O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Almeida Fonseca, vai estar na Guarda no próximo dia 20 de Maio, no âmbito da realização do VII Encontro Nacional dos Estudantes Maienses em Portugal, promovido pela associação que agrega os estudantes caboverdianos naturais da ilha do Maio.
O Grogue é a aguardente tradicional de Cabo Verde, e o melhor grogue é o que é produzido a partir da cana sacarina dos regadios de Santo Antão, a ilha onde está sedeada a Confraria do Grogue, a «Congrog», a única que por enquanto existe no país. Estivemos na maior das ilhas cabo-verdianas do barlavento, onde, na cidade da Ponta do Sol, falámos com Alberto Carlos Lima, o fundador e confrade-presidente da Confraria do Grogue.
– Há quanto tempo foi fundada a Confraria do Grogue?
– Foi há quatro anos, realizámos este ano de 2012 o nosso quarto capítulo, onde entronizámos alguns novos confrades. Passámos a contar com 104 confrades efectivos após este capítulo.
– São a única confraria de Cabo Verde, por enquanto, mas sabemos que mantêm contactos regulares com confrarias portuguesas…
– Sim, nomeadamente com a federação das confrarias portuguesas, com a sua presidente, a Dra Madalena Carrito, que já esteve aqui em Santo Antão, num capítulo. Também já estivemos em Portugal em capítulos de confrarias e é nosso confrade de honra o Dr Jaime Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares e Juiz da Confraria da Chanfana.
– Têm outros confrades de honra?
– Sim, homenageámos já várias personalidades dando-lhes o título de confrades de honra, como por exemplo os presidentes de todas as câmaras da ilha de Santo Antão, que são quatro, e o ex-presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, entre outros.
– Ao que se fala, o grogue é um produto típico de Cabo Verde que é produzido em várias das suas ilhas. Qual a razão pela qual a confraria do Grogue foi fundada em Santo Antão?
– Porque o grogue produzido em Santo Antão é o mais genuíno de Cabo Verde. O verdadeiro grogue cabo-verdiano é aqui de Santo Antão.
– O que é que o diferencia do grogue das restantes ilhas?
– Muita coisa. A forma de o fazer, a partir da cana do açúcar e segundo o método tradicional, e também o paladar e o aroma. Muito do grogue que se fabrica em Cabo Verde é feito a partir de açúcar e não da cana-de-açúcar como aqui se faz. Esta ilha produz cana-de-açúcar, que é de onde se extrai o grogue, e é preciso ter em conta que a maior parte das restantes ilhas nem sequer produzem cana – como é que podem produzir o grogue tradicional?
– O grogue de Santo Antão está certificado?
– A Congrog está agora a tratar desse processo, que passa por diversas burocracias e por várias entidades.
– Quais são as principais actividades da Congrog?
– Para além dos capítulos anuais, fazemos reuniões de convívio e jornadas em que se debate a forma como devemos defender o nosso produto. Muitos dos nossos associados são fabricantes de grogue e estão muito interessados em valorizar o produto.
plb
De passagem por Cabo Verde, por razões profissionais, aproveitámos um dia livre dos afazeres do serviço para uma deslocação à ilha de Santo Antão, no extremo oeste do arquipélago, onde observámos as abruptas falésias, visitámos os esplêndidos vales verdes e conhecemos os amigos da Confraria do Grogue.
Da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, embarca-se no ferry para a ilha de Santo Antão, que fica a apenas uma hora de navegação. O barco sulca diariamente as águas levando povo e turistas. Estes são sobretudo gente nova, franceses e alemães, que procuram os percursos montanhosos da ilha verde para saudáveis caminhadas. O barco transporta também viaturas, muitas delas camiões carregados de tudo o que os ilhéus do barlavento necessitam.
O barco acostou no Porto Novo, uma pequena cidade que vive da economia do porto marítimo, onde as gentes se encostam ao cais oferecendo o serviço de transporte aos turistas que chegam.
Optámos por procurar o mesmo transporte que os autóctones utilizam para se deslocarem à Ribeira Grande, a maior cidade da ilha, que dista quase uma hora de viagem por uma estrada sinuosa junto à costa, cavalgando as falésias íngremes e rochosas.
Já na Ribeira Grande procurámos pela Confraria do Grogue. Fomos informados de que para se contactar a confraria seria necessário ir à Câmara Municipal, na Ponta do Sol, e falar com o Carlos Bituca, o grande dinamizador do movimento confrádico em Cabo Verde. Uma nova tomada de transporte, numa carrinha, e chegámos à Ponta do Sol, onde entrámos no edifício da Câmara.
Lá estava o confrade-presidente da Confraria, Alberto Carlos Lima, também conhecido por Bituca, acompanhado pelo também confrade Jorge Pires.
Quem é confrade vê as portas abertas em toda e qualquer parte do mundo… E afirmamos isto, porque bastaram dois minutos de conversa e uma singela troca de adereços (uns pin’s de pôr na lapela) para, acto contínuo, sermos introduzidos no gabinete do presidente da Câmara, o dr Orlando, que dirigia a reunião ordinária dos vereadores. O dr Orlando, que é também um dos fundadores da Confraria do Grogue e grande entusiasta das suas actividades, afirmou-nos conhecer o presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, que há poucos meses esteve na ilha. Informado sobre o que era um bucho, confessou não quer morrer sem provar essa iguaria raiana e sem ir ao Sabugal visitar o autarca congénere.
Depois de uma conversa com os confrades do grogue, estes levaram-nos num jipe, viajando pelos deslumbrantes e férteis vales da ilha. Valeu a pena, porque observámos paisagens espectaculares, que nunca imaginámos existirem em Cabo Verde. Há plantios sucessivos de cana de açúcar (com a qual se faz o grogue) no fundo dos vales e em socalcos que escalam a montanha. Observam-se também palmeiras, mangueiras e, mais acima, pinheiros e outras espécies florestais, constituindo tudo uma paisagem luxuriante que merece a pena visitar.
Parece a ilha da Madeira, com as suas montanhas íngremes, com fartura de árvores e de água correndo pelas encostas, até no nome das terras: Ribeira Grande, Ponta do Sol, Paul.
Numa das encostas, num local chamado Boca da Coruja, entrámos no hotel Pedracin Village, composto por um conjunto de casinhas típicas, construídas em pedra, que se espalham pela encosta. O local está pejado de turistas que ali vêm encontrar-se com a natureza, fugindo ao reboliço das praias e dos resorts que estão instalados em ilhas como a do Sal e da Boavista.
Fomos recebidos pelo proprietário, o confrade e presidente da assembleia-geral da Confraria do Grogue, José Pedro Oliveira, que nos serviu um grogue da terra, e uma saborosíssima refeição típica de carne e peixe.
Valeu a pena conhecer os amigos da confraria do Grogue, que no dia 1 de Abril tiveram o seu capítulo anual, na cidade do Paul, na fabulosa ilha de Santo Antão.
plb
O deputado do PSD Manuel Meirinho, natural do Soito, concelho do Sabugal, foi eleito Vice-Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal – Cabo Verde, que integra 12 deputados da Assembleia da República oriundos dos vários partidos com representação parlamentar. Ler Mais
Visitei esta semana pela segunda vez a prisão do Tarrafal em Cabo Verde. Em ambas as visitas, os silêncios dominaram o percorrer daquele que também ficou conhecido como o «Campo da Morte Lenta». Nos silêncios ouviam-se os gemidos daqueles que por lá passaram. Nos silêncios ouvia-se a força da razão e da luta de todos os que querendo um pais melhor e diferente resistiram à tortura, à solidão, ao sofrimento, porque sabiam que da sua luta haveria de nascer uma alvorada de cravos vermelhos.
Ler MaisEm Cabo Verde, todas as ocasiões são boas para uma festa. E a alegria aqui nasce de improviso e é deveras contagiante. Haja encontro de amigos e venha à mão uma viola, que logo se arma uma sessão de música e de canto em que todos imediatamente se envolvem. Ler Mais
Numa casa histórica da parte velha da cidade da Praia, capital de Cabo Verde, está instalado o Museu Etnográfico, onde se guarda e exibe a memória do povo caboverdiano, através da mostra de objectos antigos, que fazem, ou já fizeram, parte do quotidiano. Ler Mais
Capeia Arraiana também está em Cabo Verde, e foi à praia do Tarrafal, na ilha de Santiago, onde pequenos barcos de pesca artesanal se alinham no areal, enquanto outros chegam, trazendo o produto da safra. Um dos barcos ostenta na proa a silhueta do revolucionário Che, numa espécie de esconjuro à memória do tempo em que esta terra ficou tristemente ligada à opressão salazarista. Ler Mais
Pela mão amiga de Horácio Pereira fomos à Roussada, onde provámos o celebérrimo atum da barrica que nos foi preparado pelo Senhor Batista afamado e dedicado cozinheiro que gere o bar do Grupo Desportivo e Recreativo de Brejos e Roussada.
A posta cozida de atum da barrica é um prato típico da zona saloia que é próprio do tempo em que se bebe a água-pé. E isso tem a sua lógica. Trata-se de comer algo salgado, o que puxa muito pela pinga e, assim sendo, é melhor beber água-pé do que vinho puro, pois este sobe mais rapidamente à cabeça.
As postas de atum vêm imersas numa salmoura. Noutro tempo vinham dentro de uma barrica de madeira, mas agora chegam dentro de um grande balde de plástico, num triste sinal de modernidade.
Para lhe retirar parte do sal, o atum é colocado um dia e uma noite dentro de água, com várias mudas. No momento da sua confecção o atum é primeiramente cozido de volta com couves de corte, que são as couves-galegas, ou tronchas, com que se faz o caldo verde. Esta primeira e ligeira cozedora de volta com as couves tem por efeito retirar-lhe um certo travo ácido. Depois o atum é então bem cozido de volta com hortaliça e batatas numa grande panela.
Já no prato do comensal, o atum da barrica, as batatas e a hortaliça requerem uma boa regadela de azeite. O forte teor de sal pede também uma boa pinga, mas que não seja muito forte, porque a grande propensão para beber pode ter más consequências. Entre a malta saloia, há relatos de comezainas de atum da barrica em dias de caça ou de outro convívio, em que após o almoço nada mais se faz, que não seja deborcar copos de vinho ou de água-pé.
O Senhor Batista serve petiscos aos amigos, desde que um número mínimo se junte e lhe encomende a ementa. Para além do atum da barrica gosta de dar preparo a arroz de cabidela, sopa de pedra e cozido à portuguesa. Diz quem provou que ele é um dos bons cozinheiros da região saloia.
plb
O Capeia Arraiana esteve em Cabo Verde, onde calcorreou as estradas da ilha de Santiago e as ruas da cidade da Praia, testemunhando que vive ali um povo feliz que, mau grado as agruras da vida, gosta de se divertir, de comer bem e de receber com amizade os que vão de visita. O peixe grelhado na brasa é uma das maravilhas gastronómicas presente em todos os restaurantes. Ler Mais