«A necessidade de estar no politicamente correto, em vez do moralmente correto, é o signo de uma mente vulgar.» (Albert Camus).

Quarenta e nove anos, querido(a) leitor(a), e ainda há uma espécie de fanatismo político na convivência entre cidadãos portugueses principalmente no Interior despovoado, onde o partido político vencedor das eleições autárquicas apoia incondicionalmente os «adeptos» que o levaram ao Poder.
A utopia não é mais nem menos do que uma tentativa de «Modelo Ideal», tanto a nível político como económico. Tomás More, um humanista político britânico foi o precursor da Utopia, propôs um Estado Ideal, inspirado em Platão, onde não se sabia o que era a Guerra e imperava um Socialismo Económico.
Ao chegar aqui, ao café de Fuentes, onde tantas vezes senti a alegria de encontrar bons livros, livros maravilhosos para uma sossegada leitura, vejo portas fechadas e prateleiras vazias, provavelmente para sempre…
Em todos os regimes políticos existe um sentido existencial, uma nova energia trazida por uma ideologia, uma Liberdade plena de alegria e um novo sentido dado à Justiça Social, mas estes caminhos são difíceis de percorrer e, até, fatais.
Assistimos em França a uma tentativa de destruição da Ordem Social estabelecida num País conhecido pela Liberdade, conhecido por albergar todos os perseguidos politicamente. Qual a razão de tanta intolerância?
No actual momento histórico que atravessamos à tranquilidade podemos chamar irresponsabilidade, ou seja, ninguém pode estar tranquilo. Todos os dias somos ameaçados por guerras, humilhados por políticos, grandes empresários e banqueiros, vandalizados e assassinados por marginais a quem chamam humildemente os «abandonados do sistema».
Como é possível que uma Democracia tenha permitido todo um vandalismo que aterrorizou o povo francês e deu uma péssima imagem dos seus governantes? Uma das razões é que qualquer dia haverá eleições, como é natural, são necessários votos para se chegar ao Poder e uma resposta contundente ao vandalismo, significava perda de votos.
Passar os olhos e ouvidos pela comunicação social, televisão, rádio e jornais, leva-nos a um estado de angústia e medo, só ilegalidades, nada é feito a nível político e económico que não seja considerado corrupção. Às vezes pergunto se tudo não passa de baixa política levada ao extremo.
Nos países mais ricos do Globo, as classes médias estão a diminuir, mas os grandes empresários e banqueiros (macro-empresas, bancos e multinacionais) estão a conseguir mais negócios e fortunas impressionantes. Há quem diga que os grandes desafios para as Democracias são a pobreza e a desigualdade.
Nunca as democracias foram tão humilhadas e maltratadas como no actual momento histórico que estamos a atravessar. Já não interessa quem as eleições levaram ao Poder, já não interessam maiorias e já não interessa quem o Povo escolhe.
Será que algum dia teremos o modelo ideal de Organização Política, Económica e Social? Impensável! Nós, portugueses, já só pedimos Justiça nos Tribunais, mais Justiça Social, combate à corrupção e ao Crime Organizado. Os nossos líderes partidários, e não só, são os principais responsáveis de uma desconfiança do Povo Português em relação à Democracia.
O Capitalismo desregulado não passa de um sistema a nível mundial onde a especulação e a rentabilidade financeira vão degradando o Meio Ambiente e a Humanidade. Isto não é apanágio de um País, mas de uma ideologia global. Foi mais ou menos nestes termos que o Papa Francisco condenou este tipo de Capitalismo.
Estamos a assistir em Portugal ao que se passou em Itália na década de 1990. Falo do «tangentopolis» em que a corrupção e o suborno se apoderaram de Itália, e tudo terminou com o desaparecimento do Partido Socialista Italiano e de outros partidos políticos entre eles o Partido Social Democrata Italiano.
Quero dizer-lhe querido(a) leitor(a) que cada vez nos apercebemos mais que quem manda não são muitas vezes aqueles que elegemos, mas sim os Banqueiros, os poderosos accionistas das Macro Empresas e das Multinacionais, os senhores da Comunicação Social privada e das Novas Tecnologias.