Recordo que, antes da grande corrente migratória da minha aldeia para a França, as pessoas procuraram países como Angola e a Argentina… Mas não só! Tempos houve em que a corrida migratória foi cá dentro do País, designadamente para o Alentejo. Hoje falamos disso e recordamos esses tempos difíceis. Seja bem-vindo…
Sabe-se que o nome «Fernandes» tem origem na palavra «Fernando»? Os Romanos com o nome de Fernando registavam todos seus descendentes com o apelido de Fernandes. Assim, etimologicamente, Fernandes significa «filho de Fernando», «filho do homem ousado para atingir a paz» ou «filho do homem que ousa viajar».
Ler MaisBeja e o Alentejo não mereciam esta tragédia!!
Ler MaisHá largos anos que nos conhecemos e cruzamos principalmente nos tempos em que a Comporta, a sua praia era desconhecida da maioria dos portugueses.
Ler MaisO cartaz afixado nos cafés e restaurantes da Aldeia de Joanes anunciou um belo programa: visita à Barragem do Alqueva, Nova Aldeia da Luz, Aldeia histórica de Monsaraz e Vila de Moura. Cumpriu-se, assim, o passeio comunitário, que já é uma tradição anual na nossa comunidade. O lema «leva a tua merenda e partilha-a com os teus companheiros e companheiras de viagem», convida logo as gentes para o banquete da amizade.
No dia 16 de Março, o restaurante Brasa, em Elvas, irá receber os sabugalenses e amigos para um almoço de convívio, que terá por ementa o famoso bucho raiano. As inscrições estão abertas a todos os interessados.
Em deambulação pelo Alentejo, percorrendo as estradas que cruzam as imensas campinas pejadas de sobreiros e oliveiras, podemos admirar a imensidão da paisagem. Para além das vistas desafogadas é importante tratar do estômago, procurando as iguarias da culinária local.
Quem siga pela auto-estrada nº.6, em direcção a Espanha, encontra a saída para Borba e Vila Viçosa poucos quilómetros após Estremoz. Tomando pois o percurso de Vila Viçosa pela velha estrada nacional, avista à esquerda, andado apenas um quilómetro, uma placa que indica Ourada. Metendo então por uma via estreita e sinuosa, em direcção á Ourada, o viajante descobrirá em breve, outra vez à esquerda, a placa indicativa de uma terra de nome curioso: Alcaraviça. É pois para Alcaraviça que o descobridor deverá rumar, á cata da antiga tasca do Zé Pina. Até lá andará em estrada estreita, que aos bordos segue pela vertente de uma pequena encosta, cruzando vinha e olival.
Encontrará a velha tasca numa graciosa encosta, em casa caiada, à moda das habitações das terras que se pisam. Está em local ermo, sem mais casario ao redor, mas de onde se avista soberba paisagem, sendo muito belo observar dali o pôr-do-sol neste tempo primaveril, em que o Alentejo abandona as vestes verdes para começar a trajar de amarelo.
A antiga taberna, deu agora lugar a espaço melhor cuidado. O bar foi ampliado, criou-se uma sala de refeições, dispôs-se novo mobiliário, decoraram-se as paredes com velhos utensílios da lavoura.
Gente nova toma conta do negócio, dada a aposentação do Senhor José Pina. Tendo enviuvado o velho taberneiro não se sentiu capaz de levar por diante a função. Contudo, a especialidade da casa continua a ser a sopa de tomate e o coelho assado na caçarola. Agora o bar chama-se «Espalha Brasas» e vêm servir à mesa com os salamaleques próprios dos restaurantes de nomeada, num ar de modernidade a que não estava habituado o normal cliente de Zé Pina, que via no local uma tasca das antigas, onde se bebia bagaço ao balcão e se falava alto para ser ouvido por entre a conversa brava que às vezes ocupava os alentejanos que ali aportavam.
De entrada o viajante terá ao dispor torresmos acompanhados por tiras de pimento cru, e ainda um saborosíssimo queijinho de ovelha curado. Quanto a bebida impõem-se beberricar do vinho corrente da cooperativa de Borba, ou, querendo coisa de maior reputação, um Marquês de Borba tinto, de reserva, que ali é apresentado a bom preço.
Para comer, já saberá o viajante ao que veio. Primeiro comerá uma bela sopa de tomate, que vem à mesa numa terrina. A água vermelha do tomate vem com ovos escalfados a boiar, restando meter-lhes a gadanha e puxar para o prato um par de cocharras, a que se juntam umas pequenas fatigas de pão de trigo que lhe colocam ao lado num açafate. É de comer e berrar por mais!
Depois é tempo de vir à mesa a caçarola de barro pejada de pedaços de coelho assado. Virá a escaldar, puxada directamente do forno, exalando um aroma formidável. Acompanha com batata cozida ou frita, ou então com um naco de pão. O comensal descobrirá aqui uma maravilha gastronómica, coisa única no país.
plb
As previsões do Instituto de Meteorologia apontam para uma Páscoa branca marcada pela queda de neve na Serra da Estrela. Para sábado estão previstos aguaceiros para o Algarve.
O Instituto de Meteorologia prevê para o fim-de-semana da Páscoa uma acentuada descida da temperatura com as terras altas de Bragança e Penhas Douradas a registar temperaturas negativas e queda de neve. A partir de sexta-feira santa o território continental o tempo vai caracterizar-se por instabilidade atmosférica afectado por uma «massa de ar frio e instável».
Os turistas que escolheram a Serra da Estrela para passar as mini-férias vão deliciar-se com um manto branco em resultado da queda de neve. A zona da Região de Turismo regista, já, uma taxa de ocupação a rondar os 80 por cento.
Para o Algarve está prevista a ocorrência de aguaceiros mas a temperatura, mais primaveril, deverá rondar os 20 graus.
Durante o dia de quarta-feira o tempo causou surpresas pelo País. No Alentejo, nos arredores de Pinheiro da Cruz, ocorreram, durante a tarde, quedas de granizo e neve anormais para a região.
Entretanto, o Instituto de Meteorologia elevou ontem o nível de aviso para os distritos de Setúbal, Beja e Faro, que passaram do amarelo para laranja, o terceiro mais grave de uma escala de quatro.
jcl
Fomos ao Alentejo em ronda pelas terras próximas de Estremoz, numa roda de amigos. Ao cabo aportámos nos Arcos, terra próxima de Estremoz, para visitarmos a tasca do Ti Gato, afamada pelo vinho fermentado nas talhas antigas, que orgulhosamente ostenta no estabelecimento.
Chegámos ao final da tarde, já lusco-fusco. Desconhecendo onde quedava a tasca, abordámos um habitante, que nos zelosamente nos conduziu a uma casa de um só piso, de frontaria caiada, com ares de habitação, sem nada que assinalasse uma taberna. Lá dentro verificámos que um velho armazém fora adaptado à função de taberna e adega, com uma fila de talhas à direita e um pequeno balcão improvisado do lado esquerdo.
Dada a salvação aos presentes, dirigimo-nos ao senhor que estava por detrás do balcão, acompanhado pela mulher, ambos já bem entrados na idade, e dissemos-lhe que vínhamos de longe, à cata do vinho da talha e de um bom petisco.
– Produzo e vendo o melhor vinho da talha da região, quanto a petiscos têm de falar com a patroa.
Empunhando uma jarra o José Joaquim Gato, que era o nome do taberneiro, dirigiu-se a uma das dez talhas que tinha encarreiradas junto à parede, abriu a torneira de madeira colocada na base e fez correr vinho para a vasilha.
Sentados à roda de uma pequena mesa, deborcámos copinhos de tinto, engolimos três queijinhos secos e uma travessa de chouriças e cacholeiras cozidas, acompanhadas por um casqueiro alentejano.
Apreciámos esse vinho artesanal feito nas talhas de barro, seguindo técnicas ancestrais. As uvas são esmagadas e colocadas nas talhas, onde fermentam, produzindo o apreciado néctar. No tocante a castas, predomina a trincadeira, com algum aragonez e alicante. Depois de formado descobre-se, no dizer dos especialistas, um vinho jovem e macio, com ligeira adstringência, muito frutado e maduro, com taninhos suaves e persistência no final da prova.
Já a noite ia adiantada quando saímos da taberna e fomos visitar a casa mãe dos Gatos, do outro lado da rua, onde o irmão de Joaquim José, o António Gato, mantém a taberna antiga, herdada do pai. Demos com uma tasca típica, com talhas ao redor das paredes, mesas e balcão de madeira encimados com pedras de mármore. Apenas o Ti António Gato estava no estabelecimento, arrumando a casa, em sinal que estava na hora do fecho.
A um canto, sobre um móvel alto, roncava um aparelho de televisão, que apresentava riscos no ecrã, sem que nada se apercebesse da imagem. Vendo-nos olhar admirados para o aparelho, achou por bem esclarecer:
– Está escangalhada. Não tem a imagem, mas para mim serve, só quero ouvir as notícias.
Ainda ali bebemos uma rodada, enquanto o homem nos explicou o processo de fabrico do vinho, desde o esmagamento das uvas, até à fermentação e à abertura das talhas. Espreitámos a boca dos potes e fomos conduzidos à adega antiga, onde havia talhas antiquíssimas, uma delas com o ano 1660 gravado no barro.
Vale bem a pena ir ao Alentejo observar as longas campinas, visitar as aldeias e as vilas prenhes de monumentos e desaguar nos Arcos, para ali provar o apreciado vinho da talha produzido pelos irmãos Gato, que persistem em defender a tradição local.
plb