Em Abrantes, onde chega a 24 de Novembro, Junot obtém a informação de que o príncipe regente pretende embarcar para o Brasil. D. João e quase toda a corte portuguesa fugia assustado da horda esfarrapada e faminta, sem forças para sequer enfrentar um grupo de bandoleiros que lhes saísse ao caminho.
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Instalado em Castelo Branco, o que resta do exército de Junot está faminto e extenuado, mas o pior está ainda para vir. Mal rompe a manhã do dia 22 de Novembro de 1807 a vanguarda mete-se ao caminho com o intuito de atingir Abrantes.
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E assim vamos caminhando e parando, falando dos locais onde me delicio a comer, ao longo da A1 e, sobretudo, da A23.
A nossa próxima paragem é em Rio de Moinhos, por onde se chega saindo da A23 na segunda saída (no sentido de Lisboa) de Abrantes.
Andámos já mais de cento e setenta quilómetros desde que abandonámos o Sabugal, e embora tenhamos Abrantes e o Tejo ali ao lado e a pedir uma visita, não nos poderemos deter pois serão horas de almoçar.
Assim, e após sairmos da A23, logo que a estrada bifurque, para a esquerda, Abrantes, opte-se por tomar o sentido Rio de Moinhos.
Atravessemos esta localidade, sem deixar de marcar a Casa da Noémia onde na volta pararemos.
Logo à saída de Rio de Moinhos encontra-se do lado esquerdo uma serração e, do lado direito, o restaurante «Cristina», o nosso destino, sem nos preocuparmos com a arquitectura exterior, claramente de mau gosto.
Entremos e percebemos de imediato que chegámos a bom porto – uma sala interior com muitas madeiras envelhecidas a formarem o tecto e vário mobiliário antigo e pratos decorativos alentejanos e ribatejanos.
Se for sábado ou domingo os olhos vão de imediato para a zona das entradas e das sobremesas.
Se não forem do tipo «enfarta brutos», escolham um prato para dois, pois é a dose certa.
Partamos então para as entradas – carapaus de escabeche, salada de polvo, camarõezinhos em vinagrete, salgados vários, saladas, podendo trazer um pouco de tudo o que houver nesse dia, pois o preço é o mesmo.
Após as entradas aí virá o prato escolhido, que nos será simpaticamente servido pelo pessoal, não vindo à mesa empratado como hoje começa a ser hábito em muito lado.
Penso que ainda haverá barriga para a sobremesa e, portando, nova ida à mesa das entradas e sobremesas para escolha do que se quer. Está lá tudo o que gostamos, desde o arroz doce às farófias, desde o pudim ao quindim, sem esquecer os papos d’anjo. A escolha é nossa, o preço é o mesmo.
Mais uma vez estamos num local onde o serviço e o ambiente são do melhor que há. A cozinha opta claramente pelos produtos tradicionais e pela forma tradicional de os cozinhar.
Se se ouvir ou ver uma senhora de preto dando as suas indicações ou vindo cumprimentar os clientes às mesas como se velha conhecida de todos, não nos admiremos, pois se trata da Cristina, mulher que construiu e deu o nome ao restaurante e garante a qualidade do que ali é servido.
Preço da refeição? Se se optar por um prato para duas pessoas, incluindo tudo, mesmo o vinho, andaremos pelos quinze/vinte euros por pessoa.
Voltemos à A23, não sem antes pararmos em Rio de Moinhos para tentarmos comprar na Casa da Noémia das melhores tigeladas de Abrantes que é possível comer.
No trajecto da A23 não tenho mais referências gastronómicas, pelo que na próxima viagem vamos almoçar em Almeirim, mas isso fica para a semana.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Presidente da Assembleia Municipal do Sabugal)
rmlmatos@gmail.com
A presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, em declarações ao Diário de Notícias de sábado, 15 de Maio, anunciou que «já não vai haver complexo social de 60 milhões de euros do Grupo Existence».
A edição de sábado, 15 de Maio de 2010, do Diário de Notícia, publica declarações da presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque onde se pode ler que «o complexo médico-social Ofélia Club, anunciado em Abrantes como sendo um investimento de 60 milhões de euros não vai ser construído, defraudando as expectativas criadas».
O projecto apresentado em 2007 em Abrantes pelo Grupo Existence apontava para a construção na encosta norte da cidade de um edifício central e mais 11 edifícios, com 1560 camas, bercário, piscinas e restaurantes que permitiriam a criação de 500 postos de trabalho. O investimento na área dos cuidados de saúde de qualidade apresentava, na altura, como público-alvo o mercado escandinavo.
O fim do projecto foi anunciado por Jorge Ferreira Dias e confirmado por Maria do Céu Albuquerque que aproveitou para declarar que «a autarquia fez tudo o que podia para viabilizar o Ofélia mas, o que é certo, é que já lá vão três anos e o negócio não foi concretizado nem nunca fui contactada pelo Grupo Existence».
Recorde-se que um empresário de Abrantes, Jorge Ferreira Dias, de 53 anos, foi notícia primeiro porque durante cerca de dois anos não desfez a barba e depois por tentar entrar de burro nos Paços do Concelho para denunciar a perseguição constante aos projectos das suas empresas. A polícia, chamada ao local, impediu a entrada do burro no edifício não conseguiu demover o empresário de lavrar por escrito o seu protesto ao longo de duas horas no livro de reclamações da autarquia.
O empresário de construção civil declarou na altura que tinha uma situação de «absoluta asfixia financeira em consequência do negócio da venda de um terreno em Abrantes para instalar o complexo médico-social Ofelia Clube» e do qual nunca viu «um cêntimo».
«Não corto a barba há dois anos em protesto e só farei quando receber os 2,5 milhões de euros que me são devidos pela venda de terrenos ao Grupo Existance», afirmou em 2009 o empresário à agência Lusa.
jcl
Tal como acontece no Sabugal, Abrantes espera, e desespera, pela concretização do projecto «Ofélia Club», que ainda não passou do papel.
O jornal ribatejano «Mirante», apresenta na sua edição do dia 7 de Janeiro, a notícia de que o projecto «Ofélia Club» anunciado há dois anos em Abrantes ainda não arrancou, e há muitas dúvidas quanto à sua concretização.
«A Unidade de Saúde e Bem-Estar/Complexo Médico-Social “Ofélia Club”, anunciada com pompa e circunstância pela Câmara de Abrantes no edifício Pirâmide a 30 de Setembro de 2008, corre o risco de nunca se concretizar. Trata-se de um investimento previsto de 60 milhões de euros e que iria criar 500 novos postos de trabalho, dinamizado pelo grupo “Portanice Investimentos Imobiliários Lda”, empresa do Grupo Existence», diz o jornal ribatejano.
Porém a obra, que estava prevista para arrancar em Novembro de 2008, nunca saiu do projecto de arquitectura. A licença de alvará que permitia o arranque da obra nem chegou a ser levantada dentro do prazo. «Efectivamente, o prazo expirou no início de Dezembro mas ainda não declarámos a sua caducidade», explicou ao jornal a presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque. A mesma afirma que não tem tido contactos com o promotor da obra, António Reis, que afirmou em Agosto à agência Lusa que o projecto ia avançar até ao final de 2009.
Quem não está satisfeito é o empresário Jorge Dias, a quem foi prometido um negócio de 2,5 milhões de euros com a venda dos seus terrenos para a instalação do projecto. «Foi tudo por água abaixo», declarou o construtor de Abrantes, que em protesto deixou crescer a barba até que os negócios da família voltem ao rumo certo.
O jornal «Mirante» falou com António Guilhermino Reis, presidente do grupo Existence. «Parco em palavras, desvalorizou o facto do período para levantar o alvará da obra ter caducado em Dezembro e disse que o projecto vai seguir em frente. “As coisas estão a andar. Quando houver novidades comunicaremos”, sustentou.»
No Sabugal também se espera pelo investimento do Grupo Existence, mas a situação apresenta-se igualmente insegura e há quem duvide que o projecto se concretize.
Em Outubro de 2008 o então presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Manuel Rito, apresentou a «bomba» ao executivo municipal: o grupo francês «Existence, SA» vai investir no Sabugal, mais propriamente na freguesia da Malcata, 45 milhões de euros, e criar 300 postos de trabalho. O Projecto, designado «Desenvolvimento Médico-Social & Habitacional Ofélia Club», ocuparia uma área de 360 mil metros quadrados.
O empresário António Reis, que é natural do Sabugal e vive em França, foi pela mão do Município ao Sabugal no dia 28 de Agosto, já muito próximo das eleições autárquicas, anunciar que o projecto seria uma realidade e que até ao final ano haveria novidades. O ano passou e do Ofélia Club de Malcata não houve porém qualquer novidade.
plb
Quando viajamos do Sabugal para Lisboa, ou vice-versa, cruzamos a A23 a toda a brida, na ânsia de chegar ao destino. Faremos bem em parar pelo caminho, explorando as terras que ladeiam a via estruturante que hoje nos liga céleres à capital e aproveitando para aconchegar o estômago.
Um dos recantos que merece cuidada visita é a barragem de Belver, no rio Tejo, a dois passos de Abrantes, entre as províncias do Ribatejo, Alentejo e Beira Baixa. Para tal o viajante deve abandonar a auto-estrada na saída de Mação e avançar cinco quilómetros em direcção à barragem, com passagem por Ortiga.
O Tejo dá vida a estas terras interiores, que têm no rio a sua principal riqueza. Durante séculos a lavoura e a pesca foram as actividades dominantes, depois veio alguma indústria, muita dela instalada junto ao rio, aproveitando as suas águas. A barragem domou a água e permitiu o seu real aproveitamento, em parte para as actividades de turismo, que são hoje uma das principais fontes de riqueza.
Indo pela estrada, coleando as montanhas, podem admirar-se as bonitas paisagens das encostas do Tejo. São montes enormes e de forma arredondada, salpicados de vegetação, aqui oliveiras, ali azinheiras, além um qualquer mato rasteiro.
Depois de visitar a albufeira, dar uma voltinha de barco ou até dar um mergulho refrescante, se estivermos na época estival, o viajante deve procurar alimentar-se. E para isso há uma boa sugestão: o restaurante Kabra’s, em Ortiga.
Encontra o restaurante no cruzamento que liga a povoação à barragem. Visto do exterior mais parece uma choupana, pois é uma construção rasteira e de aspecto antigo. Ninguém adivinha o que ali se esconde.
O nome vem do proprietário, o Manel das Cabras, verdadeiramente chamado Manuel Marquitos, que durante anos teve uma piara de cabras e depois uma tasca onde se bebia bom vinho e se serviam pitéus.
Quem entra vê um espaço deslumbrante. Forrada a madeira a sala de refeições tem um aspecto rústico, ainda mais obtido pelos imensos objectos velhos que estão pendurados nas paredes e suspensos no tecto. Não beneficiando de suficiente luz natural, a sala ampla é iluminada por lâmpadas colocadas em candeias e candeeiros.
Quem se senta é logo presenteado com entradas de aprazível sabor, como queijo seco de ovelha, azeitonas verdes, rodelas de chouriço e fatias de presunto. Vindo o cardápio, nota-se que a especialidade do restaurante Kabra’s são os pratos confeccionados à base de peixe do rio Tejo, apanhado diariamente. E são muitos os peixes à escolha: fataça, sável, achigã, barbo, enguias e lampreias. Aconselha-se uma fritada, prato que inclui um pedaço de cada espécie, acompanhado com uma apetitosa açorda de ovas de peixe.
Também pode optar por carnes, onde pontua o borrego grelhado no carvão ou os lombinhos de porco, acompanhados por uma maravilhosa miga de couve lombardo e feijão, ou então por batata frita com casca.
Para beber há vinho de Pias, que é a pinga da casa. Há ainda sobremesas variadas e o preço é acessível.
plb