Um dia recebo um SMS de um número desconhecido a desejar «Boa Noite». O texto era muito curto e, em poucas, palavras dizia de forma diferente apenas isso.
Conheci uma jovem angolana que acabou por engravidar. E para meu espanto o progenitor nem quis saber do assunto, deixando a futura mãe por sua conta e risco. A princípio fiquei chocado e dizia que essa situação não cabia na cabeça de ninguém…
«Dormindo com o inimigo» é um nome de um filme, aliás bem conhecido dos amantes do cinema, mas na verdade me faz lembrar muito a rivalidade entre a Palestina e Israel. Quantos casais entre palestinianos e judeus não haverão? Em teoria, são dois povos que deveriam compartilhar o mesmo espaço. Só que o ódio principalmente se instalou logo terminada a Segunda Guerra Mundial, continuando numa escalada nunca vista.
Não sei porquê, mas no Kuito muitos julgam que sou um antigo agente secreto. De facto, ando a pé e sou muito observador. Quando fumo uma cachimbada raramente não fico a observar detalhadamente todos os pormenores que me rodeiam. E há gente que já reparou nessa minha faceta e pergunta-me abertamente se sou um «bond» português. (Parte 2 de 2.)
Quem consegue ainda ver um pouco da televisão portuguesa, menos a SIC que por razões que desconheço não transmite com facilidade em Angola, fica-se com a ideia que todas as classes profissionais vivem na «Rua da Amargura» e precisam de mais dos meus impostos para contribuir para as melhorias salariais.
Era Domingo de Ramos. Normalmente ia à Sé Catedral do Dundo. Na saída sempre via gente conhecida e podia durante uns instantes falar um pouco sobre temas circunstanciais. Estar longe de casa vai ficando «duro», principalmente nas épocas festivas e procurava «furar» para conhecer sempre mais alguém.
Conheci-o precisamente no dia 11 de Fevereiro de 2021. Foi uma apresentação brilhante nesse dia em que lancei com a editora angolana Massona, o meu primeiro livro de poesia, reconhecendo hoje a pobreza da arte literária que tinha. Tirou uma foto comigo, sem eu saber que ainda teve de comprar um exemplar.
Belo dia cheguei, de tantos anos de que me afastei, mas muito me admirei com este novo Portugal…
Na verdade, nunca acreditei que seria capaz de me libertar do estigma do embaraço da poesia. Mas o facto é que consegui e até escrevi num livrinho bem pequenino o rascunho que viria a ser publicado. O dia era triste, pese embora estivesse em Setúbal. Meu sogro estava a falecer e eu sozinho na esplanada do Allegro a transmitir sensações contrastantes de um desejo de partir e ficar.
É um termo usado em missões, sejam militares ou civis, quando andamos em territórios sem logística abrangente. Numa deslocação temos de planear um conjunto de factores desde alimentação, água, medicamento, comunicações, mas também o combustível e a conservação das viaturas.
O Panafricanismo é um movimento nascido de descendentes de escravos, principalmente norte-americanos, tendo em 1919, conseguido organizar o seu primeiro congresso.
Foi a primeira vez, em quase quarentena anos de profissão, que assisti a uma campanha tão dinâmica e informal. Bem, na verdade, seria uma campanha de sensibilização para o pagamento da água. Uma luta titânica que os angolanos travam para que os sistemas de abastecimento de água sejam sustentáveis.
Começou num poema inspirado nos portugueses que trabalham em Angola, na sua grande maioria longe das famílias e que, por uma razão ou outra, encontram muitos aspectos de um Portugal mais antigo, com a então Europa ao redor.
Chama-se Henrique Simba. Nasceu em Cabinda e tive a sorte de o ter como colega. Casou-se nas vésperas de Natal e recebi um convite que irei abrir na consoada. O convite angolano é muito diferente do nosso e vou fazer um ritual em sua homenagem na nossa noite de Natal.
«Deita-o na vala!» É verdade. Muitas jovens mães quando engravidam, ouvem estas palavras dos progenitores. Pela primeira vez estou a acompanhar uma situação destas, e embora exista em todo o mundo, a mulher africana, em geral não aceita o «aborto» como solução da irresponsabilidade de garotos sem escrúpulos que as levam no «canto da sereia». Louvo por isso esta atitude, que nada tem com a religião, mas com um conceito de família que nós europeus já não temos.
A Tina é uma jovem angolana, com apenas 27 anos, casada a caminho dos oito anos de matrimónio, mas tendo apenas um filho. Tem sido uma das pessoas com quem mais converso no Cuíto. Pedi-lhe uma entrevista porque considero que «rema contra a maré», usufruindo de boas condições económicas, sacrifício no trabalho e uma relação matrimonial estável, sendo o marido professor de educação física e treinador de futebol.
Esta crónica foi escrita em Agosto de 2022 nas vésperas de partir da Lunda Norte para a província do Bié, onde actualmente me encontro. Tenho muito texto escrito e alguns acho que devo partilhar…
Desta vez vai o poema feito por mim, de um RAP, que significa na língua portuguesa «Ritmo e Poesia», sobre uma fusão de culturas. A negrito é o refrão a ser cantado por angolanos, e o poema em si por um português, ou «Tuga», como por aqui dizem, embora pessoalmente prefiro o termo «Tximbari», ou seja «O Homem Branco», na língua «Tchokué».
Uma das coisas bonitas do Kuito são os jardins. Regra geral tanto o espaço público como o privado tem sempre um verde aromático e muito arranjado. Curiosamente, flores nem tanto, mas os arbustos e relva é «sagrado». Aparados como um bom corte de cabelo.
O Bartolomeu descende de uma família ligada à agricultura, tendo conseguido fazer a 3.ª Classe, mas nunca deixando de trabalhar na lavra com seus pais e irmãos. Mas a lavra dava alimento, como mandioca, milho, feijão, batata doce e batata rena, ou seja, a batata que temos em Portugal.