Costumo dizer que escrevo para melhor perceber o mundo em que estamos envolvidos, porque só temos a noção identificadora de uma situação quando encontramos palavras para a definir.

Costumo dizer que escrevo para melhor perceber o mundo em que estamos envolvidos, porque só temos a noção identificadora de uma situação quando encontramos palavras para a definir.
O meu amigo Joaquim Tenreira, no Encontro dos Antigos Alunos realizados no Fundão, no passado mês de Maio, numa longa conversa, falou-me na possibilidade de apresentar o seu livro «No Seminário Maior» na Biblioteca Eugénio de Andrade, nesta cidade, que é um refúgio onde as vozes dos nossos escritores encontram a sua casa.
Joaquim Tenreira Martins, natural de Vale de Espinho (Sabugal), antigo aluno dos Seminários do Fundão e da Guarda, após escrever vários livros e assíduas crónicas em vários jornais e aqui no Capeia Arraiana concede-nos agora o privilégio de o encontrarmos na apresentação da sua nova obra «No Seminário Maior», que terá lugar no próximo dia 28 de Outubro, pelas 16 horas, na Biblioteca Eugénio de Andrade, no Fundão.
A Casa do Concelho do Sabugal vai organizar, pelo segundo ano consecutivo, o Torneio de Futebol 5 na região da Grande Lisboa. A prova vai ser disputada por oito equipas representativas de sete aldeias sabugalenses.
«A Raia é sobretudo um estado de espírito» podia ser o título deste documentário realizado em 1987 pela RTP e que nos leva pela memória das imagens pelas aldeias da Raia do concelho do Sabugal. A viagem passa pelo Jarmelo e termina nas terras da Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa cidade da Guarda.
Também eu concordo com o que dizia Teixeira de Pascoais: «A aldeia do passado já não existe; mas vive em mim. Tenho-a intacta, cá dentro, onde se fixam todas as formas transitórias, reproduzidas numa substância espiritual e sempiterna. As lembranças não morrem; adormecem e acordam ao menor ruído, como hão-de acordar os mortos no juízo final.»
Os governos passam, as políticas continuam as mesmas. Muito se criticou Passos Coelho por ter deixado partir os jovens à procura de trabalho para outras paragens. A hemorragia continuou, mas alguém me poderá explicar por que razão os clamores, ao nível político, pararam?
Em boa hora, a União Europeia instituiu as designadas Jornadas Europeias do Património, a realizar no mês de setembro, e encorajou os países a promover temas que pusessem em valor aquilo que os nossos antepassados nos legaram.
1.º ANO – No Outono de 1954 entrei em regime de internato no Seminário das Chagas em Vila Viçosa, dirigido por padres, acompanhado do meu enxoval metido numa arca de madeira forrada a lata. (parte 2)
É com esta frase – os jovens são a geração que parte – que começa o primeiro soneto de uma série de setenta que foi publicado no meu livro – «Meu País é a Diáspora» – , na editora do Porto, «O Progresso da Foz», em 2016.
PREFÁCIO – Há cerca de 60 anos, estudar para além da 4.ª classe em terras de Riba-Côa não era fácil. Por perto só o Liceu ou a Escola Comercial na Guarda ou alguns colégios também na Guarda e arredores, como o de São José («O Rocha»), o do Rochoso ou o do Outeiro. Mas a Guarda fica a uns 35 quilómetros do Sabugal e ainda mais uns 10 ou 20 para a maioria das terras do concelho para lá do Côa. Só mais tarde surgiu um pequeno colégio no Soito e o Colégio do Sabugal do Dr. Diamantino. Alguns tiveram já oportunidade de aí fazer o ciclo. Frequentar o Liceu da Guarda implicava alugar um quarto e comer nessa casa, para além das propinas e do custo dos livros e demais material escolar. Cantinas ainda não existiam. (parte 1)
A aldeia das Batocas no limite nordeste do concelho do Sabugal foi um dos maiores pontos de passagem para o contrabando da Raia sabugalense. Também por esta aldeia raiana passaram centenas, milhares de portugueses que «a salto» tinham como objectivo chegar a terras gaulesas e em especial a Paris. Em 2023, a 19 de agosto, foi a localidade escolhida para o acto burocrático de confirmar que os marcos da fronteira entre Portugal e Espanha não foram… «mexidos».
Tarde compreendi que caminhar era um excelente exercício físico. No frenesim da uma vida citadina, habituámo-nos a correr porque pensamos que não há tempo a perder e utilizamos os meios mais céleres para abraçar o mundo: o automóvel, o avião, o comboio rápido. Começamos a viagem num ponto e só nos interessa o destino. O que fica entre a partida e o fim não merece a nossa atenção. O trajeto tem pouca importância. É a fúria do poder ir cada vez mais longe e cada vez mais depressa, a passos largos e apressados.
Vladimir Putin não se cansa de ameaçar o ocidente, a Nato e a Ucrânia com o papão da arma nuclear. Espero vivamente que continue a ser uma ameaça e que nunca passe a um ato de loucura desesperado que seria fatal para a humanidade.
É tempo de verão, de sol e de calor que nos vão invadindo ao longo destes meses. Idílios amorosos acontecem. Sorrisos e encontros são mais fáceis. Os sentimentos exprimem-se com sinceridade. O amor pode desabrochar e quando dois seres decidem caminhar juntos por um tempo infindo, unindo as suas vidas e os seus corpos, pode surgir um tempo de graça e de felicidade que fecundarão uma vida.
É verão e, nesta época, houve sempre vontade de arejar e tomar ares fora da monótona terra que pisamos todos os dias. Porém, os comportamentos dos turistas não se fizeram da mesma maneira. Tanto os destinos como os meios de transporte foram mudando ao longo dos tempos.
O mês de Agosto carrega sempre o secreto apelo do regresso às origens para os que estão longe. No concelho do Sabugal faz povoar as aldeias, abrir as persianas, lotar os bancos das igrejas e encher os lugares públicos com um estranho mas familiar linguajar mesclado aqui e ali de expressões e palavras de origem francesa. Mas, para muitos dos sabugalenses é o tempo da mãe de todas as festas – a capeia arraiana – espectáculo único que andou escondido esotericamente nas praças das nossas aldeias e que, agora, de há uns anos para cá parece ter perdido a vergonha e tudo faz para se dar a conhecer ao mundo.
Tudo começa em Quadrazais no dia 30 de Julho (encerro e capeia) e termina em Aldeia Velha no dia 25 de Agosto com encerro, capeia e desencerro. E que se oiça bem alto o grito: «Agarráááio»