De novo, voltámos à Rebolosa. Vamos já, com verdadeiro carinho, como se estar na Santa Catarina fosse uma obrigação. Encontramos uma aldeia animada, cheia de vida e um povo fresco e vestido de festa. Sabe-nos bem o carinho com que somos recebidos e os cheiros que nos prendem à chegada. E o Presidente da Junta, Senhor Manuel Rei, de olhos que brilhavam enquanto nos falava, feliz pela sua Terra, a sua Raiz, como um bem a proteger. Enquanto se mantém na Presidência onde, em três mandatos, considera um tempo importante para se concretizarem projetos e se acompanharem em tempo útil.
O livro juvenil «Mistério na Serra da Estrela» teve o seu lançamento no passado dia 29 de Novembro, na Pousada da Serra da Estrela. Os Bombos da APPACDM da Covilhã conferiram ao evento um dos seus pontos altos, seguindo-se uma pequena dramatização com várias crianças amigas da autora, destacando as netas e amigos das mesmas, cujos nomes surgem na história. O espaço gentilmente cedido pela Pousada, antigo Sanatório, facilitou o ambiente de certa magia que o conto pretendeu levar aos mais novos. Houve mais dois momentos musicais com Rodrigo Duarte e o seu Clarinete e Tó Duarte cantou à viola um poema composto para esse fim e por ele musicado.
A Festa do Bucho Raiano voltou, como sempre, no sábado de Carnaval, desta vez na Aldeia de Bispo. Como todas as Aldeias e Vilas da Raia, alegre e fresca, a Aldeia de Bispo sorriu nas janelas abertas e nos portões de par em par, para ver passar o Desfile das Confrarias que acompanharam os trabalhos do V Capítulo.
«Território de presença mas também de abandono» foram as palavras com que o Presidente da Câmara do Sabugal, António Robalo, encetou a sua abordagem na receção feita à Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, na Câmara Municipal do Sabugal, no passado dia 3 de Fevereiro. A presença da Embaixadora de Israel mostra que o Sabugal é um dos concelhos com muitas referências judaicas e pode ser considerado um dos marcos da importância do Judaísmo em Portugal.
Escrever é sempre um ato de comunicar, de libertar a mente através da opinião. O Capeia levou-nos à comunicação, estes anos todos, como um «jornal» livre e independente, em que cada um de nós se libertou nas palavras. Esta liberdade é uma riqueza que a todos alegra, certamente, a todos engrandece. Mais, o Capeia levou-nos muitas vezes à pesquisa e daí também ao nosso enriquecimento. Parabéns Capeia Arraiana! Bem-haja José Carlos Lages, que foi quem me trouxe. E, não sendo eu raiana, já muitas vezes disse…
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Desde jovem aprendi a ver a Guarda e a admirá-la como uma cidade histórica, onde aquele D. Sancho do Foral, com ar de quem domina o espaço, a meus olhos enchia a Praça. Os arcos ao fundo, onde as lojas quase se escondiam do frio e acoitavam qualquer «estrangeiro» que ali passasse sem abrigo, faziam-me sentir acolhida como se a sua proteção me trouxesse conforto. Por tudo isto, eu estremecia sempre que me abeirava daquela Praça Imponente.

Depois, através da sua história, percebi como muitas verdades se podiam confirmar, pelo que ainda hoje, ir à Guarda é um passeio que me agrada, quase direi, me enche a alma. O clima é frio mas as pessoas são quentes e acolhedoras.
Homenageio o seu castelo que ficou para final entre os castelos de fronteira, não por descuido, mas por querer fechar com algum esmero «La Ruta de los Castilhos», do lado de cá, pois irei ponderar a hipótese de fazer uma busca aos castelos dos nossos vizinhos.
GUARDA
Ó Guarda se foste castro
De nome Lancia opidana
Dos Visigodos eras Warda
Teu castelo fiel guarda
Pela coragem que de ti emana.
Castelo em alvenaria de granito
Estilos românico e gótico são teus
Torre de Menagem no alto da colina
Torre Velha, isolada combina
Como se todas olhassem os céus.
A chamada Torre dos Ferreiros,
Apresenta planta quadrangular
E mostra quadros da paixão
Que quer queiramos quer não
Serve para a muralha recordar.
A Porta da Covilhã e a dos Curros
Provam seu longo existir
Pois entre elas a Rua Direita
Mostra-se caminhando perfeita
Para a todo o burgo servir.
No século XIII, Sancho I
Egitânia para aqui transferiu
Como diocese a vila revigorou
Em 1199 foral te doou
Foi isto que a pesquisa descobriu.
Iniciou vigoroso teu castelo
Que dominou a vila e a paisagem
O distinto e altivo torreão
Que de há tempos já cumpria missão
E Afonso II te fez torre de Menagem.
D. Dinis, Fernando e João
Retocam-te e te fortalecem
Torre Ferreiros, Covilhã também
Porta da Erva, como à época convém
De que muitos traços qu’ainda prevalecem.
No séc. XIV muitas portas existiam
Mas em XIX, as muralhas são benefícios
Alguns troços de muralhas demolidas
As suas pedras dali subtraídas
Para a construção de edifícios.
Em 10 Foste Monumento Nacional
Mas a demolição continuou
Em 40 houve restaurações
Até 21 mais remodelações
Pelo que a Torre dos Ferreiros vingou.
Mais lembro que na vila da Guarda
O Tratado de Alcanizes foi planeado
Em século XIII, seus finais
E apesar de aqui deixar pouco mais
Deixo seu castelo homenageado.
E nessa homenagem deixo também o meu abraço às suas gentes.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
E ainda na minha viagem pelos castelos de Fronteira, surge-me Penamacor que não posso de modo algum esquecer. Tornada uma vila com história, Penamacor enleia-se na altivez da sua Torre de Menagem, na beleza da sua “Domus Municipalis”, nas marcas que provam como atravessou as épocas e permaneceu, apesar de muito esquecido pelos tempos. O castelo e fortaleza são ainda sinais de que o passado não pode ser totalmente apagado, uma vez que deixou registos do vigor das gentes ou dos cuidados régios.
Penamacor foi um dos mais poderosos castelos beirões e continua a ser uma porta de passagem para a Reserva Natural da Serra da Malcata que abriga um espécime enriquecedor do património da região: o lince ibérico.
PENAMACOR
Eis que vem Penamacor
De castro romanizado
Onde terá nascido Vamba
Rei godo eternizado
Eis que regressa D. Sancho
Que também te deu foral
E com D. Afonso III
Tiveste Feira anual
Vem então D. Dinis
De visões largas, como se diz.
E no livro das fortalezas
Duarte de armas escreve
Que as obras de remodelação
Torre de menagem descreve
E na guerra da Restauração
A fronteira de Penamacor
Cresceu em Conselho de Guerra
Que aumentou seu valor
Castelo Melhor e Marquês
Reforçaram muralhas que pólvora desfez.
Mais tarde as pedras usadas
Para se fazerem moradas
Mas o Domus Municipalis
Fortaleceu suas fachadas
E no final do século XX
É Monumento Nacional
Que se mantém alerta na vila
Com sua Torre principal
Para que recordemos e sempre
O seu valor monumental.
E lembro ainda a lenda
Que fez surgir o desejado
Como se Sebastião fosse
Pelo povo, ai, tão amado.
Ali foi então acolhido
Como Rei e proclamado
Porém o demo tapa e destapa
Foi descoberto e castigado
Mas Penamacor ainda vence
E a quem o visita, convence.
O meu carinho a Penamacor
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
E venho agora com a minha homenagem ao Castelo de Penha Garcia, mais um Senhor da história e um marco dos tempos. Com a chegada de mais um Solstício de Verão lembramos o dia maior do ano. E falando aqui de Penha Garcia, recordo o bom pão e as boas gentes, sinto a calma do fim da tarde estival, o fresco das regas e o cantar das águas correndo pelas levadas. Terras verdes, puras e belas, onde o calor humano está a ficar empobrecido pela desertificação. É contra ela que temos que continuar a lutar.

PENHA GARCIA
És também Penha Garcia
Um castelo a recordar
Retomamos a pré-história
Com D. Sancho a te marcar
Com o D. Afonso III
Recebes Carta de Foral(1)
Andaste com a Ordem de Cristo
Mas voltaste ao poder real
D. Manuel como convém
Traz Foral Novo também.
Estás num lugar rico
De pré-história registado
A povoação do teu nome
Um castro foi no passado
Eos teus moradores pelo foral
Ficam com regalias marcadas
Tal como em Penamacor
Elas estavam registadas
Tuas gentes bem lutadoras
Das descobertas senhoras.
Depois do séc. XVII
Muitos desaires sofreste
Foste couto, foste concelho
Título que depois perdeste
Caçadores de tesouros
Te foram tratando mal
Não foste classificado
Sem teres culpa para tal
Mas a lenda traz-te magia
Com linda Branca e D. Garcia.
(1) 31 de Outubro de 1256
Também o meu carinho para Penha Garcia
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Castelo Bom é um daqueles marcos da história, maltratado ao longo de muitas épocas, pelas disputas de poder desde os tempos das lutas transfronteiriças que parece terem acalmado com o casamento de D. Dinis (1282) ao recebê-lo como dote. Esse rei, de espírito aberto e ideias firmes, estudioso e perspicaz vê a importância das praças de Ribacôa para a consolidação ou segurança da independência nacional e daí a necessidade de conquistar este Castelo. Logo se seguiu o Tratado de Alcanizes e Castelo Bom inicia um período de glória. Terá sido durante algum tempo um dos lugares de portagem do Reino, na região de Ribacôa. (Côa – Cuda e daí a região transcudana). O desenho de Duarte de Armas, de 1510, deixa-nos o que devemos hoje ainda lembrar.

CASTELO BOM
Ó Castelo Bom, de longe vens
Bem antes de Cristo, te ficou
“Cuda” fronteira natural que tens
Transcudana a zona se chamou
Às caminhadas romanas convéns
Que o diz quem estudou
E assim Ribacôa incluída
Civitas Augusti conhecida.
Visigóticos ali andaram
Como relatam sepulturas
Os mouros também ficaram
Com fuga cristã para as Astúrias
Em séculos abandonaram
De Ribacôa suas terras duras
Mas só em século XI então
Ó Castelo Bom, és de Leão.
Por Galiza então és povoado
Com tal Dª Urraca Senhora
E para foral te ser doado
Muito perdes ou ganhas outrora
Primeiros reis terão tentado
Por vários anos assim fora
É Afonso IX quem foral doa
Tudo se passa em terras Ribacôa.
Longa tua história e renhida
Que o rei D. Dinis vem definir
Com Alcanizes vencida
Condições do tratado reunir
Castelo Bom reconhecida
Fronteira a vencer no porvir
3 anos depois de 1293
Tiveste foral Português.
Como assim tu foste prosperando
E tuas obras continuaram
Pelo reinado de Fernando
Em Santarém te elogiaram
A crise de sucessão passando
O castelo te remodelaram
À Diocese de Lamego foste parar
Mas em ti, muito mais vai mudar.
Teu brilho aos poucos se perdeu
Ainda D. Manuel bem o tentou
Quando Foral Novo te concedeu
Importante futuro se desenhou
Mas s’a honra do povo devolveu
A Invasão Francesa o brilho te levou
Ficou então tudo destruído
Castelo Bom para sempre perdido.
Maria II em Almeida te integrou
E o teu poder se foi perdendo
Tuas pedras o povo levou
Para habitações irem mantendo
Sozinho, o povo te abandonou,
Como o historiador foi escrevendo
E para piorar teu destino
Comboio saiu do teu caminho.
Então a Freineda te juntaram
E a Vilar Formoso também
Outros desaires te molestaram
Que a qualquer castelo não convém
Tão só, isolado te deixaram
E de grande tristeza refém
D’Aldeia Histórica retirado
Mas de Beleza sempre coroado.
A minha admiração por Castelo Bom
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
«La Ruta de los Castillos» fez uma pequena viragem para homenagear também outros castelos de fronteira como: Pinhel, Penha Garcia, Penamacor e Castelo Bom que, não sendo castelos de Aldeias Históricas – que me propus destacar – são também monumentos que gravam em pedra, páginas da História. Portugal com seus castelos foi ganhando glória ao longo de todas as épocas em que, cada pedaço de pedra que se ergue ou ergueu nos recorda valores pátrios reveladores de majestade e coragem, na defesa dos povos e das gentes.

PINHEL
Foste castro pré-histórico
Ó castelo de Pinhel
Com túrdulos ou lusitanos
Desempenhaste teu papel
Vigiaste estrada romana
D. Sancho Foral te doou
Retomaste teu fulgor
Outro rei te revigorou
Aqui referimos D. Dinis
Com Tratado de Alcanizes.
Envolveste antiga vila
Nesse jeito acolhedor
Mantendo-te em alerta
Como poderoso senhor
Mas sofreste derrocadas
Pilhagens e vilanias
Salvando-te D. Manuel
Que tu bem o merecias
Devolvendo respeito ao povo
Concedendo o Foral Novo.
Até mil setecentos e setenta
Crescendo, foste cidade
Foi pena que até XIX
Muito mudou, na verdade
As guerras te molestaram
Perdeste muitos afetos
Assim o tempo foi passando
À espera de novos projetos
Em XX um Decreto te classificou
E mais digno te tornou.
E esse ar imponente
Com tua torre de Menagem
Que alguns chamam de vigia
Lembram a tua coragem
Acolhes quem te visita
Mostrando a dignidade
Na proteção e defesa
De toda a tua cidade
Quem perto ou longe te vendo
Sabe que o estás acolhendo.
O meu respeito a Pinhel
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Trancoso continua ser um dos meus roteiros preferidos. Ainda há muito pouco, voltei a passar nesta terra linda e foi bom rever as suas imponentes torres que tornam a vila, de longos séculos de história, um centro obrigatório de passagem para o norte, nas saídas ou entradas de Espanha. Muitos Espanhóis, ali abeiram na visita às suas majestosas muralhas e na compra de produtos regionais no Centro histórico, onde não faltam os bons queijos da Serra, os licores e o mel da região. Os Portugueses, que ali passam, não ficam sem repetir que Portugal tem muitos lugares encantados e belos, merecedores das nossas visitas. E eu, mais uma vez me sinto feliz por ser portuguesa e poder apreciar, a cada passo, a magnificência de cada palácio, a beleza de cada verde e o azul do Céu português que me encanta.

Belmonte, castelo que conheço desde jovem, Senti sempre, aquele respeito devido, pela paz que me inspirava, pela altivez que mostrava, mesmo quando o visitava com os alunos. Também o vi melhorar e revalorizar com um anfiteatro que o tornou palco de atuações e festas. Sinto sempre ali o espírito dos «Cabral», a força das memórias Sefarditas – agora com Museu Judaico e Sinagoga – a magnitude das muralhas, atualmente enriquecidas e vivas com as Feiras que nos transportam aos tempos medievais, onde ele se impunha alerta, como guarda das gentes e dos povos beirões.Centum Cellas parece continuar essa vigia, quer tenha sido ela prisão, albergaria ou residência. A sua imponência gera também o respeito que devemos a estes guardiões de pedra que distinguem fortemente épocas longínquas, mas de qualquer forma marcantes na vida dos povos.

BELMONTE
Ó Belmonte, agora és tu
Que eu canto em simples voz
O teu coração é serrano
Tua raiz medieval
Viveste com as descobertas
Dos navegadores de Portugal.
Existias com a estrada Romana
Entre Bracara e Emerita Augustas
Fala-se de Afonso Henriques
E em Centum Cellas sua história
Em 1199 o rei D. Sancho
Deixou no foral sua memória.
Pertenceste à Sé da Guarda
Pela doação dum Papa Alexandre
Com os devidos direitos episcopais
Castelo e torre com Dinis construídos
Como em XII ou XII se confirma
O castelo e torre de menagem erguidos.
Alcanizes também viveste
Como tantos teus congéneres
Alargando fronteiras oeste
Mas perdeste com o tratado
O povo extramuros, segundo lemos
Ter-se-ia então alargado.
Na crise da independência
Perdeste parte das muralhas
E por D. João primeiro
Foste depois confiscado
Aberta a Porta da Traição
Quando a Luís A. Cabral doado.
Doado depois por Afonso V
A um Cabral de nome Fernão,
Pai do conhecido Pedro Álvares
Foste Residência Senhorial
E nunca mais deixaste de ser
Da família dos Cabral.
Com baluartes modernizado
Um incêndio te danificou
E ainda em XVIII arruinado
E em XX eras prisão
Mais tarde Monumento Nacional
O IPPAR abriu-te aos espetáculos
Mas não esqueceram os Cabral.
Teu traçado ovalado
De forte pedra granítica
Com vários estilos marcado
E com as armas de Cabral
Não desmereces, ó Belmonte,
Por tudo (o que viveste), castelo de Portugal.
O meu abraço a Belmonte
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Piódão é a aldeia que se segue na minha viagem pelas Aldeias Históricas. E, mesmo não lhe encontrando castelo, versejo-a para que não fique triste. Sua pedra negra e brilhante confere-lhe uma rudeza majestosa, uma simplicidade quase imponente. La Ruta de los CastilLos não perde pois a altivez desta terra linda, encravada no coração da serra, amplia esse colo materno onde muitos dos seus filhos se podem abrigar.

Monsanto, também tu revelas o poder, a dureza e rigor do granito mas a simplicidade dos «grandes» na tua beleza e altivez doce. Se D. Dinis te concedeu Carta de Feira e D. Manuel te deu Foral, se mais não fizeste foi porque não te deixaram e te derrotaram como se nada valesses já. Mas eu e tantos outros que as pedras valorizam pela sua rigidez simples e baluarte na defesa dos povos, estamos aqui para te enaltecer e te olhar com respeito e meiguice. Ao subir a calçada me sinto pequenina e te admiro na tua rudeza de militar salvando os seus. Obrigada Monsanto pela tua presença amiga, como defensor dos pequenos que te continuam amando.

Depois de algum tempo de repouso na Serra da Estrela, num lugar que me é muito querido, por vir dos tempos da minha infância e por me fazer sentir mais leve e fresca, volto rumo à Ruta de los Castilhos, para levar a cabo aquilo que comecei. Neste meu deambular pelas Aldeias, Vilas ou Cidades Históricas, é o Castelo que começo por homenagear, mas não posso deixar de o relacionar e enquadrar nas povoações que a ele estão ligadas. Recordo também que, para as pesquisas necessárias, me sirvo de folhetos, livros e registos, que vou adquirindo e que já fazem parte da minha biblioteca pessoal, ou faço consultas online. Idanha é a Senhora que se segue e, para ela, espero ser digno este meu trabalho…

La Ruta de los Castilhos, parou um pouco, para descansarem também as pedras e olharmos todos a Luz que vem do Céu. Sim, urge que a terra, o mar, todo o universo e todos os homens olhem essa luz, que urge voltar a brilhar em todos os corações, numa época em que já não vemos as pedras, nem nos deliciamos com o cheiro da natureza, por falta de tempo. Parece que chegou o tempo em que cada um de nós deve olhar à sua volta. Ao Capeia, a todos os colaboradores, leitores, sabugalenses ou não, deixo os meus votos de um Natal cheio de bênçãos do Menino, que não podemos esquecer, e que cada um olhe também o seu interior e pare para pensar como pode ajudar a salvar o planeta.

O branco tule da neblina envolvia a Rebolosa enquanto o sino tocava alegremente em homenagem à Santa Catarina. Também os foguetes nos lembravam que era dia de festa. Fomos amavelmente recebidos pelo Sr. Presidente da Junta sorrindo, como sempre, e sondámos o seu pulsar. Não há dúvida que o coração da terra palpitava no seu olhar, ao falar-nos do orgulho que sente por estar à frente dos destinos desta Aldeia lutadora.

REBOLOSA
A meio da manhã
O Sol adoça a aldeia em festa
Aquecendo os feirantes
Tal como os acompanhantes
Turistas…e possíveis conquistas.
Então não era nas feiras
Nas festas e romarias
Que se descobriam amores
Não era dali que os Senhores
Davam sua permissão?
A Permissão na Rebolosa
Segundo reza a história
É a tal carta passada
Pelo Alcalde certificada
Para o porquinho matar.
Porquinho criado ali
Com farinhas, cereais
Que carne! Que maravilha
A assar na brasa, quentinha
Francamente a nos chamar!
Pãozinho daquele bom
Gentes sãs que acarinham
Carnes de todos os pores
Comidas de tantos sabores
O convívio a aumentar.
E dou comigo a pensar
Nesta terra, a Rebolosa.
Parece distante do Centro
E tanto que tem lá dentro
Como Rei se fez explicar.
Pois é ele, desta vez
O Presidente actual
Que nos recebeu de mão cheia
Pois há ali pé-de-meia
Numa terra abençoada.
Habitantes, mais de duzentos
Mas de tudo ali encontro
Uma Aldeia a lutar
A produzir, a criar
P´ra sua terra crescer.
Sobreviver ao silêncio
Aos lutos da interioridade
Para que a vida não se esfume
E ali a fogueira, o lume
Mostrarem que vale a pena.
E o Presidente continua
Que saneamento já tem
Ruas limpas, calcetadas
E vemos Peñas animadas
Com músicas em chamamento.
Chamamento para os jovens
Outro sonho a descobrir
Na Luta está a Autarquia
Que tudo deseja, tudo cria
Para que os jovens não emigrem.
E a Capeia Arraiana
O ex-líbris da zona
É pensada também para aqui
Tal como eu percebi
Pois que espaço já não falta.
Então a festa será valente
Mais ainda do que é
Lugar de melhor encontro
Tal como vi e vos conto
Para animar Rebolosa.
Rebolosa terra viva
Em luta pelo futuro
Não quer morrer de solidão
Pensa estruturas para o Verão
Para todos se banharem.
Sim, praia fluvial é sonho
Espaços verdes, água fresca
Que se quer realidade
Trazer trabalho de verdade
Para todos abranger.
Tocadores de realejo
Acordeonistas de garra
Anseiam pelo Encontro
E por isso aqui aponto
Pelo que vale lutar.
E a Câmara também ali esteve
O Presidente Robalo
Em seu apoio de Autarca
E isto também nos marca
Que a Autarquia acompanha.
Acompanha e apoia
Como fica bom de ver
E motiva Vereadores
Dr. Marques, outros Senhores
Que marcaram sua presença.
É isso que alicia
Vir à Raia, gente querida
E a Localvisão está sempre
Com Paula Pinto à frente
Da Câmara a comentar.
E fomos de volta à Peña»
Onde o Paulo nos recebeu
E a jeropiga provámos
E também quase dançámos
Na animação do encontro.
Então o cafezinho quente
Reúne gentes amigas
E a lareira acolhedora
Recebe os de cá ou de fora
A aquecer o coração.
«Eu morro à sede
Não há por aí uma pinga?»
Registei na brincadeira
Gosto de escrever à maneira
Para a todos agradar.
E que mais posso dizer?
Que na Rebolosa há vida
Por isso gostámos de estar
Conviver e petiscar
Como em nossa casa estando.
Parabéns Rebolosa
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Eis Linhares, onde a Serra é Mãe, o vento anima os parapentes e os amigos da natureza se abrigam na sombra amiga dos penhascos ou petiscam os bons sabores da serra. Sua altivez humilde e trigueira vem ter connosco, num carinhoso fim de tarde de Outono ou num crepúsculo anunciador de invernia. Tudo nos conforma e conforta naquele agro manjar dos cardos frescos (na leiteira bojuda da moçoila) ou na doçura perfumada das amoras maduras, mas também no pão macio a saber a farinha. Esse imponente herói que a terra-mãe abraça em defesa de seus filhos está aqui, majestoso e meigo, como eu o vejo e admiro.

LINHARES
Tuas gentes simples, boas
Recebem de rosto contente
Quem pratica parapente
Quem te visita curioso
Desde manhã ao sol poente.
Linhares, também és da Estrela
Passado com lendas animas
Penedo granítico encimas
Tuas gentes, teus lugares
Mondego e seus vales dominas.
És Museu ao ar livre
Falando em todas as esquinas
Às tuas gentes deixas rimas
Em paisagens de montanha
Em tuas águas cristalinas.
Como Castelo marcaste
Entre as povoações de então
Se o foral não veio de Leão
Veio mais tarde com 1º Afonso
Eis-te nova povoação.
Afonso II te confirmou
No séc. XIII o foral
Cresceste de importância tal
Ó Castelo de Linhares
A ti mesmo sempre igual.
E o Alcaide de Celorico,
(Nos conta então a história
Para que fique na memória)
Vem em tua defesa
À Senhora, agradeceis vitória.
Uma Capela se ergue
Entre Celorico e Linhares
Fazem-se festas, cantares
Na Romaria de 3 Maio
Rezam civis e militares.
De estilo românico te dizem
Muito importante te ergueste
Nas Inquirições podemos ver-te (1)
E D. Dinis fez-te obras
Para a Fernão (seu filho) conceder-te.
Tiveste guerras com Castela
Por defenderes Beatriz
E aí na História se diz
Que tu Linhares sofreste
Contra o Mestre de Avis.
E depois de Trancoso
Finalmente veio a Paz
Em ti pouco mais se faz
Até ao Séc. XVII
Quando no relógio as horas dás.
Como Monumento Nacional
Foste em XX classificado
E isso deixou-te melhorado
Numa campanha mais recente
Num trabalho mais cuidado.
E assim te deixo o carinho
Que bem mereces, Linhares
Te ofereço simples cantares
Em letras escritas aqui
Contente fico, se gostares.
(1) Inquirições de 1258.
O meu carinho para Linhares da Beira.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Depois de algum tempo de repouso na Serra da Estrela, num lugar que me é muito querido, por vir dos tempos da minha infância e por me fazer sentir mais leve e fresca, volto à Ruta de los Castilhos, para levar a cabo aquilo que comecei. Neste meu deambular pelas Aldeias, Vilas ou Cidades Históricas, é o Castelo que começo por homenagear, mas não posso deixar de o relacionar e enquadrar nas povoações que a ele estão ligadas. Repito também que, para as pesquisas necessárias, me sirvo de folhetos, livros e registos, que vou adquirindo e que já fazem parte da minha biblioteca pessoal, ou faço consultas online. Idanha é o Senhor que se segue e, para ele, espero ser digno este meu trabalho.

IDANHA-A-VELHA
Se o teu Castelo, ó Idanha
Também é Torre dos Templários,
Se mostras as defesas da Vila (1)
A torre e cerca da povoação,
Pois anima-te ó Idania
Por seres tão importante
Nesse teu sangue beirão.
Se entre Guarda e Mérida
Estiveste na Via da Prata
E como cidade do Alto Império
Mostras, de então, teu valor
As riquezas encontradas
E as construções visigóticas
Consolidaram teu fulgor.
Pois então se vens de Augusto
Com seis torres e duas portas
Se foste Egitânia
Ou com os Muçulmanos Eydaiá
Está visto que vens de longe
Fortemente marcaste,
Com teu longo caminhar.
Em tempo de Afonso Henriques
Foste doado a Gualdim Pais (2)
D. Sancho te confirmou
Com merecida homenagem
Ao Mestre Lopo Fernandes
Desse tempo recolhemos teu nome
Como Torre de Menagem.
Se D. Dinis tua cerca reforçou
E depois D. Manuel
Novo Foral te concedeu
Por que em XVI adormeceste?
Pareceras esquecido
Só em XX voltaste erguido
Com Félix e Júnior renasceste. (3)
E quero ainda lembrar
Que cunhaste moedas de ouro
E no século XVIII
Como vila foste marcando
E se no séc XIX,
Ainda foste Concelho
Quem, tão deserta te deixou ficando?
Considerada aldeia museu
Como Monumento Nacional
Como Riqueza arqueológica
Arquitectónica, prosperaste
Pitoresca, airosa
Com Fernando de Almeida
E Veiga Ferreira continuaste.
Vives na história como marco
Um Monumento Nacional
Que do passado nos orgulha
Altiva Idanha, mas singela
Para quem lá vive
Ou curioso te visita
És sempre grandiosa e bela.
(1) Vila Medieval
(2) Mestre dos Templários em Portugal
(3) Félix Alves Proença e Francisco Tavares Proença Júnior
O meu carinho para Idanha-a-Velha.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Castelo Rodrigo deixa-me fascinada pela sua riqueza histórica. Desde as muralhas que lhe concedem imponência até às ruínas do Palácio Cristóvão de Moura, passando pelas fachadas quinhentistas e janelas manuelinas e pensando na hipótese de ter existido uma Sinagoga Judaica, tudo parece envolto em mistério. Mas a história vive de vestígios e provas que se encontram de muitas e variadas épocas, que nos impõem, quase direi, respeito pela sua magnificência. Mais um Monumento Nacional que marca, no tempo e no espaço, os retalhos da vida e cultura de muitos povos.

CASTELO RODRIGO
Castelo Rodrigo tem história
Essa é boa verdade
Para ajudar nessa vitória
Duarte de Armas faz memória
Da torre Albarrã, realidade.
Muito séculos a registar
Muitos povos a fluir
Túrdulos da Bética a chegar?
(Torre das Águias), posto de vigia militar
Dos romanos, a construir…
Algumas villas, ali estão
E pontes, já nós sabemos
Vermiosa e Escalhão
Ainda outros povos virão
Mas do Forte também lemos.
Dos árabes eis que nos ficam
As casas de agricultura
Mais vestígios nos indicam
Que vêm e se radicam
Apesar da vida dura.
Se aos mouros te conquistou
Afonso, primeiro Rei
Sancho I Foral doou
Em 1209 o outorgou
D. Dinis também encontrei.
Sempre o encontro, procurando
Em Alcanizes, a provir
As muralhas reforçando
Fortalezas muralhando
Portão de acesso a construir.
Sobre a Ribeira de Aguiar
Peregrinos acolhias
Pois queriam descansar
Para jornadas continuar
Carinhoso, os recebias.
Também se diz que D. Fernando
Te concedeu Carta de Feira
23 de Maio recordando
Em 1373 à vila outorgando
Pode-o festejar quem queira.
Rodrigo, nome que ficou
D’Alcaide que te defendeu
Na guerra que depois mudou
Destinos e aí se registou
Avis, que foi quem venceu.
Mas D. João castigou
As gentes do povo Rodrigo
Nas armas reais mostrou
O quanto magoado ficou
E eis o elmo invertido.
Beatriz lá saberá
Se é castigo merecido
D. Manuel vem até cá
(1508) Novo foral te dará
O que é prometido é devido.
E muito teríamos que contar
Do domínio de Castela
Depois de Conde, Marquês reinar
Grande palácio, podíamos recordar
Depois destruída residência bela.
Mais guerras te sacrificaram
Destruição conhecemos
Mas muitas portas ficaram
Tua imponência revelaram
Na cerca da vila ‘inda vemos.
E lembro lenda popular
Zacuto de filha Ofa
Que aos pais desgosto vai dar
Mas Religião vão mudar
Eis a Serra da Marofa.
A minha admiração a Castelo Rodrigo.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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