• O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica

Menu
  • O Primeiro
  • A Cidade e as Terras
  • Contraponto
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica

Etiqueta: bruxelas

10 Maio 2017

Rostos da Emigração ou Contos Consulares

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins

«Contos Consulares» poderia ter sido o título do meu último livro ao qual designei «Rostos da Emigração». Sabemos que cada rosto é uma vida, um romance, um filme.

Rostos da Emigração de Joaquim Tenreira Martins
«Rostos da Emigração» de Joaquim Tenreira Martins
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Bélgica, Livros, Pedaços de Fronteira, Vale de Espinho bruxelas, joaquim tenreira martins, rostos da emigração Deixar Comentário
31 Março 2017

O bucho raiano em Bruxelas

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins

Não vão dizer que se comeu Bucho Raiano em Bruxelas em plena quaresma. Mesmo se esta cidade foi sempre uma terra acolhedora de dissidentes políticos e religiosos de outros países, convém não espalhar a notícia que pode sempre ferir susceptibilidades menos bem formadas.

Os confrades Joaquim Pinto da Silva e Joaquim Tenreira Martins prontos a degustar o bucho
Os confrades Joaquim Pinto da Silva e Joaquim Tenreira Martins prontos a degustar o bucho
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Confraria Bucho Raiano, Pedaços de Fronteira, Vale de Espinho bruxelas, bucho raiano, joaquim pinto da silva, joaquim tenreira martins Deixar Comentário
21 Maio 2016

O grande Amadeo de Sousa Cardoso

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins

Fiquei deveras orgulhoso ao visitar a exposição de nosso compatriota, o pintor Amadeo de Sousa Cardoso, em Paris, no Grand Palais, patente ao público até ao próximo dia 18 de Julho. Tinha já visto as exposições deste pintor na Europália de Portugal em Bruxelas, em 1991, e na Gulbenkian, em 2006, mas foi nesta que percebi a grandeza e a profundidade deste artista. Senti-me mais português ao ver um dos nossos, agora reconhecido no Grand Palais, no mesmo espaço onde ainda há pouco tempo tinham sido expostos nomes que dispensam apresentações, como Velasquez, Picasso e E. Hopper…

Corpus Christi de Amadeo Sousa Cardoso - Capeia Arraiana
«Corpus Christi» de Amadeo Sousa Cardoso
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Cultura, Pedaços de Fronteira, Vale de Espinho amadeo sousa cardoso, bruxelas, joaquim tenreira martins 3 Comentários
02 Abril 2016

De Bruxelas, com todas as emoções

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins

Depois dos últimos atentados de Paris, no mês de Novembro, era de esperar a vez de Bruxelas, capital das instituições europeias. E quando a violência e a morte rodam à nossa volta, é difícil encontrar as palavras para exprimir as nossas emoções.

A tragédia parece ter-se instalado no quotidiano das nossas vidas
A tragédia parece ter-se instalado no quotidiano das nossas vidas
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Bélgica, Opinião, Pedaços de Fronteira, União Europeia, Vale de Espinho bruxelas, joaquim tenreira martins Deixar Comentário
24 Março 2016

Postal TV (113)

Por José Carlos Mendes
José Carlos Mendes

Os atentados na Bélgica dominam as nossas horas de informação TV – manhã, tarde, noite e noite dentro. O excesso vira obsessão. Solidários, sempre. Obcecados e com lucros derivados das audiências, nunca. Pense nisso…

Eu sou… Bruxelas
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Casteleiro, Opinião, Postal TV bruxelas, josé carlos mendes 1 Comentário
12 Janeiro 2015

Joaquim Tenreira Martins – 40 anos a servir Portugal

Por Capeia Arraiana
Capeia Arraiana

Joaquim Tenreira Martins, mais conhecido por «Senhor Martins da Embaixada». Um nome, um rosto, uma postura. O assistente social, diligente e interessado… O confidente, em quem se podia confiar! Eloquente e dedicado, sabia como informar, aconselhar, orientar…

Dr. Joaquim Tenreira Martins Serviço Social e Jurídico da Embaixada de Portugal na Bélgica
Dr. Joaquim Tenreira Martins Serviço Social e Jurídico da Embaixada de Portugal na Bélgica
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Hoje destacamos..., União Europeia, Vale de Espinho antónio luís rodrigues fernandes, bruxelas, embaixada, joaquim tenreira martins 1 Comentário
02 Março 2012

Bruxelas considerou ilegais portagens nas ex-SCUT

Por leitaobatista
leitaobatista
União Europeia - Bruxelas - Capeia Arraiana (orelha)

A Comissão Europeia (CE) advertiu o Estado português para alterar normas nacionais relativas à introdução de portagens nas ex-SCUT que são contrárias à legislação comunitária, após a análise de uma queixa da Câmara de Aveiro, revelou hoje esta autarquia.

A25 - Pórticos - Tarifas - Capeia Arraiana
Pórticos na A25 (foto: D.R.)
Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Beira Alta, Beira Baixa, Beira Interior, Beiras, Bélgica, Internacional, Nacional / Internacional, Política, Transportes A23, a25, bruxelas, portagens, scut, união europeia Deixar Comentário
01 Fevereiro 2012

Ao redor de um Bucho Raiano

Por leitaobatista
leitaobatista
Joaquim Tenreira Martins - Opinião - Capeia Arraiana

Tal como ao redor da lareira, a ouvir o crepitar de um lume vivo, assim nós nos encontrávamos todos satisfeitos, em volta de um Bucho Raiano, algures, no começo de uma longa noite, em Bruxelas, entre meados de Janeiro e o Carnaval.

Aqueles três homens e três mulheres estavam ali a festejar uma tradição que se transmitiu durante séculos e tenho a impressão de que só o olhar suave de um Bucho Raiano gorducho e redondinho, mas por demais astuto e vivaço, nos poderia fazer a contagem dos anos que o têm contemplado ao largo de tantas gerações.
Também não sabemos quantas lendas nos poderiam ter enfeitiçado para nos sentirmos como que endemoninhados perante um quase deus que ao mesmo tempo veneramos, nos encanta e alimenta. De que miragem fascinante andaríamos nós à procura?
Já cheirava a infância e a ternura, e repassavam pela nossa mente os gestos rituais das nossas mães e avós, quando o bucho nos activou as papilas gustativas, ao vê-lo todo rosado em cima da mesa. Parecia ter já bebido alguns copos de um clarete sorrateiro. Mesmo com as faces e as maçãs do rosto afogueadas, ainda não tinha perdido a sensatez ancestral de quem nos traz o sustento, a tradição, o encanto e a emoção de estarmos juntos.
Com o religioso silêncio, interrompido apenas pelo tilintar dos talheres e apressados para principiar um ritual iniciático, já estava preparado o ambiente para a evocação de lendas e tradições imemoriais ao redor de um Bucho Raiano. O anfitrião e confrade privar-se-ia de repetir os contos romanescos da sua infância e também nada diria sobre as múltiplas viagens ao interior de si próprio. Procuraria proporcionar uma atmosfera condigna, própria de um ritual legendário para favorecer o enlevo que brotaria espontaneamente das raízes e da memória.
Ambiente estranho este de estar em frente, melhor dito, em redor de um bucho. Todas as crenças, contos, lendas e produtos capitosos de uma terra se entremisturam para dar lugar ao dialogo amistoso e criativo que nos avivava o prazer de estarmos juntos. As histórias que cada um de nós tinha vivido ao longo da vida cruzavam-se com o olhar atento de um bucho que sabia observar, ouvir e interpelar para que a comunicação não se esgotasse num simples acto de levar à boca e que iria ter lugar dali a instantes. Este genuíno raiano de bucho pretendia assumir-se como uma caixa de ressonância, a transmitir-nos os ecos que evocavam a nostalgia e a saudade.
Mas este não era qualquer bucho. Era o Bucho Raiano! E já estávamos a esquecer este predicado distintivo e alusivo a culturas destinadas por natureza à ameaça e à extinção, simplesmente por estarem na fronteira e no interior. Porém, entre os convivas alguém as teria considerado ainda mais fecundas por terem resistido corajosamente entre dois mundos. A tradição teve a oportunidade de se afirmar ao longo dos séculos, mas não deixou de estar à escuta e com a porta aberta a outras culturas que nos alargavam os horizontes. Pudemos comparar, pudemos provar outros gostos, mas nem o rodar do tempo, nem as constantes passagens de forasteiros pela fronteira conseguiram destruir a tradição que se enraizou na nossa memória réptil, deixando-nos ficar um sabor constante e indelével que faz parte da nossa tradição cultural e gastronómica.
Este instinto de ir ao encontro e de observar tivemos o privilégio de o experimentar do cimo das serranias da nossa Serra da Malcata e dos vários montes que a constituem e a circundam. Das suas alturas pudemos olhar para mais longe, para outros mundos e não ficámos limitados aos horizontes que nos rodeavam, nem tão pouco asfixiados com o que tínhamos e comíamos.
E, a propósito do Bucho Raiano, já estávamos longe demais. É quando acordámos do nosso enlevo, já o professor Carvalho Rodrigues nos tinha conduzido para bem mais longe. Tínhamos passado várias fronteiras e estávamos já no Egipto, em companhia do Santo Antão. Este sim era um valente raiano e amigo dos buchos, das chouriças, dos porcos, dos presuntos, dos salpicões, das farinheiras e das farinhatas e de todas as tentações que de dia e de noite o assediavam. Não admira pois que também os grandes pintores como Jerónimo Bosch se tenham lembrado dele para o imortalizar numa pintura denominada as Tentações de Santo Antão, cujo belíssimo quadro, antes de chegar a Lisboa teria passado certamente pela raia sabugalense, itinerário fronteiriço obrigatório para chegar à capital do Reino.
O saco do bucho é um verdadeiro ninho de tentações. É o topo da raia humana atiçado por todas as seduções que nos assolam. A umas resistimos, mas a outras abrimos as portas, saboreando-as gostosamente até à medula dos ossos, inebriados com o prazer exacerbado da gula pecaminosa.
Que mistura esta da natureza tórrida, da concupiscência endiabrada e da ascética salamanquina ou avilena que se entrelaçam em vésperas de um tempo quaresmal, de deserto e de privações como se o mundo aqui terminasse!
Todo o saber acumulado num bucho raiano não caberá certamente na Livraria Orfeu, do Joaquim Pinto da Silva, observador atento aos sabores literários escondidos na raia beirã e que não deixava de manifestar a sua admiração pelos saberes acumulados numa peça de arte e tradição que se ia consumindo em cima de uma mesa à volta da qual não arredávamos pé. A sua Foz do Douro estava por um momento esquecida!
Eram os preparativos de um terceiro capítulo que se aproximava a passos largos. Tínhamos feito naquela noite uma longa viagem em companhia do fiel e solidário amigo Bucho Raiano. Agora, familiarizados com a sua amizade, iríamos com mais confiança ao seu encontro, em romagem peregrina, à escuta de um bom momento de inspiração e abertura a uma cultura e gastronomia ancestrais.
Joaquim Tenreira Martins

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Confraria Bucho Raiano, Gastronomia/Bebidas, Internacional bruxelas, bucho raiano, tenreira martins 4 Comentários
02 Junho 2011

«O Sabugal e as Invasões Francesas» em Bruxelas

Por leitaobatista
leitaobatista
Invasões Francesas - Paulo Leitão Batista - © Capeia Arraiana

O Sabugal e as Invasões Francesas anda agora de terra em terra. Depois de ter estado no Auditório Municipal do Sabugal, a quando das comemorações da Batalha do Sabugal, no dia 2 de Abril, passou pela Casa do Concelho do Sabugal, em Lisboa, no dia 19 Maio, onde estiveram os três autores e, no dia 31 de Maio, foi apresentado na Livraria Orfeu, em Bruxelas.

Ler Mais

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Cultura, Invasões Francesas, Livros, Sabugal bruxelas, carvalho rodrigues, editora orfeu, joaquim tenreira martins, manuel mourão, paulo leitão batista, pina monteiro Deixar Comentário
23 Maio 2011

Bucho raiano e Batalha do Sabugal em Bruxelas

Por leitaobatista
leitaobatista

Quando os grandes espíritos se encontram é um verdadeiro acontecimento. Mas quando os grandes espíritos se encontram à volta de uma boa mesa, onde o Bucho Raiano é senhor e rei, então é uma autêntica festa. Por natureza, o bucho é todo vaidoso. Vai da sua fisionomia. Aproveita a barriga para se ufanar e se mostrar todo pimpão.

o anfitrião apresenta o Senhor Bucho da esquerda para a direita: Pinto da Silva, Carvalho Rodrigues, Anfitrião, Pina Monteiro, Lopes da Silva e respectivas esposas, e ainda Alice e Guilherme conversando com o Gen. Pina Monteiro

Clique nas imagens para ampliar

– À mesa não há melhor do que eu, pretende ele dizer.
– Cala-te, diria o anfitrião. Não fales muito depressa porque ainda vamos ver. Tens de convencer os convivas e, sobretudo, as senhoras e as crianças, porque, isto já não é como dantes. A variedade é tanta que já não estamos condenados a comer-te por tradição. Tens de te impor pelo sabor e pelo bom gosto para superares a tradição, porque, se assim fosse, então ficarias reduzido ao teu interior beirão raiano e só os que lá iam, no Inverno, é que teriam a coragem de te comer.
O Senhor Bucho compreendeu a observação e ficou calado, até porque à mesa do anfitrião se encontravam personalidades que não se compadeceriam do seu carácter anarquista e impulsivo, ás vezes quase sem educação. Se tudo aquilo é porco, o que é que se poderá esperar?
Pois é, mas ele é também muito inteligente. No centro da mesa, a sensibilidade intuitiva permite-lhe usar da sua argúcia para observar cada um dos convivas à sua volta. É o único que percebe quem gosta ou quem não gosta.
Já agora, Senhor Chanceler, permita-me que introduza algumas inovações na confecção do Senhor Bucho, pois temos de acompanhar a evolução dos tempos, à luz de novos conhecimentos científicos. Para evitar que se martirize durante 3 ou 4 horas a cozer dentro do molho inicial, o anfitrião decidiu espetar numerosos palitos à volta da barriga. Deste modo, o Bucho não corre o risco de rebentar e todo o molho gordurento sai pelos orifícios dos palitos. Evita-se aquela antiga receita de o envolver numa meia ou num saco de plástico. Que horror! O Prof. Carvalho Rodrigues, com o seu olho científico-clínico, e que se encontrava ao meu lado, confirmou que se tratava de um verdadeiro método para tirar as gorduras ao bucho.
Ficamos com vontade de saber se haveria alguma relação entre o Bucho e as invasões francesas. Teríamos de investigar se os franceses ou os ingleses teriam saboreado esta iguaria nas nossas terras raianas. E o editor Joaquim Pinto da Silva achava que poderia ser matéria para um próximo livro. O Tenente-Coronel Lopes da Silva, que já escreveu sobre a cavalaria no tempo das invasões francesas, prometeu-nos a sua preciosa ajuda.
E o Bucho continuava atento, a ouvir histórias de Casal de Cinza, do austero e míope Cónego Messias Coelho (não se podia dizer tudo por respeito pela sobrinha ali presente, e que bela coincidência!), grande teólogo da Guarda, venerador de cães por serem mais inteligentes que os homens e sobretudo as mulheres que considerava desprezíveis se não tivessem um mínimo de argúcia.
Já íamos fazer a reconstituição da Batalha do Sabugal, mas o General Artur Pina Monteiro achou por bem reservá-la para o próximo dia 31 de Maio, na Livraria Orfeu, onde ele próprio se propõe apresentar o livro “O Sabugal e as Invasões Francesas”. Mas que honra! Talvez por culpa do Bucho, divagou-se até à Flandres, para evocar a comemoração da batalha de La Lys, onde quase todos os presentes tinham acompanhado o General Pina Monteiro que ali representou, com a maior dignidade, as Forças Armadas Portuguesas. Recuámos até à guerra da restauração da independência de Portugal, às constantes escaramuças, ainda por escrever, (os historiadores estão muito preguiçosos, dizia o Prof. Carvalho Rodrigues!) entre os espanhóis e os portugueses da raia beirã.
O Bucho já mal ouvia, tinha quase desaparecido no interior de cada um de nós. Perante as qualidades inigualáveis do seu sabor, já todos pretendiam ter origens nas terras do Bucho, nem que fosse por um cabelo. Claro que quanto ao General Pina Monteiro e ao cientista Prof. Carvalho Rodrigues não restavam dúvidas. O Bucho reconheceu-os logo. Também não se fez rogado em reconhecer o historiador militar que já tinha percorrido em pensamento, em estudo e na realidade as nossas boas terras beirãs, e igualmente o editor que, por portas e travessas, recebe, na sua mansão da Foz, as cristalinas águas do Côa, indispensáveis na confecção do famoso Bucho Raiano.
Não admira, pois, que um jantar de Bucho Raiano, tão longe das nossas terras, possa torná-las tão presentes como se estivéssemos ali ao pé.
Joaquim Tenreira Martins

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Confraria Bucho Raiano, Gastronomia/Bebidas bruxelas, carvalho rodrigues, joaquim tenreira martins, pinto monteiro 1 Comentário
02 Maio 2011

Em Bruxelas, o Bucho Raiano convenceu!

Por leitaobatista
leitaobatista

Comer Bucho Raiano fora do tempo, fora de Portugal, e com colegas e amigos fora da região onde o bucho nasceu, poderá ser uma ousadia gastronómica um tanto ou quanto aventureira.

Joaquim Tenreira Martins

Joaquim Tenreira MartinsNão é que eu tenha algum receio de servir bucho a qualquer altura do ano. Não. É mais por respeito pelo Senhor Bucho, pois nunca se sabe como é que este poderá reagir. Não pensem que não dá conta que, de um momento para o outro, não se encontra no seu meio natural. Ele é deveras inteligente! Mesmo que não se observem as suas reações, percebe bem as reações dos seus comensais. Observa mesmo quem o aprecia ou não. Claro que quem não o conhece, olha para aquela peça enorme, arredondada, fumegante e de cor acastanhada com muita curiosidade e apreensão. E quando o confrade o começa a esventrar, meu deus, que cheiro se espalha pelos ares! Os olhos dos convivas centram-se no Senhor Bucho. Mas, todo vaidoso, não lhe apetece dizer nada. Observa e regala-se todo, ao sentir que é o centro de todas as atenções. Ele é o Senhor Bucho! E, quando já esventrado, começa a pingar de untuosidade, então começa a olhar mais compenetradamente para os seus comensais. Constata que as narinas já estão repletas do delicioso cheiro bem característico que exala do seu corpo, e que os lábios não param de mexer de ansiedade, e que a saliva não tem mais paciência para se privar do famoso dito cujo, não cessando de engolir em seco.
Claro que o anfitrião e confrade, quando pega no bucho para o começar a cortar, não perde a oportunidade para dar algumas informações acerca do Senhor Bucho, sobretudo de o situar no contexto da tradição do calendário litúrgico e aldeão das nossas terras raianas beirãs; de dizer como era fabricado; em que altura se comia; o que normalmente contem, sem se privar de fazer uma pequena aula de anatomia porcina que acaba sempre, sem se dar por isso, por ferir as susceptibilidades das pessoas mais sensíveis
– Já chega de comentários, já chega de observações e de discursos sobre a especialidade raiana, meu caro anfitrião. Deixe-se de vaidosices. É o Senhor Bucho que nos vai convencer e não o senhor do bucho.
As minhas mãos caíram de pasmo. O garfo não entrou logo à primeira, e notei que a faca não encontrava o melhor sítio para começar a dividir o bucho, ou talvez este mesmo tenha hesitado, por um momento, em se dar a comer. Tive de me concentrar, não fosse o bucho apresentar um protesto por ter perdido a necessária atenção que lhe é devida. Olhei para ele mais uma vez. Não, não tinha vontade de protestar. Sentia um feliz ambiente, sereno, com vontade de se entregar, rendido à curiosidade de ser provado pela primeira vez.
O bucho deixou de se ouvir e ficou silencioso. Já estava nos pratos, ao lado das batatas belgas e dos grelos italianos, e olhava em contre-plongée para a cara de cada um dos comensais. Iam-no levando à boca, mastigavam-no e saboreavam-no com espanto e admiração, quase religiosamente. Mas, curioso, este mesmo bucho quis logo interromper o silencio e não resistiu à pergunta:
– E então? Que tal? Gostam, meus citadinos europeus?
E começaram logo todos a desembuchar.
– Que excelente iguaria! Que delicioso sabor!
E a curiosidade levou-os a escarafunchar com o garfo e a faca, à procura de descobertas anatomias do porco. Ouvem-se comentários: há focinho, há ossinhos, há pimentão e colorau, há poucos coiros e poucas gorduras.
E o bucho ouvia com satisfação, sobretudo o comentário daquelas senhoras que se preocupam em manter a linha.
– Afinal não é tão gordo como a gente pensava!
Também o bucho estava satisfeito. Depois de lhe terem extirpado a barriga já não podia colocar a mão em cima da mesma, para a acariciar e a rodear, em sinal de satisfação. Agora começava uma outra viagem na barriga dos outros. Sentia-os repletos e alegres com o delicioso manjar de bucho que pouco a pouco ia desaparecendo.
Todos estavam satisfeitos: o bucho, o anfitrião e os convivas.
Mas não sei se o Chanceler da Confraria teria ficaria satisfeito ao ver um confrade apenas com as insígnias e sem a farda apropriada numa cerimónia fora de muros e com um certo alcance mediático.
Promovido a confrade neste recente segundo capitulo, o autor destas linhas, ao organizar um jantar em sua casa, neste fim de mês de Abril, com os seus colegas da Embaixada, constatou que o Senhor Bucho, primeiro discreto e observador, depois satisfeito e efusivo, convenceu e não deixou de ouvir constantes elogios às suas qualidades: bom paladar, excelente cheiro, iguaria com sabor impar!
No dia seguinte, todos partilhavam de um momento inédito e ninguém se queixou de efeitos secundários. Apenas o anfitrião, se apresentou com as suas olheiras um pouco mais salientes que o habitual, mas desta vez com o motivo de ter passado a noite a lavar a louça, porque com o Senhor Bucho é sempre uma festa, antes, no próprio momento e depois de ser servido.
Joaquim Tenreira Martins

Partilhar:

  • Tweet
  • Email
  • Print
Confraria Bucho Raiano, Gastronomia/Bebidas, Internacional bruxelas, joaquim tenreira martins 1 Comentário
Publicidade

Capeia Arraiana - Edição Diária

  • 5167 days ago

PESQUISAR

PASSODOBLE – RAIA DO SABUGAL

https://capeiaarraiana.pt/wp-content/uploads/2013/05/CapeiaArraiana_PassedobleSabugal.mp3

TOTAL VACINAS ADMINISTRADAS EM PORTUGAL

Total de Vacinas Administradas

DISTRITO GUARDA – ACTUALIZAÇÃO SEXTA-FEIRA

QUADROS CORONAVÍRUS

Distrito da Guarda - Coronavírus (Covid)
Clique para ver o artigo e o quadro actualizado

>> PUB – PARCERIA

PTServidor

PTServidor Alojamento Web
Clique para visitar PTServidor

ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL

Aldeias Históricas de Portugal
Clique na imagem para aceder à página online

>> PUB – PARCERIA

SOVIAJAR.COM

Clique na imagem para aceder ao site da agência de viagens
Clique na imagem para aceder ao site da agência de viagens

PUB

BAR LA CABAÑA
Alfaiates


Bar La Cabaña - Alfaiates - Sabugal
Clique para visitar a página no Facebook

PUB – VENDA E DISTRIBUIÇÃO DE VINHOS

EMBLEMATIKAWARD - DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO

Emblematikaward-Distribuição e Comercio
Clique para visitar Emblematikaward no Facebook

PUB

MIGUEL TOMAZ
Conservação e Restauro Arte Sacra e Mobiliário


Miguel Tomaz - Conservação e Restauro
Clique para visitar Facebook de Miguel Tomaz

>> FUNERÁRIA TÓ MANÉ

Rua 5 de Outubro, 24 - Sabugal

Funerária TóMané - Sabugal
Clique para visitar Facebook da Funerária Tó Mané

NTR – RÁDIO NETWORK

NTR RADIO NETWORK ONLINE

NTRADIO - Clique na imagem para ouvir a emissão online
Clique na imagem para ouvir a emissão online

SANTUÁRIO DE FÁTIMA

CELEBRAÇÕES EM DIRECTO
Diariamente


Capeia Arraiana
Clique na imagem para assistir em directo às celebrações

VISITANTES ON-LINE


Top Posts & Pages

  • Afinal o mundo é redondo!
  • Covid-19 no distrito da Guarda (25.01.2021)
  • Nova poluição 5G (11.1)
  • Um padre centenário de proximidades
  • São Paulo festeja-se a 25 de Janeiro em Ruivós
  • Hoje está muito frio!
  • Eleições presidenciais
  • O Poder é um vício!
  • Linguagem Pré-Democrática
  • Serra da Malcata na SIC

Comentários recentes

  • Fernando Capelo em Afinal o mundo é redondo!
  • Maria Augusta Saraiva em Afinal o mundo é redondo!
  • António Martins em Temos cá tudo e tanto (10)
  • António Martins em Temos cá tudo e tanto (10)
  • António Martins em Temos cá tudo e tanto (10)

ARQUIVO MENSAL

ARQUIVO CATEGORIAS

PARA RECORDAR…

  • Ramiro Matos
    Passam os anos fica a saudade… (8) Ramiro Matos Quinta-feira, 23 Agosto, 2018
  • Franklim Costa Braga
    Sobre «O Falar de Riba Côa» – letra M Franklim Costa Braga Sexta-feira, 17 Outubro, 2014
  • José Carlos Lages
    Ler bons livros José Carlos Lages Terça-feira, 18 Julho, 2017
  • José Carlos Lages
    Contratações e ajustes no Município do Sabugal (21) José Carlos Lages Quinta-feira, 11 Dezembro, 2014
  • Ventura Reis
    Os maus-tratos a que hoje se sujeitam os animais Ventura Reis Domingo, 19 Junho, 2011

CALENDÁRIO – SELECCIONAR ARTIGOS POR DIA

Janeiro 2021
S T Q Q S S D
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031
« Dez    

SONDAGENS – ARQUIVO

Sondagens
Clique para ver sondagens arquivadas

MEDIA REGIONAL

BEIRA.PT
beira.pt

JORNAL A GUARDA
Jornal A Guarda

JORNAL DO FUNDÃO
Jornal do Fundão

JORNAL O INTERIOR
Jornal O Interior

JORNAL TERRAS DA BEIRA
Jornal Terras da Beira

RÁDIO ALTITUDE.FM
Rádio Altitude.FM

RÁDIO CARIA
Rádio Caria

RÁDIO COVA DA BEIRA
Rádio Cova da Beira

RÁDIO COVILHÃ
Rádio da Covilhã

RÁDIO ELMO
Rádio Elmo de Pinhel

RÁDIO F
Rádio F da Guarda

RÁDIO FRONTEIRA
Rádio Fronteira de Vilar Formoso

SIC GUARDA
SIC GUARDA

BLOGUES RAIANOS

ÁGUAS BELAS
Maria Rosa Afonso

ALDEIA DO BISPO
Aldeia do Bispo no Sapo (Gil Nabais)

ALDEIA VELHA
aldeiavelha.com (autor desconhecido)

Raianos no Facebook (Nuno Vinhas)

BADAMALOS
Badamalos no Sapo (João Afonso)

BENDADA
Notícias da Bendada (Ilídio Gomes)

BISMULA
Histórias da Bismula (José Barradas)

CARVALHAL DO CÔA
Labirintos e Caminhos (associação)

CASTELEIRO
Gazetilha Serra d'Opa (José Carlos Mendes)

Viver Casteleiro (António Marques)

ESCABRALHADO
Escabralhado (Adelaide M.)

MALCATA
Malcata.Net (José Nunes Martins)

MARTIM PÊGA
Martim Pêga - Sabugal (Jerónimo Janela)

OZENDO
ARCO - Associação Recreativa Cultural Ozendo

QUADRAZAIS
Aldeia de Quadrazais (Marco Balsinha)

QUARTA-FEIRA
Amigos da Quarta-Feira (Antero Costa)

RENDO
A.C.D.R. de Rendo

RUIVÓS
Associação Amigos Ruivós (Gonçalo Pires)

SOITO
Domus Museu (Tita e Josué Rito Dias)

TORRE
A.C.R. da Torre (Vários)

VALE DE ESPINHO
Desabafos (Maria Alice Almeida)

VALONGO DO CÔA
Aldeia da Ponte de Sequeiros (Luís Silvestre)

VILAR MAIOR
Vilar Maior, Minha Terra, Minha Gente (Júlio Marques)

BLOGUES PERSONALIZADOS

ASSOC. CULT. REC. VILA MENDO
Luís Filipe Soares

CRÓNICAS DO ROCHEDO
Carlos Barbosa de Oliveira

MARMELEIRO
Francisco Barbeira

ROCK EM PORTUGAL
Aristides Duarte

31 DA ARMADA
Rodrigo Moita de Deus

ALVEITE GRANDE
Luís Ferreira

CCSR BAIRRO DA LUZ
Alexandre Pires

CORREIO DA GUARDA
Hélder Sequeira

NA ROTA DAS PEDRAS
Célio Rolinho

PEDRO AFONSO
Fotografia

PORTUGAL NOTÁVEL
Carlos Castela

BOMBEIROS

  • Bombeiros Voluntários Sabugal
  • Bombeiros Voluntários Soito

FACEBOOK - ALDEIAS E FREGUESIAS DO SABUGAL

  • Aldeia do Bispo
  • Aldeia Velha
  • Alfaiates
  • Badamalos
  • Bismula

FACEBOOK - EM DESTAQUE

  • Descendentes do Concelho do Sabugal
  • Naturais e Descendentes Concelho Sabugal
  • Sabugal – do is it better
  • Turismo Sabugal

LIGAÇÕES ÚTEIS

  • Códigos Postais (Portugal)
  • Google – Tradutor de textos

PORTAIS OFICIAIS

  • Câmara Municipal do Sabugal
  • Município do Sabugal no Facebook

PORTAIS REGIONAIS

  • Aldeias Históricas de Portugal
  • Associação Transumância e Natureza
  • Grande Rota do Vale do Côa
  • Guarda Digital
  • Transcudânia

PORTAIS SABUGAL

  • ADES – Assoc. Desenv. Sabugal
  • Casa do Concelho do Sabugal

SABUGAL – METEOROLOGIA

Sabugal - Meteorologia

CAPEIAARRAIANA.PT

Logo Capeia Arraiana

FACEBOOK

Capeia Arraiana no Facebook
Clique na imagem para ir para o Facebook


TWITTER

Follow Capeia Arraiana Twitter
Clique na imagem para seguir o Capeia Arraiana no Twitter

COPYRIGHT CAPEIA ARRAIANA

Licença Creative Commons
Clique na imagem para ler o copyright do Capeia Arraiana

GOOGLE PAGERANK


PageRank Checking Icon


BLOGARAMA

Follow me on Blogarama
Clique na imagem para seguir o Capeia Arraiana

Receber os novos artigos por Email

Insira o seu email para receber os novos artigos do Capeia Arraiana

TRANSLATE – TRADUZIR TODA A PÁGINA

Blog Stats

  • 3.010.659 hits

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2020. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
loading Cancel
Post was not sent - check your email addresses!
Email check failed, please try again
Sorry, your blog cannot share posts by email.