurso efectuado em Portugal em defesa do reconhecimento do valor da gastronomia nacional. No ano 2000 o governo em funções declarou a gastronomia como património cultural e imaterial e no ano seguinte criou a Comissão Nacional da Gastronomia, tendo em vista operacionalizar a defesa dos principais valores desse novo património. Entretanto criou-se a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas com vista a garantir a boa representatividade das diversas confrarias na Comissão. Porém, como explicou Carlos Abreu, essa Comissão Nacional nunca funcionou, pelo que não se desenvolveu na forma devida a defesa da nossa gastronomia. A solução, apontou o orador, é organizar-se um movimento cívico em defesa da gastronomia como património cultural, ao qual as confrarias devem aderir.
Falou depois o escritor Armando Fernandes, na qualidade de vice-presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, defendendo que faz falta uma estratégia de defesa da gastronomia em Portugal. A França conseguiu que a UNESCO declarasse a sua gastronomia como património da humanidade, o mesmo sucedendo com Marrocos acerca da gastronomia mediterrânica, porém Portugal, «que tem a melhor gastronomia do mundo», não conseguiu ainda afirmar-se na defesa e na valorização dos seus valores gastronómicos. O orador defendeu que o esforço para a manutenção da originalidade das nossas receitas tradicionais é o melhor caminho a seguir para tirarmos verdadeiro proveito do valor da gastronomia portuguesa.
Seguiu-se o almoço na Casa do Campino, composto por sopa do campo da Azambuja, torricado com bacalhau assado e entrecosto da matança frito com arroz de feijoca. De sobremesa melão e marmelo do campo da Azambuja.
A Confraria do Bucho Raiano esteve representada pelo Chanceler, Paulo Leitão, e pelo Almoxarife, Paulo Saraiva. Estiveram representadas mais de uma dezena de confrarias gastronómicas de todo o país, cujos trajes e estandartes deram colorido ao evento.
plb