Talvez eu esteja a contratempo da maior parte daqueles que tomam férias nos meses de Julho e Agosto. São quase todos atraídos pela praia para regressarem aos seus destinos de origem com a tez morena, saudável e com energia para aguentar mais um ano. Eu encanto-me com o ar saudável da montanha que me alivia nas habituais tardes cálidas do mês de Agosto, ao sentir a brisa benfazeja que nos predispõe para mais um dia, em contacto com os familiares e amigos, e sempre num ambiente de festa.
:: 1988 :: :: Os «anos loucos» de 1970 a 1972 já lá iam há mais de 16 anos! Como aluno e como jovem, tinham sido os mais intensos da minha vida. Agora, como professor, o regresso à Escola de Sacavém, após o ano de interregno em São João da Talha, despoletou nova era de grande actividade, dentro e fora da Escola…
Estamos em pleno tempo de praia, mas ignoramos que ir à praia é uma tradição recente. Foi um médico inglês do século 18, Richard Russel, que, prescrevendo banhos de mar aos seus pacientes, constatou que os benefícios eram superiores à curas termais continentais. As suas ideias tiveram um grande sucesso tanto na Inglaterra como no resto do mundo. Pouco a pouco, a praia tornou-se um destino que faz parte dos nossos hábitos nos meses de Verão.
:: 1987 :: :: «Aventura invernal» em UMM, que passou por Penha Garcia, Serra da Estrela e pelo «meu Gerês». Visita com os alunos à Reserva Natural das Dunas de São Jacinto e no Verão visita «obrigatória» a Vale de Espinho e passagem pela Aldeadávila de la Ribera nas Arribas do Douro onde na altura pairava o espectro de uma lixeira nuclear.
Agora que sou avô, percebo que há dois tempos diferentes na vida familiar: o tempo dos pais e o tempo dos avós, o tempo da educação e o tempo da ternura, o tempo do trabalho e o tempo do repouso.
Muitas palavras poderiam definir o tempo que, voluntariamente, decidimos cortar cerce com o quotidiano e que apelidamos de férias. Cada um pode completá-las com as que desejar e encontrar. Aqui vão as minhas…
Mão amiga fez-me chegar, há alguns anos, uma foto que intitulou «o grupo da panela a ferver». E eu pergunto-me como é que à volta de uma panela de ferro pode caber uma aldeia inteira? Outros afirmarão que nesta fotografia encontra-se a aldeia da nossa infância. Uma panela de ferro a ferver que tem o condão de reunir os ilustres, os remediados, a inocência, a demência e muito mais.
Todos nós conhecemos o abandono em que ficou a agricultura no interior de Portugal e quão difícil é continuar a viver em aldeias que, pouco a pouco, ficaram desertas. Não é fácil fixar as pessoas quando as perspectivas são limitadas…
:: 1985 :: :: À medida que nos afastávamos da costa a temperatura ia subindo rapidamente e íamos começar a pagar a frescura do litoral. A paisagem transformou-se numa imensa e inóspita planície, recortada apenas de quando em quando por pequenas hammadas, as mesetas pedregosas características destas remotas paragens. Estávamos no deserto do Sahara…
É para mim quase um dever escrever sobre este conterrâneo pelo qual Portugal inteiro já vibrou e aplaudiu e que é necessário recordar. Tem o nome de Manuel Andrade Marques, mais conhecido por Manuel Marques.
:: 1984 :: :: Passagem e primeiro dia do ano no Funchal com caminhada até ao Pico Ruivo a 1862 metros de altitude. Em Fevereiro fui com os meus alunos à descoberta de Doñana com passagem por Castro Marim. Entre 17 a 20 de Maio de 1984 foram dias memoráveis pela Serra da Nogueira e terras de Rio de Onor. Em Julho fomos na carrinha Volkswagen até ao cume da Serra Nevada e à planura das Tablas de Daimiel terminando as férias em Vale de Espinho.
Nos anos sessenta do século passado, descobríamos a França, o General De Gaulle, os automóveis Citroën ou Renault que os emigrantes nos mostravam durante as férias grandes e também os discos de Johnny Halliday, Claude François, Polnareff e da menina Françoise Hardy.
O Padre Carlos Alberto Marques Pereira foi uma das figuras mais queridas de Vale de Espinho. Era oriundo de uma família que se entrecruzava na fina flor das linhagens respeitadas da nossa terra…
Pelo facto de quase nunca ter vivido em Vale de Espinho, muitas pessoas nem se deram conta que nesta aldeia nasceu este notável jesuíta – Domingos Moreira – que será necessário recordar e aqui iremos fazer uma pequena memória da sua longa vida.
:: 1982 :: :: A 27 de Julho partíamos do Gerês para continuar, para leste, a volta galega feita dois anos antes. As Montanhas e a Costa Cantábrica iam-se-nos revelar como uma autêntica Espanha verde, tão diferente da meseta e da imagem que habitualmente temos. A Cornisa Cantábrica – Astúrias, Cantábria, País Basco e norte de Leão e Castela – são, realmente… outra Espanha!
Já algum tempo que comecei a interessar-me por uma das figuras importantes com origens em Vale de Espinho, um dos filhos do Senhor Vital (Vital Pereira Ramos), que os mais velhos conheceram, chamado Virgílio Pereira Ramos. Embora não nascido na nossa aldeia, foi aqui que passou a sua infância, tendo depois voado para outras paragens para frequentar o liceu, universidade, especializações em diversas áreas, desde a agronomia, energia atómica, ciências tropicais, pesticidas e outras.
A professora Maria Amélia Gonçalves Clemente Mateus nasceu a 27 de Fevereiro de 1947 na freguesia de São Vicente (Guarda), tendo como progenitores Abílio Gonçalves Clemente e Amélia Gonçalves Clemente, naturais da aldeia de Vale de Espinho (Sabugal)…
Ler Mais:: 1980 :: :: Depois das viagens feitas com os pais, na adolescência, os anos 80 assinalariam o regresso às «aventuras além-fronteiras». Em 1980 e 1982 percorremos toda a Galiza, Astúrias, Cantábria e País Basco. A magia das terras do norte peninsular começava a atrair-me!
As comemorações do cinquentenário da Revolução dos Cravos tiveram um grande eco na cidade de Bruxelas, pois elas prolongaram-se por quase todo o mês de Abril e todas elas com um alto significado e um grande empenho não só das autoridades belgas e portuguesas, mas também com a sensibilidade e emoção daqueles que nelas participaram, e onde se viu gente nova e de mais idade.
As primeiras fragas da «nova vida de casado» foram na Arrábida… com a família Ribau. Tinha combinado com eles e outros da Espeleologia participar numa actividade que incluía o treino inicial de novos espeleólogos. Outros iam começar a vida fabulosa que eu tinha começado três anos e meio antes!