Richard Kelly realizou um dos grandes filmes de culto da primeira década deste século: «Donnie Darko». Depois de uma aventura meio falhada com «Southland Tales», o realizador norte-americano regressa com «Presente de Morte».

Pedro Miguel Fernandes - Série B - Capeia ArraianaCom um título que mais parece saído de um filme de terror (pelo menos na tradução portuguesa, pois no original «Presente de Morte» é «The Box», ou seja, a caixa em português) o mais recente filme de Richard Kelly pouco tem a ver com este género. Em «Presente de Morte» um casal na casa dos 30 anos (James Mardsen e Cameron Diaz) recebe a visita de um estranho que lhes oferece uma caixa onde se encontra um botão, semelhante aos que se vêem nos concursos televisivos. Este estranho personagem, uma grande e sinistra interpretação de Frank Langella faz-lhes uma proposta: se carregarem no botão recebem um milhão de dólares e alguém que não conhecem morrerá, dando-lhes um dia para decidir o que fazer.
Desta forma «Presente de Morte» coloca os dois personagens principais perante um dilema moral de facto curioso. Seria legítimo receber uma pipa de massa em troca da morte de alguém, mesmo com os problemas financeiros à perna? Acaba mesmo por ser um dilema que aparece quase na altura certa, em que muitas pessoas atravessam graves problemas precisamente pela falta de dinheiro.
Cameron DiazMas o filme de Richard Kelly vai para além deste dilema e parte para terrenos que já tinham feito sucesso em «Donnie Darko». Infelizmente o resultado não é o mesmo, pois uma boa ideia não se repete e falta a «Presente de Morte» melhores actores. Tirando Frank Langella, que tem aqui um excelente vilão, os actores que compõem o casal não convencem. Sobretudo Cameron Diaz, que parece talhada para outro género de filmes.
«Presente de Morte» não deixa de ser um bom filme, algo diferente do que é normal estrear. E para os adeptos da música mais alternativa, há sempre a hipótese de ouvirem uma banda sonora criada por Win Butler e Régine Chassagne, dois dos membros da banda canadiana Arcade Fire, e Owen Pallet.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes

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