Para esta segunda nota sobre a vida na aldeia do Casteleiro em tempos recuados por um lado e, por outro, uma referência interessante às histórias da emigração, escolhi a produção agrícola e a abalada para a Argentina, antes da França… Vai gostar de ler, acho eu.
Em Julho as searas de pão já estavam prontas para ceifar. Contratava-se um rancho que, cedinho, começava a ceifa, cantando, formando póbeias (paveias), que depois seriam postas em molhos, amontoados em relheiros. Destes, alguns seriam depois transportados em carros de vacas para a eira do Manal e a maioria para as Eiras – era o dia das acarreijas.
Longe vai o tempo em que o cravelo era uma refeição essencial para quem, de sol a sol, e por entre a seara dourada, desafiava o sol escaldante dos dias de Verão. Uma refeição ligeira a meio da manhã reforçava as energias, tão necessárias ao duro trabalho do campo.
«Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão», dizia-se nas terras da beira raiana. O Pão era a base da alimentação das pessoas no século passado. Para se obter uma «fatiga» de pão os trabalhos começavam dois anos antes com a preparação da terra onde no final do primeiro ano se semearia o grão de centeio.
De todas as tarefas que se executavam no campo, a ceifa, não sei porquê, é aquela que mais despertou a minha atenção. Admito que tal fascínio tenha a ver com o facto de o pão, naquela época (décadas de 50 e 60 do século passado) ser a base da alimentação e a ceifa ser no fundo o colher do pão. Não consigo passar nenhum mês de Junho sem me vir à lembrança a forma como a ceifa era feita. Hoje vou partilhar.
