Desconhecia que 8 de Maio é o Dia Internacional do Burro. E qual é o dia da espécie humana? Talvez não se comemore essa efeméride porque, apesar de toda a epidemia, estamos longe das vias de extinção e somos a espécie dominante da Terra.

Desconhecia que 8 de Maio é o Dia Internacional do Burro. E qual é o dia da espécie humana? Talvez não se comemore essa efeméride porque, apesar de toda a epidemia, estamos longe das vias de extinção e somos a espécie dominante da Terra.
Quantas alegrias deste à garotada por uma cavalada! Se acompanhávamos os pais ou só a mãe para um prédio mais longe, como o Covão, tinhas de carregar com os quatro ou, pelo menos, com três, um sobre o teu pescoço e o último quase a cair do rabicho. Eras o meio de transporte de pessoas e materiais. Eras tu que carregavas com as andilhas com quatro cântaros cheios de água que daria de beber aos donos ou serviriam para fragar a casa. Mas também com as cangalhas, quando era preciso carregar esterco, palha ou lenha. Também te punham os alforges para ires ao mercado e vires de lá carregado de coisas que alegrariam a criançada e abasteceriam a casa. Melancia, melão, cerejas, frutas diversas, cebolas, feijões, pífaros de barro, e sei lá que mais! Alguns até te arranjavam um carrito ou carroça para transportares mais coisas. Coitado de ti! Confundiam-te com uma vaca ou um macho.
O burro é um animal doméstico que foi muito maltratado e desconsiderado ao longo dos séculos. Na verdade, a sua extrema paciência, o excelente temperamento, a perseverança no trabalho e a resignação nas longas fadigas, deveriam fazer dele um animal heróico e de elevadíssima consideração.
A aldeia de Carpinteiro, no concelho da Guarda, organizou uma concentração de burros no passado domingo, onde se juntaram 19 animais. Esta foi a terceira edição de uma iniciativa original com o objectivo de incentivar as pessoas a manterem a posse dos burros, assim lutando contra a sua extinção.
A organização foi da Associação Cultural e de Melhoramentos de Carpinteiro, que tem prestado atenção aos valores tradicionais da aldeia, promovendo iniciativas que visam a sua promoção.
O facto de apenas se terem conseguido concentrar 19 asnos diz bem do perigo de desaparecimento deste animal das aldeias do Interior, onde antes abundava dado o seu precioso auxílio às tarefas agrícolas de que a população se ocupava.
Mesmo assim Carpinteiro é uma das aldeias da Guarda com maior número de burros, criando-se com estas iniciativas a ideia de que o seu número não pode decrescer. Há mesmo o caso de pessoas que garantem a presença do burro na «corte» apenas para contribuírem na luta contra o desaparecimento da espécie, exibindo-o depois com orgulho neste evento anual.
Os burros presentes participaram num vistoso desfile. Muitos puxaram à carroça, apresentando-se devidamente ajaezados, para gáudio das muitas pessoas que observaram a concentração dos animais.
Todos os participantes tiveram direito a um certificado de participação, sendo ainda distribuídos alguns prémios. O vencedor foi um burro chamado «pardo», pertencente a uma habitante da aldeia, de nome Deolinda Tomé. O belo exemplar asinino puxava uma carroça alusiva à actividade de padeiro.
Para o ano a concentração terá uma nova edição.
plb