O CERVAS devolveu à natureza na aldeia das Batocas uma águia-de-asa-redonda. O momento foi testemunhado por alguns populares e por Delfina Leal, vice-presidente da Câmara Municipal do Sabugal. Na próxima quinta-feira, 26 de Agosto, vai ser igualmente libertada uma cegonha júnior encontrada muito debilitada na freguesia de Ruivós.

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A águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) foi encontrada em Maio na Estrada Nacional que liga o Sabugal a Vilar Formoso, junto ao cruzamento para as Batocas. O animal foi recolhido por um particular após a queda do ninho, durante o abate de árvores e foi entregue à equipa do SEPNA da GNR da Guarda. Encaminhada para o CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, em Gouveia, iniciou um processo de recuperação que consistiu em alimentação, de modo a que pudesse ter um desenvolvimento normal, para além de ter sido submetida a treinos de voo e de caça, e de ter estado em contacto com animais da mesma espécie, de modo a assegurar uma correcta aprendizagem dos comportamentos típicos.
O CERVAS tem como regra devolver os animais selvagens, depois de recuperados no seu «hospital», nos locais onde foram encontrados tentando garantir a sua rápida integração no meio ambiente.
Na sua devolução à natureza, no dia 12 de Agosto, nas Batocas, estiveram presentes cerca de 20 pessoas, entre as quais Delfina Leal, vice-presidente da Câmara Municipal do Sabugal, para além de alguns populares, que baptizaram a ave com o nome «Batoquinhas».
Estranha-se a ausência de representantes da Junta de Freguesia de Aldeia da Ribeira e a falta de informação aos habitantes locais que declararam desconher a iniciativa.

Libertação de uma cegonha branca em Ruivós
Na próxima quinta-feira, 26 de Agosto, às nove e meia da manhã, o CERVAS vai devolver no Largo da Igreja Matriz de Ruivós uma cegonha branca (ciconia ciconia) júnior encontrada muito debilitada dentro da povoação no dia 14 de Julho pelo Tiago Lages e pelo Daniel Moura (dois jovens de férias na aldeia), após ter caído do ninho. A sua entrega ao CERVAS foi feita por um vigilante da Reserva Nacional da Serra da Malcata.
O processo de recuperação envolveu alimentação, de modo a assegurar um correcto desenvolvimento corporal e da plumagem de voo, o contacto com outros animais da mesma espécie de modo a que pudesse adquirir os comportamentos típicos da espécie, bem como treinos de voo de modo a poder fortalecer a sua musculatura.
A cegonha-branca (Ciconia ciconia) pertence à ordem dos ciconiiformes e distribui-se por todo o nosso país. Possui um comprimento entre 90 e 105cm (com o pescoço distendido) e uma envergadura entre 180 e 218cm. Pode viver até cerca de 33 anos em estado selvagem. Esta ave tem uma plumagem de cor branca com excepção das penas primárias e secundárias, as grandes coberturas e as coberturas primárias, a alula e as escapulares que apresentam uma coloração preta. A cegonha-branca possui pernas altas de coloração vermelha e pescoço longo. Os juvenis distinguem-se dos indivíduos imaturos e adultos principalmente através da coloração do bico: nas primeiras fases de vida é mais curto e quase preto, passando progressivamente para uma coloração acastanhada ou vermelho-pálido com a ponta preta, até atingir a coloração vermelha, típica dos adultos. 
Apesar de ser considerada uma ave aquática, a maioria dos casais nidificantes em Portugal utiliza diversos habitats como pastagens naturais, searas, montados ou lameiros. No entanto, charcas, pequenas ribeiras, pântanos, sapais e arrozais são muito utilizados por estas aves como locais de alimentação.
A cegonha-branca apresenta uma dieta bastante variada: insectos, lagostim-vermelho, anfíbios, pequenos mamíferos, répteis e até mesmo restos de alimento humano, que encontram em lixeiras e aterros sanitários.
Esta espécie é monogâmica e, geralmente, utiliza o mesmo ninho, ano após ano. Os casais podem nidificar isoladamente ou em colónias. Em Portugal, são conhecidas colónias constituídas por mais de 70 casais nidificantes. Esta espécie escolhe árvores, construções humanas de diversos tipos, postes e escarpas fluviais e costeiras para edificar o ninho. A postura é efectuada em Fevereiro/Março, sendo que a incubação dura 33-34 dias. O período de permanência no ninho, após a eclosão, é de aproximadamente dois meses (58-64 dias). A incubação, tal como a protecção e a alimentação das crias, é realizada por ambos os membros do casal, podendo ser criadas 1 a 5 crias.
Como curiosidade, a associação milenar da cegonha-branca ao nascimento de crianças está intimamente relacionada com os seus hábitos migratórios. O seu regresso à Europa, para aqui se reproduzir, coincidente com a estação da Primavera, que simboliza o renascimento da vida, tornou esta espécie num símbolo de fertilidade.
O CERVAS é um «hospital de animais» em Gouveia pertencente ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) / Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e que se encontra actualmente sob a gestão da Associação ALDEIA com o apoio da ANA – Aeroportos de Portugal e outros parceiros. O centro tem como objectivos detectar e solucionar diversos problemas associados à conservação e gestão das populações de animais selvagens e dos seus habitates. As linhas de acção do CERVAS são a recuperação de animais selvagens feridos ou debilitados, o apoio e/ou a realização de trabalhos de monitorização ecológica e sanitária das populações de animais selvagens, o apoio e fomento à aplicação do Programa Antídoto, a promoção da sensibilização ambiental em matéria de conservação e gestão dos animais selvagens e o funcionamento como unidade intermédia de gestão e transferência de informação e amostras tratadas através de parcerias científicas.
jcl (com CERVAS)