As aldeias de Vale de Espinho e de Alfaiates, no concelho do Sabugal, estão de luto. O mini-bus envolvido num trágico acidente de viação em França onde perderam a vida quatro portugueses e cinco ficaram gravemente feridos era conduzido por Joaquim Vicente, morador em Alfaiates, que faleceu no desastre. Entre as vítimas conta-se ainda um casal de emigrantes natural de Vale de Espinho.

Acidente FrançaAs quatro vítimas mortais e os cinco feridos do acidente ocorrido, no sábado, em França, são emigrantes na região de Paris naturais do Sabugal e de Gonçalo no distrito da Guarda. O motorista Joaquim Vicente, que faleceu no desastre, vivia em Alfaiates e tinha larga experiência de transporte de emigrantes. Entre as vítimas contam-se Manuel José Dias Martins e a esposa Lídia Varandas, naturais de Vale de Espinho.
O mini-bus que transportava os emigrantes portugueses de volta a Portugal para iniciar as férias de Verão despistou-se na auto-estrada A20 pelas 12.45 horas locais numa descida em Bonnac-la-Côte, perto de Limoges.
As circunstâncias do acidente ainda não estão esclarecidas mas sabe-se que o táxi português, que levava um atrelado, terá embatido noutro automóvel, ainda na sua faixa, antes de perder o controlo e atravessar o separado central da auto-estrada e chocar na faixa contrária com um carro holandês ou outro francês. O condutor holandês morreu e os seus dois filhos sofreram ferimentos graves. No total estiveram envolvidas no acidente quatro viaturas e 18 pessoas, cinco das quais escaparam ilesas.
Em declarações à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Alfaiates, Francisco Baltasar, informou que «Joaquim Vicente, de 63 anos, era um profissional com uma empresa de transporte de passageiros sediada em Landes, França, há cerca de 20 anos e que fazia regularmente este tipo de viagens entre Portugal e França transportando emigrantes da região».
O acidente vitimou ainda o casal Manuel José Dias Martins e a esposa Lídia Varandas que eram naturais da freguesia de Vale de Espinho. O Jornal de Notícias relata a emoção vivida por José Joaquim e Rosa Fernandes, moradores em Vale de Espinho, no Sabugal, que ainda não acreditam no que aconteceu aos vizinhos Manuel e Lídia. «Temos as chaves da casa. Contávamos com eles a qualquer momento. Quando recebemos a notícia do acidente, a meio da tarde de sábado, foi um choque muito grande» confessa Joaquim visivelmente inconformado com a sorte dos vizinhos e amigos. «A Lídia tinha uma paixão pelas suas flores», lembra Rosa Fernandes, apontando as hortenses azuis na moradia onde casal, emigrado perto de Paris, e agora reformado passava muitos meses do ano.
«Ele trabalhou muitos anos nas obras. Era pintor. Ela dedicava-se a trabalhos domésticos. Fizeram vida e criaram dois filhos que por lá continuam. Mas nunca deixaram de vir aqui passar uma temporada», recorda ao JN, Maria dos Anjos Pires, outra vizinha e amiga de infância.

O mês de Agosto simboliza para muitos emigrantes as vacances e o regresso às origens. As terras do Sabugal enchem-se de emigrantes, de festas e alegria. Infelizmente este ano tudo começou de forma trágica.

Às famílias enlutadas o Capeia Arraiana endereça sentidos pêsames.
jcl