As «Crónicas do Rochedo» são escritas pela pena do ilustre jornalista Carlos Barbosa de Oliveira. Portuense e portista assumido confessa que a blogosfera é uma diversão em que se deixou enredar.

Conheci o Carlos Barbosa de Oliveira no Cenjor (Centro de Formação Profissional para Jornalistas) no curso de jornalismo digital. Durante semanas, sentados lado a lado, fomos discutindo a actualidade noticiosa, pontos de vista politiqueiros e estas modernices de «escrever em formato web».
A produção de conteúdos e a construção por todos os elementos do curso da página web intitulada «Puro Tango» foi um dos trabalhos jornalísticos que mais gozo me deu até hoje. Foram momentos inesquecíveis desde a pesquisa histórica, passando pelos workshops na Voz do Operário até ao clímax final no «Festival Internacional de Tango» no Coliseu dos Recreios.
– Mas quem é o responsável pelo blogue «Crónicas do Rochedo»?
– Nasci no Porto em frente ao antigo Estádio das Antas. Sofri muito quando era puto e os benfiquistas iam lá fazer a festa. Agora… faço-a eu na minha conchinha do dragão.
Neto de António José Pinto de Oliveira, fundador da empresa Oliva, foi expulso da Faculdade de Direito em 1969 na sequência do Maio de 68. «Estudei na Inglaterra, Suíça, Estados Unidos e Suécia. No regresso e durante uns tempos considerei-me um estrangeiro no meu País. Percebi desde muito novo que era um andarilho», recorda com ar de criança traquina.
Como funcionário das Nações Unidas tornou-se cidadão do Mundo e viveu na Suécia, Jugoslávia e Brasil.
– Para mim viver num país é permanecer pelo menos três meses. A minha excepção foi na Papua-Nova Guiné onde vivi um intenso mês nas tribos do rio Sepik. Fui trabalhar 15 dias para a Argentina e fiquei seis meses. Tenho voltado quase todos os anos a Buenos Aires. (É o apelo de La Cumparsita acrescentamos nós).
A pretexto de uma conferência em Pequim permaneceu na China cerca de um mês e na Austrália prolongou um congresso até ficar satisfeito.
«Eu gosto da experiência da vida. No planeamento das minhas viagens deixei a Europa para depois dos 50 anos. Agora é para depois dos 60 quando já não me apetecer viajar de avião», diz-nos soltando os pensamentos.
– As pessoas vão passear ao fim-de-semana porque não têm espaço em casa. As pessoas fogem da sua própria vida. Vir a Lisboa é civilização. Quem me dera a mim não vir a Lisboa. A minha qualidade de vida é não aguentar engarrafamentos. Sou um privilegiado. Vivo no Lumiar e tenho o Metropolitano à porta. Não preciso de conduzir. Não tenho nem alimento rotinas. Gostei muito de viver em Castelo Branco e adoro Viana do Castelo mas não passo sem a minha casa do Rochedo.
Foi difícil convencer o jornalista Carlos Oliveira a autorizar a publicação desta conversa. «Detesto panegíricos. Tive uma má experiência quando dei uma entrevista para um jornal em Macau», foi a sua insistente expressão.
– E o blogue? – O blogue? O blogue é, para mim, uma diversão! – responde-nos o responsável pelo Crónicas do Rochedo. Aproveitamos para sugerir os seus marcadores «Rochedo das Memórias». Vale mesmo a pena!
Muito fica por dizer sobre este bloguísta que na sua definição diz gostar de ler, adorar viajar e andar a pé. Sobre a idade, depende… nuns dias sente-se com 25, noutros com 70.
Ah! É verdade! O Carlos Barbosa de Oliveira já foi iniciado na degustação do bucho arraiano na Casa do Concelho do Sabugal. Provou, gostou e prometeu voltar.
Aquele abraço raiano e até lá.
jcl