Dois amigos, António Pissara e Angel Hernández Gómez, um português e outro espanhol, escreveram e editaram um livro que retrata a realidade das terras do concelho do Sabugal, tendo por quadro de fundo a tourada com forcão ou capeia arraiana. Neste tempo em que o ciclo das capeias se aproxima do fim aconselha-se a sua leitura para melhor conhecimento desta tradição taurina.

«Terras do Forcão» é um livro escrito em quatro línguas (português, castelhano, francês e inglês), com uma imensa profusão de fotografias, de óptima qualidade gráfica, que pretende ser um meio de promoção e divulgação do concelho do Sabugal, em especial das suas terras da orla raiana. O livro evolui ao redor do imaginário da capeia arraiana, que «começa na infância com as brincadeiras na escola e nos tempos livres, nas expressões utilizadas, onde o grito “Eh, Boiii!!!” é referência».
Os autores são amigos de longa data. Angel Hernández Gómez é professor e é natural de Gata, aldeia espanhola da linha raiana. É um apaixonado pela fotografia e gosta especialmente das terras do concelho do Sabugal, que percorre abundantemente, sempre com a câmara fotográfica ao lado. António Pissara também é professor e é ainda director do semanário Nova Guarda, estando ligado a Aldeia Velha pelo casamento.
O livro foi editado em 2003 e assume-se sobretudo como uma obra de divulgação. Fala com abundância do concelho do Sabugal, muito para além das terras onde tradicionalmente se faz a capeia, mas centrando-se sobretudo nestas: Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Aldeia Velha, Alfaiates, Fóios, Forcalhos, Lageosa da Raia e Soito. Também descreve a raia espanhola, onde os touros pastam na devesa, guardados por exímios cavaleiros, que mantém uma ligação permanente com as terras portuguesas. Explica-se no que consiste o forcão, enquanto instrumento de desafio dos touros, cuja origem histórica se perde na noite dos tempos. Também se explicam os rituais ligados às touradas, como o pedido da praça e o passeio dos rapazes, abordando-se ainda o encerro. A páginas tantas aborda-se a tragédia que muitas vezes acontece nas capeias. O arrojo desmedido ou a simples distracção têm ocasionado dramas, que o povo sente com intensidade.
O livro vive sobretudo da imagem. Há muitas fotografias antigas, testemunhando as touradas e os encerros de outrora, quando a praça ainda era vedada apenas com carros de bois carregados de lenha. Há imagens do rio Côa, das nossas paisagens naturais, dos monumentos, do povo assistindo às touradas com expressões de alegria e de apreensão. Também se reproduzem colecções de cartazes de várias épocas, através dos quais se divulgam as capeias, aí pontuando as que se realizaram no Campo Pequeno em Lisboa, pela mão da Casa do Concelho do Sabugal.
O precioso livro pode adquirir-se na Câmara Municipal do Sabugal, que patrocinou a edição.
plb