Num tempo que teima em desaparecer, ainda subsiste um vento desta Gardunha florida, agora de encontros numa tela de cinema.

O ano de 1895 ficará para a história por dois factos: o início da exploração económica do cinema pelos irmãos Lumière e a abertura das minas na Panasqueira. Em Paris, os irmãos escavavam o subsolo do espectador; na Panasqueira instalava-se a multinacional inglesa Beralt Tin and Wolfram, com o objectivo de extrair das entranhas da terra o valioso volfrâmio, mineral muito requisitado na II Grande Guerra Mundial.
Escrever um título não é fácil. Que o diga quem o tem de fazer praticamente todos os dias. Mas no cinema é bastante comum encontrar títulos em português que pouco ou nada têm a ver com o original. Só na semana passada deparei-me com três.
Ir ao IndieLisboa (Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa) é já uma tradição. Como este texto está a ser escrito antes do final do evento, aproveito para falar das edições passadas. Para a semana um resumo da edição deste ano.
O IndieLisboa foi criado em 2004 pela organização «Zero em Comportamento», uma associação cultural ligada ao cinema que durante algum tempo programou ciclos de cinema bastante interessantes no Cine-Estúdio 222. Esta foi também uma sala que me ajudou muito a gostar de cinema, apesar de não ter ido lá muitas vezes e as condições não serem as melhores. Por lá passaram ciclos dedicados aos mais variados realizadores e temas, desde Tim Burton aos irmãos Coen, passando pelo mítico Ed Wood, considerado como o pior realizador de sempre.
Um dos filmes que mais me agradou foi um documentário sobre os Sex Pistols, que retratou aquela época sob a perspectiva de uma banda que não queria nada a não ser protagonismo. Foi a desmistificação de uma das bandas mais faladas dos anos 70, nem sempre pelos melhores motivos.
Na sequência destes ciclos, com alguma popularidade entre os fãs de cinema que não gostam apenas das estreias comerciais, surge o Indie. Primeiro numa edição mais pequena, apenas no São Jorge, e posteriormente aumentando de dimensão, ocupando diversas salas e tornando-se actualmente um dos maiores festivais de cinema de Lisboa.
Este evento foi também palco para grandes descobertas para mim. Logo na primeira edição fiquei a conhecer o realizador de Hong Kong Johnie To, alvo de uma retrospectiva na edição de 2008, que nunca teve direito a estreia em salas portuguesas, infelizmente. Mesmo tendo realizado alguns dos melhores filmes de acção que eu já vi. Não me posso esquecer de cenas como um tiroteio no lobby de um hotel, entre gangsters e mercenários no excelente Exiled, que dura o exacto momento em que uma lata é atirada ao ar. Simplesmente genial.
Através do Indie conheci cinemas dos mais variados pontos do globo, da Europa de Leste à América Latina, passando pela Ásia. Além de realizadores como o já citado To ou Errol Morris, um documentarista com uma grande notoriedade lá fora e que poucos conhecem por cá. Foi com ele que conheci as ideias de Robert McNamara, uma personalidade histórica que esteve envolvida em eventos como o lançamento das bombas atómicas no Japão ou na própria guerra do Vietname, sempre por detrás da cortina.
E como o artigo já vai longo, as minhas andanças pelo Indie ficam por aqui. Para a semana fica prometido, um resumo sobre a edição deste ano.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes
pedrompfernandes@sapo.pt
«Série B» é uma visão muito pessoal do cinema que irá falar da experiência na primeira pessoa do visionamento de filmes, desde os clássicos dos clássicos, aos mais alternativos e independentes, passando pelas estreias e pela programação da Cinemateca.
Vasco Nunes, cujos pais são de Aldeia do Bispo e fixou residência nos Estados Unidos, tem triunfado enquanto realizador e produtor de cinema. Há dias viu novamente o seu trabalho premiado no mundo da sétima arte, com o filme We Live in Public, tendo sido distinguido na edição de 2009 do Sundance Film Festival com o galardão «Grand Jury Prize: U.S. Documentary». (Actualização.)
Vasco Alves Henriques Lucas Nunes é um cineasta português nascido em Lisboa, descendente de Aldeia do Bispo, freguesia raiana do concelho do Sabugal, mas há muito radicado nos Estados Unidos da América. Para além de realizador de cinema também é produtor, e director de fotografia.
Em 2003 completou o mestrado no conservatório do American Film Institute, mas começou a trabalhar em cinema e televisão no princípio da década de 1990. É um dos sócios da Interloper Films, uma conhecida produtora de Los Angeles.
Vasco Nunes é sobejamente conhecido pelo seu trabalho documental, em especial com a realizadora Ondi Timoner, com destaque para o filme «DIG!». Já recebeu diversos prémios de cinematografia. O maior destaque vai para um «Grand Jury Prize» no festival «Sundance». Também merece referência a sua presença em festivais de cinema mundiais, incluindo Cannes, Londres, e Sundance.
plb
Actualização pela irmã de Vasco Nunes
A Patrícia Lucas Nunes e Melo, irmã de Vasco Nunes, pediu-nos para fazer uma actualização ao texto. Aqui fica com o nosso agradecimento pelo «retocar» dos factos:
«Aproveito para fazer uma pequena correcção porque os nossos pais não são naturais de Aldeia do Bispo, Sabugal, mas apenas o pai.
É verdade que o meu irmão vive faz alguns anos nos EUA, mas apenas agora pediu cidadania.
Ele tem triunfado nos EUA e trabalha como Director de Fotografia, Produtor e Realizador, por essa ordem.
O Vasco faz trabalhos relacionados com música, telediscos, DVD’s e não só; e documentários, com os quais tem tido maior visibilidade e já tem também trabalhado com publicidade e séries, nomeadamente para a MTV, Coca-Cola entre outros.
E para além dos filmes que ganharam no Sundance, «Dig» e «We live in public» também já ganhou outros prémios como:
– Permanent Collection – Museum of Modern Art (MoMA) NYC – DIG!;
– Peabody Award – Nimrod Nation (2008);
– Grand Jury Prize – Sundance Film Festival 2004 – DIG!;
– Special Jury Prize – IDFA 2007 – Planet BBoy;
– Special Jury Prize – Sidewalk Film Festival 2007 – Join Us;
– Sustainability Award – Media That Matters Film Festival 2006 – Recycle;
– Best Cinematography – International Cinematographer’s Guild 2004 – Recycle;
Se quiserem mais informações sobre o meu irmão vejam aqui.»
Patrícia Lucas Nunes e Melo