5 de Outubro de 1910. 5 de Outubro de 2010. Os 100 anos da República foram assinalados com pompa e circunstância no concelho do Sabugal. A Comissão do Centenário, presidida por Adérito Tavares, preparou com muita dignidade – e qualidade – um programa comemorativo que destaca os valores republicanos da educação, liberdade, igualdade e justiça para todos.
5 de Outubro de 1910. 5 de Outubro de 2010. Os 100 anos da República foram assinalados com pompa e circunstância no concelho do Sabugal. A Comissão do Centenário, presidida por Adérito Tavares, preparou com muita dignidade – e qualidade – um programa comemorativo que destaca os valores republicanos da educação, liberdade, igualdade e justiça para todos.
A oração de sapiência na sessão solene no Auditório Municipal do Sabugal esteve a cargo do ilustre historiador Adérito Tavares, natural de Aldeia do Bispo, no concelho do Sabugal. Adérito Tavares preside à Comissão Municipal para as Comemorações do Centenário da República e é responsável pela recolha e classificação de muitos e valiosos documentos disponíveis na exposição sobre a história da República no Museu.
«No dia 12 de Maio de 2010 assisti no Largo da República, no Sabugal, à representação de um jovem que da varanda dos Paços do Concelho encarnou José Relvas e gritou – Está proclamada a República. Viva Portugal!», recordou Adérito Tavares no início da sua oração de sapiência que vamos reproduzir na íntegra.
«Intervenção na sessão solene de comemoração do Centenário da República no Sabugal
Na manhã de 5 de Outubro de 1910, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, José Relvas e Eusébio Leão, membros do Directório Republicano, anunciavam o estabelecimento do regime republicano e a composição do Governo Provisório, enquanto as suas palavras eram vibrantemente aplaudidas por uma multidão delirante.
Poucas horas depois, um suplemento do Diário do Governo «oficializava» a revolução: «Hoje, 5 de Outubro de 1910, às onze horas da manhã, foi proclamada a República de Portugal no salão nobre dos Paços do Município de Lisboa, depois de terminado o movimento da revolução nacional.»
No dia seguinte, o rei e a família real embarcavam na Ericeira a caminho do exílio.
O triunfo do levantamento republicano deveu-se menos aos méritos das diferentes forças empenhadas no derrube da Monarquia e mais às fragilidades desta. As condições objectivas eram extremamente favoráveis aos republicanos: o País encontrava-se mergulhado numa profunda crise económica, financeira, social e institucional. Por outro lado, a «republicanização» de vastas camadas da população urbana tinha também criado as condições subjectivas para a mudança de regime: a alternativa desenhada pelos ideais republicanos apontava para uma sociedade mais progressiva e mais justa, criando enormes expectativas na população. Mas seria justamente a frustração de muitas dessas expectativas que haveria de criar grandes dificuldades ao novo regime implantado em 1910.
No Sabugal, as notícias da proclamação da República chegaram depressa. Uma semana depois, um grupo de respeitados cidadãos republicanos formou um executivo camarário provisório, presidido pelo Doutor Aurélio de Almeida Santos e Vasconcelos, Morgado de Sortelha. No livro de actas da Câmara podemos ler:
Acta de instalação da Câmara Municipal Republicana, no dia 12 de Outubro de 1910
Presidência do cidadão Aurélio de Almeida Santos e Vasconcelos.
Presentes os senhores vogais João dos Santos Forte, Aníbal Esteves, José Augusto Rodrigues, Manuel António da Mota, José Casimiro da Costa Quintela e Alexandre Lourenço Leitão.
Sendo duas horas da tarde, o senhor Presidente abriu a sessão.
E, um pouco mais adiante:
[A Câmara] deliberou, finalmente, que se enviassem [telegramas] aos Excelentíssimos Presidente Provisório da República e ao Governador Civil deste Distrito, felicitando-os pela proclamação da República e dando-lhes conhecimento de que [esta Câmara] tomou hoje [posse] da Administração Municipal.
No dia seguinte, 13 de Outubro de 1910, voltou a reunir o novo executivo municipal republicano. O entusiasmo com que a República foi recebida transparece na seguinte passagem da acta dessa sessão:
… pedindo e obtendo a palavra, o cidadão vereador [José Casimiro da Costa] Quintela […] disse que se sentia muito à vontade no seu lugar, orgulhoso de pertencer à nova Câmara Republicana deste concelho, composta de cidadãos de uma envergadura moral acima de toda a suspeita e presidida por um dos [cidadãos] mais distintos que conhece.
Pouco tempo depois, em 27 de Outubro de 1910, o Governador Civil da Guarda, Dr. Arnaldo Bigotte de Carvalho, nomeou José Casimiro da Costa Quintela Presidente da Câmara Municipal do Sabugal e o Doutor Aurélio de Vasconcelos Administrador do Município. Lembro que o Administrador do concelho, que existia nos últimos tempos da Monarquia e continuou a existir durante os primeiros anos da República, era o representante do Governo central, o equivalente concelhio ao Governador Civil distrital.
Vale a pena determo-nos ainda noutro destes interessantes documentos, que ilustram bem os acontecimentos ocorridos há cem anos: na sessão do dia 17 de Outubro, ainda sob a presidência do Doutor Aurélio de Vasconcelos, encontramos estas palavras:
A Câmara deliberou que, na acta desta sessão, se lançasse um voto de profundo pesar pelo falecimento dos grandes democratas Doutor Miguel Bombarda e Vice-Almirante Cândido dos Reis, e das demais vítimas que houve para a proclamação da República.
A morte trágica destes dois líderes carismáticos da Revolução cobriu de luto o país republicano e impressionou vivamente as novas autoridades municipais. Por isso, as vilas e cidades de Portugal se encheram de ruas e praças com os nomes do Almirante Reis e do Doutor Miguel Bombarda. A começar, desde logo, pela grande Avenida Almirante Reis, em Lisboa, que até então se chamara Avenida Rainha D. Amélia.
Porque nestas breves palavras não se pode falar de tudo e de todos, detenhamo-nos um pouco sobre estes dois notáveis chefes do movimento republicano.
Miguel Bombarda foi um eminentíssimo médico psiquiatra, professor e ensaísta de renome internacional. Os seus ideais humanistas levaram-no a fundar, em 1906, a Junta Liberal. Impulsionada pelo ardor combativo do Professor Bombarda, esta Junta haveria de se destacar na luta contra a ditadura de João Franco e contra o clericalismo, particularmente contra o jesuitismo. Miguel Bombarda foi igualmente membro proeminente da Maçonaria. No entanto, a sua actividade política só se tornaria verdadeiramente empenhada e comprometida quando aderiu, em 1909, ao Partido Republicano.
O almirante Carlos Cândido dos Reis, a mais alta patente militar comprometida no movimento revolucionário, foi um membro activo da Carbonária e um dos mais empenhados conspiradores republicanos. Na madrugada de 4 de Outubro foi incorrectamente informado por um subordinado, que dava por perdida a batalha em terra. Tendo concluído que a revolução falhara, o almirante suicidou-se. Morreu ingloriamente.
Também Miguel Bombarda teve uma morte trágica, nas vésperas da revolução. Na manhã de 3 de Outubro foi procurado por um antigo doente, Aparício Rebelo dos Santos, oficial do Exército, que sobre ele disparou vários tiros de pistola. Atingido no ventre, foi levado para o Hospital de S. José, onde seria operado pelo prestigiado cirurgião Francisco Gentil, seu colega e amigo. Ao fim da tarde, porém, o seu estado piorou. À mesma hora que a revolução republicana estava na rua ia Miguel Bombarda a enterrar. Herói da República, mártir da ciência.
Nas ruas, a República foi aclamada porque prometia muito. Alguns dias depois da Revolução, um jornal noticiava: «Isto está bom! O feijão já desceu um vintém!» Infelizmente, porém, o caminho não era tão fácil, num país pobre, endividado e quase analfabeto.
No plano ideológico, a República trazia consigo a revalorização dos ideais democráticos, defendendo que o homem só se tornaria verdadeiramente livre quando quebrasse os grilhões da ignorância e da superstição. A herança da Revolução Liberal Francesa encontrava-se ainda no cerne do republicanismo, com a sua trilogia «liberté, egalité, fraternité». Lembremos, no entanto, que, apesar das sucessivas revoluções ocorridas um pouco por toda a Europa durante o século XIX, em 1910 apenas existiam duas repúblicas: na França e na Suíça. Portugal era a terceira.
Para além da consolidação do novo regime e da criação de um clima de pacificação nacional e de ordem pública, o governo provisório e os governos que se lhe seguiram procuraram dar cumprimento a algumas das promessas do Partido Republicano. Foram convocadas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1911. Procedeu-se à publicação de alguma legislação extremamente corajosa mas polémica, com vista à laicização do Estado, como a Lei de Separação da Igreja do Estado, o estabelecimento do registo civil obrigatório e a legalização do divórcio. No entanto, se a laicização do Estado, em si mesma, constituía um passo positivo no caminho da modernização da sociedade portuguesa, os excessos anticlericais e o desrespeito pelas tradições e convicções da maioria da população, profundamente católica, geraram um perigoso e escusado clima anti-republicano. O objectivo anunciado por Afonso Costa, de erradicar o catolicismo do País em duas gerações, apenas serviria para criar uma questão religiosa. Na exposição que hoje mesmo iremos inaugurar podemos ver duas cartas de D. Manuel Vieira de Matos, Bispo da Guarda, dirigidas ao Presidente da República Manuel da Arriaga. Escritas em 1911, numa linguagem serena e inteligente, denunciam desde cedo o clima de intolerância que o anticlericalismo jacobino estava a semear por todo o País e que apenas se atenuaria a partir dos anos da Grande Guerra.
No plano social, os governos republicanos procuraram também satisfazer muitas das reivindicações mais prementes, através da autorização e regulamentação da greve, da instituição do descanso semanal obrigatório e da limitação dos horários de trabalho; mas deixaram vastas camadas sociais descontentes, sobretudo o operariado. Sucederam-se as greves, muitas vezes reprimidas com bastante violência, o que criaria condições favoráveis ao crescimento do anarco-sindicalismo e do comunismo.
Foi, porém, no domínio da educação que a acção dos primeiros governos republicanos se revelou mais eficaz e duradoura. No dealbar do século, a taxa de analfabetismo, em Portugal, andava pelos 78%, fazendo do País um dos mais atrasados culturalmente. A República decretou a instrução obrigatória e gratuita para todas as crianças entre os 7 e os 12 anos, tendo também procedido à reforma do ensino superior, nomeadamente através da fundação do Instituto Superior Técnico e de duas novas universidades, em Lisboa e no Porto. Os governos republicanos colocaram igualmente entre as suas prioridades as questões da saúde pública, procedendo a uma profunda reforma do ensino médico.
Em síntese: o que hoje celebramos não é apenas uma mudança de regime, é também o começo de uma mudança de mentalidade. Não existem revoluções perfeitas nem regimes perfeitos. E, se a República trouxe consigo excessos e retrocessos, trouxe também indiscutíveis avanços para a modernização de Portugal.
A eclosão da I Guerra Mundial, em 1914, e a intervenção de Portugal no conflito, em 1916, travaram esse processo evolutivo. A participação na Grande Guerra foi um processo suicidário. Se o País se tivesse mantido afastado dos campos de batalha europeus, tudo poderia ter sido bem diferente. Mas a história contrafactual não é senão isso: imaginarmos aquilo que poderia ter acontecido mas que não aconteceu. Em história não há ses. E a verdade é que a Guerra contribuiu pesadamente para acentuar o desequilíbrio financeiro e os desentendimentos políticos, abrindo as portas ao messianismo de Sidónio Pais, essa espécie de “ensaio geral” da Ditadura Militar de 1926 e do Estado Novo salazarista.
Para além da instabilidade política e da incapacidade dos sucessivos governos de equilibrar as contas do Estado, que outras razões ajudam a explicar a queda da I República? A frustração das esperanças do operariado e das classes médias; a militância anti-republicana dos saudosos da Monarquia; o descontentamento da Igreja Católica, provocado pelos excessos do jacobinismo anticlerical; a instalação de um persistente clima de violência urbana, de que a tenebrosa “noite sangrenta” foi o clímax. Foi a conjugação de todos esses factores que acabou por lançar o País nos braços dos militares, em 28 de Maio de 1926. Chegava deste modo ao fim a I República, nascida faz precisamente hoje cem anos.
Pouco depois, em Dezembro de 1928, escrevia Fernando Pessoa:
«Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer.
[…]
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro.»
Também hoje o País parece mergulhado numa cerrada neblina. Saiamos do nevoeiro, sem esperar por D. Sebastião. E o melhor caminho para sair é o da Escola e dos centros de investigação científica. Sabiam-no todos os grandes republicanos. E sabia-o também o poeta João de Deus, que dizia que todas as revoluções, para triunfarem, deveriam começar pelo a, e, i, o, u. Era esse, do mesmo modo, o lema de um notável republicano sabugalense, o Doutor António Augusto Louro, que foi autarca, homem de ciência e pedagogo: ele acreditava também devotadamente nas potencialidades da educação e da cultura como forma de libertação do Homem. Termino com as suas palavras:
«Não há democracia sem liberdade. Não há liberdade sem educação.»
Adérito Tavares»
O Capeia Arraiana destaca o enorme trabalho dos profissionais da Câmara Municipal do Sabugal e da empresa municipal Sabugal+ que tornaram possível celebrar o Centenário da República com muita dignidade e valor histórico. Ao ilustre professor e historiador Adérito Tavares aqui deixamos um grande bem-haja pelo «brilho» da exposição e o «peso» do programa das comemorações.
jcl
5 de Outubro de 1910. 5 de Outubro de 2010. Os 100 anos da República foram assinalados com pompa e circunstância no concelho do Sabugal. A Comissão do Centenário, presidida por Adérito Tavares, preparou com muita dignidade – e qualidade – um programa comemorativo que destaca os valores republicanos da educação, liberdade, igualdade e justiça para todos.
GALERIA DE IMAGENS – COMEMORAÇÕES DA REPÚBLICA – 5-10-2010 |
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As comemorações do Centenário da República no concelho do Sabugal têm vindo a ser preparadas pela Comissão Municipal e incluem um conjunto de actividades que se prolongam por todo o mês de Outubro. A sessão solene, no dia 5, inclui uma oração de sapiência pelo professor Adérito Tavares, a inauguração de uma exposição alusiva à República, a plantação da Árvore do Centenário e a apresentação da serigrafia de Manuel Morgado.
A Comissão Municipal para as Comemorações do Centenário da República, constituída por Adérito Tavares (presidente da Comissão), por António Robalo (presidente da Câmara Municipal do Sabugal), por Ramiro Matos (presidente da Assembleia Municipal do Sabugal), por Jaime Vieira (director da Escola Secundária do Sabugal) e por João Vila Flor (director do Agrupamento de Escolas do Sabugal) preparou um conjunto de actividades destinadas a comemorar o Centenário da República.
No dia 5 de Outubro, às 15.30 horas, terá lugar no Auditório Municipal do Sabugal a sessão solene com uma oração de sapiência de Adérito Tavares, professor e historiador de Aldeia do Bispo, que será seguida da inauguração de uma exposição temporária alusiva à República, da plantação da Árvore do Centenário na Escola Secundária do Sabugal e a apresentação de uma serigrafia comemorativa da autoria do artista sabugalense Manuel Morgado.
No dia 6, no Auditórioa Municipal, será apresentada a peça de Teatro «Os Republicanos» (às 15.30 horas para os alunos das escolas e às 21.30 horas para o público em geral).
No dia 9, sábado, o fim-de-tarde será dedicado às «Músicas da República» e incluirá uma palestra por Rui Vieira Nery e um concerto pela Banda Filarmónica Bendadense.
No dia 26 de Outubr um grupo de alunos da Escola Secundária do Sabugal fará uma visita de estudo a Alpiarça à «Casa dos Patudos», residência do republicano José Relvas transformada em museu.
No dia 30 as comemorações terão um dos seus pontos altos com «As Jornadas da República». A abertura dos trabalhos, às 14.30 horas, contará com a presença de Adérito Tavares (presidente da Comissão), António Robalo (presidente do Município), Ramiro Matos (presidente da Assembleia Municipal), Santinho Pacheco (governador civil da Guarda) e D. Manuel Felício (bispo da Guarda).
As conferências das «Jornadas» contam com as intervenções de Manuel Braga da Cruz (Reitor da Universidade Católica), «A Igreja e o Estado na I República», de Francisco Manso, «O Sabugal e a República» e de Adriano Moreira.
No final nas «Jornadas» será apresentada, por Natália Correia Guedes (neta de Joaquim Manuel Correia) a 5.ª edição do livro «Memórias sobre o Concelho do Sabugal» do escritor natural da Ruvina a que se seguirá uma intervenção de Júlio Louro, neto do ilustre republicano sabugalense António Augusto Louro.
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Inaugurado em 30 de Julho de 2010, o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa merece uma visita pelo seu edifício, pelo enquadramento paisagístico e pelo conteúdo.
O TMG-Teatro Municipal da Guarda apresenta esta terça-feira, dia 15, às 21.30 horas, em ante-estreia o filme «Há tourada na aldeia» do realizador Pedro Sena Nunes, rodado em várias localidades da raia Sabugalense. A tertúlia que se segue ao visionamento do filme tem a presença entre outros de Adérito Tavares, reconhecido especialista em Capeias Arraianas.
Reuniu no sábado, 29 de Maio, em Lisboa, nas instalações da Casa do Sabugal, a Comissão Municipal que vai organizar e coordenar as comemorações do Centenário da República no concelho do Sabugal.
O Presidente da Câmara Municipal, António Robalo, o presidente da Assembleia Municipal, Ramiro Matos, o presidente do Concelho Executivo da Escola Secundária do Sabugal, Jaime Vieira e o historiador e professor universitário, Adérito Tavares, encontraram-se na sede da Casa do Concelho do Sabugal na manhã do dia 29 de Maio.
Por motivos particulares não foi possível contar com a presença do outro elemento da comissão, João Vila Flor, do Agrupamento de Escolas do Sabugal.
A comissão foi constituída em reunião de Câmara realizada no dia 17 de Março de 2010 para a coordenação das actividades comemorativas que se realizarão no concelho, devendo ainda colaborar com o Governo Civil da Guarda, no sentido de as iniciativas se enquadrarem no programa evocativo do distrito.
Na reunião foram alinhadas as diversas actividades a realizar no âmbito das comemorações do centenário, sendo disso elaborada uma acta. A seu tempo as acções serão tornadas públicas, sabendo-se porém que o momento alto das comemorações acontecerá nos dias 4 e 5 de Outubro.
A evocação do centenário começou já com a recriação da proclamação da república, realizada no dia 12 de Maio nos paços do concelho do Sabugal. Representou-se o momento histórico com os alunos vestindo à moda da época, e realizou-se uma conferência no Auditório Municipal.
As iniciativas terão como principal objectivo comunicar à juventude os valores que estiveram subjacentes à proclamação da República. As acções passam também por homenagear dois importantes republicanos do concelho: Joaquim Manuel Correia, natural da Ruvina, e Martins Capelo, natural das Quintas de São Bartolomeu.
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O post de José Carlos Lages intitulado «Pensamento do dia – É a obnubilação, estúpido!» conduziu-me a algumas reflexões sobre esse fenómeno histórico que tem influenciado os destinos da humanidade muito mais do que se pensa: a estupidez humana!
Ler MaisO primeiro livro, «Aldeia do Bispo – As pedras e as gentes», foi editado em 2005 por iniciativa dos mordomos da Capeia (e pelas suas mães) e contém vários estudos de carácter etnográfico e antropológico, da autoria de aldeiadobispenses. O segundo, «Aldeia do Bispo – Na raia da memória», foi editado em 2007 também por iniciativa dos mordomos da Capeia desse ano e respectivas mães. Ler Mais
O título da crónica que se segue (e só o título) foi-me sugerido por um subproduto televisivo transmitido pela RTP1 há alguns anos – uma história lamecha, do género «romance da Coxinha», uma das múltiplas novelas com que quotidianamente três canais nos ensaboam o juízo. Há tempos contei nove mas pequei por defeito: são quinze!
Ler MaisAs palavras têm, por vezes, um poder que ignoramos. Existem fórmulas, nomes, frases, orações, que citamos e recitamos em ocasiões especiais, sobretudo em cerimónias, laicas ou religiosas.
Ler MaisO ressurgimento do racismo na Europa constitui um fenómeno deveras preocupante. Parece que a memória colectiva deveria ter ainda muito frescos os terríveis acontecimentos que o nazismo desencadeou, há pouco mais de 60 anos. Os horrores do holocausto nazi deveriam ter vacinado os europeus contra anti-semitismos e xenofobias de todo o tipo. No entanto, aquilo a que se assiste é a um despudorado negacionismo, à tentativa absurda de reinventar a História, como se o nazismo nunca tivesse existido.
Ler MaisOs colaboradores deste Blogue, Adérito Tavares e António Cabanas, lançaram-nos como que um repto: as relações entre nós portugueses e esses vizinhos tantas vezes ignorados, que são os espanhóis. Como quase todos os que escrevemos no Capeia Arraiana, somos gente da Raia, porque não aceitá-lo?
Ler Mais«Lisboa, 18-10-1992. João XV, rei da Ibéria, acompanhado pelo primeiro-ministro Felipe Gonzalez, recebeu esta tarde Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia, e os ministros dos Negócios Estrangeiros da CE. Amanhã, o monarca deslocar-se-á a Madrid, para aí inaugurar a Grande Exposição comemorativa do V Centenário do nascimento do príncipe Duarte, o primeiro rei da Ibéria unificada…»
Ler MaisQuando entrei pela primeira vez na Faculdade de Letras de Lisboa, nos anos 60, ia acompanhado de um amigo que frequentava Direito, ali mesmo em frente. Ao ver tantas raparigas, exclamou: «Estou no meu ambiente! Vou mudar de curso.»
Ler MaisNa sequência do artigo sobre D. Filipe I, do nosso ilustre colaborador Adérito Tavares, talvez valha a pena desenvolver um pouco mais o tema das representações sociais que entre portugueses e espanhóis fazemos reciprocamente. Longe de esgotar o tema neste modesto artigo, acho interessante que o «Capeia», constituído por gente da raia, habituada ao convívio da fronteira, se expressasse sobre o olhar recíproco entre uns e outros.
Ler MaisA Espanha celebrou em 1998 o 4.º Centenário da morte de Filipe II. Por todo o País (e também no estrangeiro) realizaram-se exposições, congressos, seminários, cerimónias públicas, etc. Na verdade, o país vizinho tinha toda a razão em homenagear condignamente a memória de um dos seus melhores monarcas, aquele que conduziu a Espanha à sua época mais gloriosa, o «Siclo del Oro». O império de Filipe II era tão vasto que nunca nele o Sol se punha: estendia-se de Barcelona a Lisboa, da Sicília à Flandres, de Ceuta ao Cabo, de Goa às Filipinas, do México ao Brasil.
Ler Mais«Povo, Nação, País, Pátria, Estado!» Palavras plenas, amplas de significado, com que se enchem bocas, se lançam apelos, se gritam protestos. Palavras com que se justificaram actos de heroísmo e chacinas tremendas, guerras justas e expansionismos agressivos, sacrifícios sobre-humanos e terríveis lutas fratricidas. Em nome da Mãe Pátria verteram-se rios de sangue, derramaram-se lágrimas amargas, engoliram-se indescritíveis sofrimentos, praticaram-se inacreditáveis genocídios, criaram-se monstruosos gulags. Em nome do Povo ergueram-se forcas e guilhotinas, morreram criminosos e homens bons, revolucionários e contra-revolucionários, heróis e traidores. Tudo a bem da Nação.
Ler MaisNos anos 50 e 60 do século XX, Portugal viu escaparem-se-lhe quase 2 milhões dos seus filhos e o Interior foi-se despovoando. Uns vieram para as grandes cidades do Litoral, outros partiram para Franças e Araganças. O concelho do Sabugal, por exemplo, perdeu, entre 1950 e 1970, 56 por cento dos seus habitantes. Aldeias houve, como por exemplo Quadrazais, que ficaram sem dois terços da população.
Ler MaisA sabedoria política dos Romanos é que inventou a fórmula: para manter o povo calmo, amorfo, narcotizado, bastava dar-lhe diariamente panem et circenses (pão e circo).
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