Fala-se muito na barragem do Sabugal, devido à seca e à continuação dos transvases para o regadio da Cova da Beira. Mas quanto a quem tornou a albufeira numa realidade e qual a sua real importância para o concelho do Sabugal, há muito a esclarecer.
Hoje, 13 de Julho, faleceu em Lisboa Esperança Marques, de 86 anos de idade, natural de Vila do Touro, concelho do Sabugal.
O ex-deputado Carlos Manuel Luís, natural da Vila do Touro, será o cabeça de lista do Partido Socialista à Assembleia Municipal do Sabugal nas eleições autárquicas deste ano.

No dia 18 de Maio, pelas 15 horas, a Casa de Portugal em São Paulo, recebe os naturais de Vila do Touro, para o lançamento de um livro escrito por um conterrâneo radicado naquela cidade brasileira.
«Memórias de um Garoto de Vila do Touro em Terras Brasileiras», é o sugestivo título do livro de António Maria das Neves, um natural da antiga vila e sede de concelho, agora freguesia do concelho do Sabugal. O livro, editado há dois anos no Brasil, relata as vivências de uma criança no seio da aldeia onde nasceu, revelando a prodigiosa memória do autor, que foi para o Brasil com a família ainda muito novo.
António Maria das Neves tem 17 irmãos, todos eles radicados em São Paulo, assim como outros naturais da sua aldeia beiroa, que no dia 18 de Abril estarão na Casa de Portugal, para assistirem e participarem na apresentação do livro. Após a apresentação da obra terá lugar uma reflexão e um debate acerca da importância do livro para uma comunidade que emigrou para terras longínquas e teima em manter vivo o sentimento da saudade e da portugalidade, nunca deixando de ter as terras de origem na memória.
Para além do autor do livro, também usará da palavra o dr. Carlos Manuel Luís, ex-deputado à Assembleia da República e actual secretário-geral da Fundação INATEL, que aí se reunirá aos seus conterrâneos emigrantes no Brasil. Carlos Luís fará uma comunicação intitulada «O imaginário colectivo na identidade de um povo».
plb
O bucho raiano de confecção caseira foi oferecido por Francisco Bárrios que juntou à mesa, pelo segundo ano consecutivo, um grupo de amigos na Casa do Concelho do Sabugal. Entre os convidados destaque para um iniciado nestas andanças do bucho raiano – o cantor Carlos Mendes – que chegou acompanhado de Carlos Luís, actual secretário-geral do Inatel. A conversa à volta do bucho (que estava excelente) foi animada com as estórias do anfitrião e de Adérito Tavares. Para o ano há mais…
O presidente da Casa do Concelho do Sabugal, José Lucas, aproveitou para mostrar já emoldurado o Diploma de Honra atribuído pela Confraria do Bucho Raiano à instituição.
jcl
Carlos Luís, natural de Vila do Touro, concelho do Sabugal, é o actual Secretário-Geral da Fundação INATEL. Na verdade este sabugalense dispensa apresentações: foi durante anos sucessivos deputado à Assembleia da República, eleito pelo Partido Socialista, mantendo-se sempre ligado ao Sabugal, onde já desempenhou as funções de presidente da Assembleia Municipal. Conversámos sobre a sua nova actividade, onde vieram à tona os seus conhecimentos sobre termalismo.
– Depois de tantos anos deputado, como é ser agora secretário-geral da Fundação Inatel? Trata-se de uma nova experiência, que o levou a deixar a política em definitivo?
– É de facto uma nova experiência, mas a política julgo que só a deixarei quando morrer, pois entendo que devo continuar a ter uma participação cívica e ética na sociedade. Essa é de resto uma obrigação de todos os cidadãos, que devem dar o melhor que sabem, no quadro das causas públicas.
– Na Inatel acaba por estar envolvido numa causa em que sobrevém o interesse público, dada a história e o papel importantíssimo que essa instituição tem na sociedade portuguesa…
– Penso que sim, porque a Fundação Inatel abrange um espaço de intervenção muito vasto. Desde logo o da cultura popular portuguesa. Por ali passaram grandes vultos da etnografia, como Michel Giacometti, Tomás Ribas, e outros, na recolha do cancioneiro tradicional português, indo ao encontro da essência da alma do nosso povo, que está plasmada em várias obras. Ao longo de 75 anos, homens e mulheres conseguiram realizar trabalhos com o apoio da Inatel, o que é uma riqueza incomensurável. Ainda no campo cultural a Fundação tem o Teatro da Trindade, e tem peças itinerantes que percorrem todo o país. Também temos a área da formação, em variados campos, como o teatro, o folclore, e a cultura popular em geral. No que concerne ao turismo sénior, a fundação movimenta por ano cerca de 65 mil pessoas, que correm o país de norte a sul. Se não fosse a Fundação Inatel não teriam essa possibilidade. Para além do turismo sénior, a fundação movimenta-se noutras áreas, como o termalismo, com duas estâncias termais, em Manteigas e Entre-os-Rios. Há ainda a contar com 22 unidades hoteleiras espalhadas pelo país. Temos o programa «Termalismo Solidário», através do qual 2.500 pessoas fazem termalismo a um preço simbólico, consoante os rendimentos que possuem, tendo direito a estadias e a tratamentos. Temos depois o chamado «Turismo Solidário», que abrange cerca de 10 mil pessoas com parcos recursos, que se encontram num quadro de pobreza ou muito próximo disso. Outro programa é o «Abrir as portas à diferença», que abrange pessoas com incapacidade superior a 75 por cento, com apoio governamental. Outra componente é o desporto amador, com a organização de campeonatos concelhios, distritais e nacionais.
– Os campeonatos desportivos amadores da Inatel são muito conhecidos…
– Sem dúvida, e abrangem um leque enorme de modalidades, desde a pesca desportiva, o pingue-pongue, bilhar, futebol, voleibol, basquetebol, enfim as mais variadas actividades. Temos dois complexos desportivos, o do Estádio 1º de Maio em Lisboa e o Complexo do Ramal do Porto, para além de vários pavilhões gimnodesportivos espalhados pelo país.
– Tendo em conta a experiência da Inatel ao nível termal, o que pensa do projecto de abertura das Termas do Cró no concelho do Sabugal? Considera que tem viabilidade, ou acha que é investir numa área já saturada e onde é difícil singrar?– Pode haver neste momento uma saturação do mercado, isto é, haverá, em termos globais, mais oferta do que procura. Mas em cada ano que passa o termalismo conquista centenas, ou milhares, de novos aderentes. Basta olhar para o caso das termas de S. Pedro do Sul, que é o de maior sucesso no país. Neste momento é o complexo termal melhor equipado a nível europeu, em termos técnicos e humanos. Teve ali lugar o Congresso Europeu de Termalismo, onde grandes especialistas e responsáveis por grandes estâncias termais europeias, que ali se reuniram, reconheceram o valor das termas de S. Pedro do Sul, ficando admirados com aquele complexo termal, que é uma realização conseguida em Portugal através de uma empresa municipal, que tem criado sinergias e uma riqueza enorme, com a criação de emprego na região em que se insere, ultrapassando todas as expectativas. Neste momento frequentam aquelas termas cerca de 50 mil pessoas, que de resto são as únicas do país que estão abertas durante todo o ano. Penso pois que o projecto das termas do Cró no concelho do Sabugal é um projecto do presente, que me parece ter garantias de futuro. Saúdo de resto essa iniciativa do meu concelho, que, segundo sei, obteve recentemente o direito a uma comparticipação financeira dentro dos programas de apoio ao termalismo, juntamente com o que também sucedeu com as termas de Manteigas, da Fundação Inatel.
– Pensa que o modelo de exploração das termas de S. Pedro do Sul, através de uma empresa municipal, pode ser seguido com sucesso nas termas do Cró?
– Não sei se pudemos fazer essa comparação. As termas de S. Pedro do Sul têm uma longa história. Consta que D. Afonso Henriques, tendo fracturado uma perna, foi ali para ser tratado. Ainda são visíveis as termas romanas, com o casco histórico muito impressionante. O balneário que lhe possibilitou maior expansão foi inaugurado pela rainha Dona Amélia, tornando-se a partir daí num espaço termal de referência, a que mais tarde o poder local deitou a mão, dado que era uma riqueza inesgotável da terra, com propriedades terapêuticas extraordinárias. Eu próprio sou termalista e um adepto dessas termas e noto que há uma adesão crescente dos cidadãos ao termalismo, até como alternativa à massificação do litoral. S. Pedro do Sul tem tirado partido desta tendência por ter condições de exploração já consolidadas, o que não é o caso das Termas do Cró, que estiveram fechadas durante décadas e que agora se pretendem reabrir.
– Considera então que só através de uma parceria privada é possível dar viabilidade ao projecto?
– Sobre isso digo o seguinte: dezenas de câmaras municipais ofereceram-nos parcerias, nomeadamente para sermos nós a explorar as estâncias termais, dado o nosso conhecimento nessa área. Mas a questão é que é necessário ir muito mais longe. É preciso haver um centro de informação muito bem montado, a nível nacional, para se captarem aderentes, porque isso não se faz de um dia para o outro. Tem que haver uma adesão consolidada. No termalismo, o melhor que se pode fazer é «passar a palavra», em que os que apreciaram umas termas, as aconselham depois a outros tendo em conta a sua própria experiência. O Município do Sabugal encontrará o melhor caminho para viabilizar a exploração, mas não pode deixar de ter em conta esses aspectos fundamentais.
– No Cró a construção do balneário está quase concluída. A partir daqui a exploração das termas pode avançar, ou acha que há outros factores essenciais a garantir previamente?
– Não conheço em pormenor o estado do projecto. Há muitos anos estive pessoalmente envolvido na compra do alvará das Termas do Cró à instituição do Dr. Dinis da Fonseca, mas neste momento confesso não estar suficientemente informado sobre o estado do projecto da Câmara para a sua exploração. Acredito que a Câmara e outras forças do concelho, bem como os cidadãos, estarão de braços abertos para a defesa deste projecto. Pelo que oiço os resultados dos tratamentos experimentais que têm sido levados a cabo são muito positivos, ou seja, os utentes que ali vão com problemas de saúde têm sentido melhoras. Assim sendo, há condições para a exploração ter viabilidade. Conjugando as termas com outras riquezas que o concelho dispõe, como a caça, a pesca, a realização de circuitos de montanha, e tendo em conta outras potencialidades endógenas, o termalismo, embora considerado sazonal, pode dar um fortíssimo contributo para o desenvolvimento do nosso concelho.
– Sendo um sabugalense que amiudadamente vai ao concelho, qual a ideia que tem da necessidade de uma ligação do Sabugal à A23, projecto que aliás a Câmara custeia por inteiro, mas que não há forma de conhecer a luz do dia?
– Nunca estivemos tão distantes e tão perto. Distantes porque o interior continua a desertificar-se, com as aldeias em declínio, sem conseguirem manter a vida activa que tiveram em tempos. A própria sede de concelho perde dinamismo, porque lhe falta juventude. Por outro lado estamos mais perto dos grandes centros urbanos, porque nos passam ao lado duas importantes auto-estradas. A meu ver a ligação à A23 e à A25, resolve-se melhorando a estrada nacional que liga o Sabugal à sede de distrito, pois as duas auto-estradas unem-se na Guarda. Por outro lado, haveria também uma melhor ligação a duas vias-férreas, a da Beira Alta e a da Beira Baixa, pese embora esta esteja interrompida, ou assegurada apenas por uma automotora entre a Guarda e a Covilhã. Mas a linha da Beira Alta está activa e com a crise que atravessamos o comboio ganha novamente grande importância, pois teremos de voltar a utilizar os transportes colectivos e o comboio é um transporte de excelência. Eu continuo a utilizar o comboio quando vou à Guarda, nomeadamente o inter cidades, que oferece um óptimo serviço. Penso portanto que a grande melhoria para o Sabugal em termos de acessibilidades seria a requalificação da ligação à Guarda, até porque não podemos andar a construir em duplicado. Os tempos são de crise e temos de racionar os gastos.
plb
Alguns «ilustres» juntaram-se ontem, 12 de Março, na Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa. O pretexto foi o almoço com desgustação dos sabores tradicionais da raia, a amizade e o gosto pelas nossas terras.