Realizou-se na Colónia Agrícola de Martim-Rei, no concelho do Sabugal, mais um leilão de gado a relembrar a antiga tradição deste local.
Este leilão permite aos produtores vender alguns dos seus animais, mas a opinião geral é que o negócio anda mal. Os custos da produção sobem mas o valor pago pelos animais mantêm-se inalterável desde alguns anos.
Neste leilão e talvez pela forma como foi feita a divulgação eram mais os produtores que os compradores e os preços muito baixos. Os produtores argumentavam que entre o ano passado e este ano a diferença não era significativa.
O jornal «Nova Guarda» relata que neste leilão de Gado do Sabugal apareceram 38 produtores e dez compradores.
Claro que a crise tem bastante influência na adesão a estes eventos e os agricultores, infelizmente, são os que mais sofrem com os tempos difíceis que vivemos.
Estes eventos que por serem já tão raros e apreciados por representarem um pouco da nossa cultura devem ser noticiados e apoiados pois só assim é possível remar contra a maré.
Criada há mais de 70 anos, a Colónia Agrícola de Martim-Rei, no concelho do Sabugal, espelha o abandono a que o sector primário tem sido votado. Em 1936, a Junta de Colonização Interna surgiu com o propósito de encontrar um destino digno para vários terrenos baldios no país. O lugar de Martim-Rei, na freguesia do Sabugal, foi um dos criados por decreto do Diário do Governo.
Nos anos cinquenta do século passado enquanto milhares de portugueses optavam pela emigração várias famílias aceitaram o desafio de colonizar as zonas mais desérticas do Portugal continental.
António de Oliveira Salazar mandou preparar, por intermédio da Junta de Colonização Interna, terrenos para 160 colonos que ocuparam 4.355 hectares de terrenos baldios.
O plano de acção da junta, que foi apresentado em 1937, tinha como objectivo o desenvolvimento da actividade agrícola nos distritos de Portugal com mais área de baldios.
Segundo o professor catedrático Eugénio de Castro Caldas, em “A Agricultura na História de Portugal”, foram instalados 24 colonos no Alvão (Vila Pouca de Aguiar), 57 nos baldios de Boticas e Montalegre, 12 nos Milagres (Leiria), 36 na Colónia de Martin Rei (Sabugal), 10 na Boalhosa (Paredes de Coura) e 22 na Gafanha (Ílhavo).
aps