A iniciativa «Pintar Sabugal 2010», promovida pela Associação Desenvolvimento Sabugal (ADES) vai realizar-se na aldeia histórica de Sortelha, no dia 18 de Setembro.
A pedido antigo de um leitor, e para acabar de uma vez com as meias verdades sobre o assunto, hoje vou demonstrar porque é que as licenças do Subparque Eólico do Troviscal e São Cornélio em Sortelha, e por maioria de razão do Parque Eólico da Raia, são nulas. Aqui vai, com o agradecimento da preciosa contribuição da Dr.ª Heloísa Oliveira cujo raciocínio rigoroso seguimos e a quem encarecidamente agradecemos porque sozinhos não chegaríamos lá tão facilmente. (Continuação.)
Por último e para acabar, nos termos do artigo 78.º, n.º 1, da Constituição da República Portuguesa «Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural», que tem a contrapartida de imposição ao Estado de deveres de protecção e incentivo.
Por isso o mesmo artigo 78.º, n.º 2, alínea c) «incumbe ao Estado, em colaboração com os agentes culturais (…) promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum» e a alínea e) impõe ao Estado a tarefa de «articular a política cultural e a demais políticas sectoriais», nomeadamente, energética e ambiental e o artigo 9.º consagra, enquanto tarefa fundamental do Estado, na sua alínea e) «o dever de proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preserva os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território».
Resumindo: A CRP, reconhece um direito fundamental à fruição desse mesmo património, a par do dever da sua defesa, o qual o legislador concretiza classificando móveis e imóveis que assumem relevância particular, de tal forma que beneficiem de um estatuto de protecção acrescida e concreta.
No caso de Sortelha, como se demonstrou, para além de constar do SIPA como conjunto e de ter sido classificada como Aldeia Histórica, vários dos seus imóveis fazem parte foram classificados, para além de outros classificados existirem na sua área de protecção.
O diploma que regulamenta esse tipo de monumentos é a Lei de bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural (aprovada pela Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro (LAP), que estabelece um área de protecção automática dos bens imóveis classificados de 50 metros (artigo 43.º, n.º 1), a contar dos seus limites externos.
Contudo, este o normativo não é aplicável ao caso concreto porque aqui em causa não está a protecção física dos imóveis classificados e da Vila – que não serão fisicamente afectados pelo Parque Eólico da Raia – mas sim a dimensão cultural do bem, que resulta do seu conjunto: a sua inserção no ambiente que o rodeia, bem como o seu valor único enquanto Aldeia Histórica, enquanto local de memória colectiva e reconstituição da época medieval.
Estamos, portanto, a falar da protecção do conjunto da Antiga Vila de Sortelha, que é a razão pela qual os monumentos beneficiam de estatuto de património protegido e também pela qual foi dado financiamento comunitário relevante para sua reabilitação e é visitada anualmente por milhares de pessoas.
É, numa palavra, a identidade de Sortelha, a qual pode ser afectada mediante afectação do seu conjunto, ou, na expressão da lei, do seu contexto.
Esta realidade não foi descurada pela lei, porque nos termos do disposto no artigo 52.º, n.º 1, da LAP «O enquadramento paisagístico dos monumentos é objecto de tutela reforçada».
E essa tutela reforçada é concretizada no n.º 2 deste artigo da LAP, onde se dispõe que «nenhumas intervenções relevantes, em especial alterações com incidência no volume, natureza, morfologia ou cromatismo, que tenham de realizar-se nas proximidades de um bem imóvel classificado, ou em vias de classificação, podem alterar a especificidade arquitectónica da zona ou perturbar significativamente a perspectiva ou contemplação do bem».
Ora do processo instrutor nada resulta quanto a preocupações no que toca à protecção do património cultural – tarefa fundamental do Estado – nem dos direitos culturais dos residentes e visitantes de Sortelha.
Pelo contrário, ter-se-ão bastado com a consideração de que os aerogeradores mais próximos de Sortelha distam 800 metros (subparque eólico do Troviscal), muito para lá da zona de protecção dos mesmos.
Mas como se disse, não é a zona de 50 metros de protecção física dos monumentos de 50 metros que está aqui em causa, mas a conservação do valor de Sortelha no seu conjunto, ou, conforme se disse, da sua identidade.
Parece que os 800 metros de distância dos aereogeradores em relação à Vila, é num contexto densamente urbano uma distância significativa. Mas não é assim.
À concretização do disposto no artigo 52.º da LAP no contexto de Sortelha, é tarefa que compete ao IGESPAR casuisticamente, pela identificação do menor impacto paisagístico que as obras tenham num monumento classificado.
Ora a única intervenção do IGESPAR no processo foi para acompanhar trabalhos arqueológicos a realizar na construção do Parque.
Houve portanto violação da obrigação prevista no 52.º da LAP, na medida em que não houve qualquer tutela do enquadramento paisagístico (muito menos tutela reforçada, como foi sendo sucessivamente licenciado um projecto de construção de 50 torres eólica em torno de Sortelha sem nunca ser tido em conta os monumentos nacionais aí presentes (muito menos o seu enquadramento paisagístico.
E o IGESPAR podia concluir facilmente que o subparque eólico do Troviscal se situa claramente no campo das intervenções proibidas, porque situando-se a 800 metros de Sortelha em campo aberto e limpo e reduzindo o impacto da distância sobre um aglomerado urbano em forma de anfiteatro totalmente virado para o mesmo, afecta significativamente o enquadramento do monumento e retira a identidade de Sortelha enquanto Aldeia Histórica.
Isto é tanto mais grave porque, conforme ficou dito, nada no processo dos promotores faz notar qualquer tipo de preocupação com o cumprimento do estatuído no artigo 52.º da LAP.
Neste sentido, uma vez mais estamos perante uma flagrante violação da LAP e do artigo 78.º da CRP, cuja consequência é, uma vez mais, a nulidade das licenças.
Concluindo:
Estes argumentos chegam e sobram para demonstrar que estes parques foram irregularmente licenciados.
A Câmara actuou na convicção de que os parques eólicos eram de interesse para o concelho e legais. Mas isso não chega… «Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém!»
Porque não houve o cuidado de ponderar todas as variáveis, designadamente as que se aduziram acima, corre-se o risco de uma acção popular inviabilizar todo o Parque da Raia, de nada valendo a celeridade que o promotor imprimiu às obras.
É que para o Direito não conta a política do facto consumado…
(Parte 2 de 2. Fim.)
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Ler a Primeira Parte. Aqui.
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A crónica de João Valente «Ilegalidade das Eólicas em Sortelha – A desmistificação das mentiras» é publicada em duas partes (nas quartas-feiras, dias 18 e 25 de Agosto).
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«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Susana Falhas, autora do Guia Turístico «Aldeias Históricas de Portugal» e Natália Bispo, da Casa do Castelo no Sabugal vão estar presentes esta segunda-feira, 23 de Agosto, no programa da TVI «Você na TV!» apresentado por Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira.
As aldeias históricas de Portugal e o concelho do Sabugal vão estar em destaque esta segunda-feira, 23 de Agosto, a partir das 10 horas da manhã, em directo no programa da TVI «Você na TV!».
Susana Falhas, da empresa Olho de Turista, vai dar a conhecer o Guia Histórico «Aldeias Históricas de Portugal» de que é autora. Natália Bispo, empresária responsável pela «Casa do Castelo» no Largo do Castelo do Sabugal vai falar sobre o «seu» espaço de cultura.
Natália Bispo vai ser portadora de diversas ofertas promocionais do Município do Sabugal e da Casa do Castelo constituídas por folhetos turísticos, gastronomia e artesanato dos territórios raianos.
Apresentado de segunda a sexta-feira, das 10 às 13 horas, por Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira «Você na TV!» é um espaço de entretenimento que privilegia a conversa e o envolvimento entre os telespectadores e público presente em estúdio.
O programa é, actualmente, líder de audiências no seu horário. A dupla Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira, com seis anos de convivência diária com os telespectadores, tem-se afirmado como uma referência incontornável no panorama televisivo nacional.
jcl
A DESMISTIFICAÇÃO DAS MENTIRAS –A pedido antigo de um leitor, e para acabar de uma vez com as meias verdades sobre o assunto, hoje vou demonstrar porque é que as licenças do Subparque Eólico do Troviscal e São Cornélio em Sortelha, e por maioria de razão do Parque Eólico da Raia, são nulas. Aqui vai, com o agradecimento da preciosa contribuição da Dra. Heloísa Oliveira cujo raciocínio rigoroso seguimos e a quem encarecidamente agradecemos porque sozinhos não chegaríamos lá tão facilmente.
Ler MaisA apresentação do Guia Turístico Aldeias Históricas de Portugal está marcada para este domingo, 1 de Agosto, às 18 horas, na Casa do Castelo, no Largo do Castelo do Sabugal.
jcl
O Sol a pino escaldava-me o passo, sentei-me na sombra da oliveira no penedo, meti a mão ao bolso e tirei aquela pedra que me acompanha há mais de 20 anos. Olhei-a com a mesma saudade com que a olhava em outros tempos. Levantei os olhos e tentei descortinar para lá da planície e da neblina quente que diluía o horizonte a silhueta das serras, das serras onde nasce aquele rio que me corre nas veias onde um dia apanhei aquela pedra.
Ler MaisA Olho de Turista vai apresentar o Livro «Aldeias Históricas de Portugal – Guia Turístico» na Casa do Castelo, no Sabugal, no dia 1 de Agosto, às 18 horas. O Capeia Arraiana e a Casa do Castelo apoiam mais um momento cultural «à sombra do Castelo do Sabugal».
A Olho de Turista propõe uma viagem à redescoberta das nossas raízes, com cerca de 800 anos de História, pelas 12 Aldeias Históricas de Portugal (AHP): Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso. Cada aldeia é, simultaneamente, única e fiel a si própria e ao conjunto das 12, evidenciado pelo ambiente rústico e beirão, pouco corrompido pelos tempos modernos.
O guia turístico pretende proporcionar aos visitantes informações práticas e úteis sobre o que pode ver e fazer no território das AHP. Incluí um conjunto de Talões de Ofertas e de Descontos, no valor de 4000 Euros para o usufruto e/ou compra de experiências, alojamentos, restauração, produtos regionais e de artesanato, da região, em condições especiais.
A Olho de Turista deseja um bom fim-de-semana, ou umas férias bem merecidas, com um pedaço de História da Beira Interior na bagagem.
O Guia Turístico das Aldeias Históricas de Portugal vai ser apresentado nas livraria Fnac no Colombo de Lisboa (19 de Julho, 21.30h), em Braga (23 de Julho, 21.30h), em Guimarães (25 de Julho, 17.00h) e em Coimbra (31 de Julho, 17h).
jcl (com Susana Falhas)
A Confraria do Cão da Serra da Estrela iniciou formalmente a sua actividade no passado dia 20 de Junho, na Aldeia Histórica de Sortelha, com a realização de um encontro onde foram eleitos os órgãos sociais para o triénio 2010-2012.
Muitos criadores, amigos e admiradores do Cão da Serra da Estrela, vindos de vários pontos do País, juntaram-se com o objectivo comum de divulgar, fomentar e valorizar a raça. Marcaram igualmente presença os Presidentes da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela (APCSE) e da Liga dos Criadores e Amigos do Cão Da Serra da Estrela (LICRASE), instituições que integram por inerência a Direcção da Confraria.
A Junta de Freguesia de Sortelha e a Câmara Municipal do Sabugal, que desde o início se associaram a esta iniciativa, através da disponibilização de instalações para a sede, fizeram-se representar, respectivamente, pela Presidente, Fernanda Esteves e pelo Vereador Ernesto Cunha.
Após um almoço de confraternização e visita à futura sede, procedeu-se à eleição dos órgãos sociais que ficaram assim constituídos:
PASTORES (Direcção)
Chanceler: António dos Reis Nunes
Fiel das Usanças: António José Gonçalves Marques
Contador-Mor: Maria Teresa Azevedo Gomes
Primeiro Almoxarife: A.P.C.S.E.
Segundo Almoxarife: LICRASE
MATILHA (Assembleia Geral)
Grão-Mestre: António Nogueira Lourenço
Primeiro Escrivão: Maria Justina Bárbara Franco
Segundo Escrivão: Paiva Inácio
LOBOS (Conselho Fiscal)
Averiguador-Mor: Edgar Alexandre Mota Veiga Dolgner
Primeiro-Averiguador: Nuno Filipe Pereira Nina Xavier da Costa
Segundo-Averiguador: Francisco José Carreira da Silva
A Assembleia deliberou ainda proceder à escolha do logótipo, traje e outros símbolos. Terá agora início o processo de divulgação da Confraria e a preparação do I Capítulo, a par de outras iniciativas de carácter científico, pedagógico, cultural e lúdico que, de algum modo, possam concorrer para um melhor conhecimento, protecção, divulgação ou aproveitamento do Cão da Serra da Estrela.
António José Gonçalves Marques
Em homenagem ao grande escritor José Saramago, cujo corpo é hoje cremado em Lisboa, publicamos um enxerto do seu livro «Viagem a Portugal», onde fala de Sortelha e do Sabugal, terras por onde passou enquanto viajante, e também Pousafoles do Bispo, que por falta de tempo não pode visitar. São impressões de viagem de um homem sem papas na língua, e muito menos na caneta, que diz sem rodeios o que pensa das coisas.
«De Belmonte vai o viajante a Sortelha por estradas que não são boas e paisagens que são de admirar. Entrar em Sortelha é entrar na Idade Média, e quando isso o viajante declara não é naquele sentido que o faria dizer o mesmo entrando, por exemplo, na Igreja de Belmonte, donde vem. O que dá carácter medieval a este aglomerado é a enormidade das muralhas que o rodeiam, a espessura delas, e também a dureza da calçada, as ruas íngremes, e, empoleirada sobre pedras gigantescas, a cidadela, último refúgio de sitiados, derradeira e talvez inútil esperança. Se alguém venceu as ciclópicas muralhas de fora, não há-de ter sido rendido por este castelinho que parece de brincar.
O que não é brincadeira nenhuma é a acusação, em boa letra e ortografia, pintada na entrada duma fonte: ATENÇÃO! ÁGUA IMPRÓPRIA PARA BEBER POR DESLEIXO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS E DELEGAÇÃO DE SAÚDE. O viajante ficou satisfeito, não, claro está, por ver a população de Sortelha assim reduzida em águas, mas porque alguém se dispôs a pegar numa lata de tinta e num pincel para escrever, e para o saber quem passe, que as autoridades não fazem o que devem, quando devem e onde devem. Em Sortelha não fizeram, como testemunha o viajante, que daquela fonte quis beber e não pôde.
A Sabugal ia o viajante na mira dos ex-votos populares do século XVIII, mas não deu sequer com um. Onde os meteram não o soube dizer o ancião que veio com a chave da Ermida de Nossa Senhora da Graça, onde era suposto estarem. A igreja, agora, é nova e de espectacular mau gosto. Salva-se o Pentecostes de madeira talhada que está na sacristia. As figuras da Virgem e dos apóstolos, pintadas com vivacidade, são de admirável expressão. Leva o viajante, em todo o caso uma dúvida: se isto é um Pentecostes, por que são os apóstolos doze?, estará Judas aqui representado apenas por razões de equilíbrio de volumes?, ou o entalhador popular decidiu, por sua conta e risco, exercer o direito de perdão que só aos artistas compete?
O viajante tem um compromisso para esta tarde. Irá a Cidadelhe. Para ganhar tempo almoça em Sabugal, e, para o não perder, nada mais viu que o geral aspecto duma vila ruidosa que ou vai para a feira ou vem de feirar. Segue depois a direito para a Guarda, deixa no caminho Pousafoles do Bispo onde tencionara ir para saber o que poderá restar de uma terra de ferreiros e ver a janela manuelina que ainda dizem lá existir. Enfim, não se pode ver tudo, era o que faltava, ter este viajante mais privilégios que outros que nunca tão longe puderam ir. Fique Pousafoles do Bispo como símbolo do inalcançável que a todos escapa.»
plb
Muitas vezes deambulamos pela natureza livre e avistamos, árvores, cursos de água, prados e searas, colinas e casas e outras mil alterações da luz e das nuvens mas, lá por atendermos a um pormenor ou contemplarmos isto ou aquilo, ainda não estamos conscientes de ver uma «paisagem».
Ler MaisNo dia 10 de Junho foi apresentado em Trancoso um novo e inovador guia das Aldeias Históricas de Portugal, o qual oferece descontos e contém roteiros paisagísticos e gastronómicos para cada uma das 12 aldeias beirãs. Capeia Arraiana esteve no local e acompanhou o lançamento deste importante instrumento para os que pretendam visitar e conhecer melhor as nossas aldeias históricas.
A apresentação esteve a cargo da empresa editora, a Olho de Turista, representada pelos seus sócios Susana Falhas e Serafim Faro, acompanhados pelo presidente da Câmara Municipal de Trancoso, Júlio Sarmento, que patrocinou o acontecimento.
Susana Falhas, numa alocução comovente, revelou que foram os seus filhos, ainda crianças, que a motivaram nesta aventura de elaborar e publicar um novo guia turístico para as 12 localidades oficialmente classificadas como Aldeias Históricas de Portugal: Sortelha, Marialva, Almeida, Linhares da Beira, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Piódão, Castelo Novo, Monsanto, Idanha-a-Velha, Trancoso e Belmonte.
Serafim Faro, classificou o novo guia de inovador para o território. Contém informação útil para quem pretende conhecer melhor as aldeias e a região e contém fotografias e mapas dos percursos, para melhor orientação.
Outro factor inovador da edição é a inclusão de 172 talões de ofertas e desconto em espaços comerciais da região, nomeadamente em hotéis, restaurantes e lojas de artesanato. Para além disso o guia contém receitas típicas das Aldeias Históricas, sugere rotas em diferentes meios de transporte, incluindo pequenos percursos pedestres. Fala da história e das tradições de cada aldeia, indica onde comer, dormir, passar o tempo livre e fazer compras, para além de revelar curiosidades.
Como seria inevitável, o guia fala de Sortelha, sob a epígrafe «Anel da sorte pequena». Conta a história desta antiga vila amulharada, indicam-se os locais a visitar, sugerem-se percursos na região que envolve Sortelha, referem-se as suas tradições populares, as festas e romarias, onde comer e dormir e quais os principais produtos do artesanato da região. Também se contam algumas lendas e curiosidades sobre a antiga vila, como a de que os habitantes de Sortelha têm o cognome de «lagartixos» e a de que os barrocos da região assumem por vezes formas de animais.
O guia tem o apoio da Associação para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias Históricas de Portugal e conta com mais de 350 páginas, numa edição com 10 mil exemplares.
Aconselha-se a aquisição do vistoso e muito útil roteiro, que está à venda ao preço de 17 euros.
O Capeia Arraiana aproveita para agradecer a simpatia e colaboração da Helena Teixeira da Olho de Turista.
plb
As energias renováveis podem e devem ser um elemento fundamental de uma estratégia de desenvolvimento do Concelho do Sabugal.
A instalação de parques eólicos no Concelho vem sendo olhada por muitos como «o poço de petróleo» de onde pingam os euros (muitos) das rendas que as empresas concessionárias pagam. Outros, exercendo legitimamente os seus direitos cívicos, vêm levantando objecções que se prendem, sobretudo, com os impactos ambientais que as torres eólicas representam, situação bem evidenciada com o que se vem passando em Sortelha.
Estando perfeitamente clara a minha posição sobre o assunto queria hoje chamar a atenção para a importância que as energias renováveis podem e devem desempenhar no desenvolvimento do Concelho.
E começo por dizer que o Sabugal possui todas as condições para criar um sector industrial em torno das energias renováveis.
E vamos às razões. O Concelho possui as seguintes características que o posicionam como o mais indicado da Beira Interior para que tal aconteça:
– Possui um aproveitamento hidroeléctrico – a Barragem do Sabugal;
– É um médio produtor de energia eléctrica fotovoltaica;
– Possui um conjunto de empresas no sector das energias renováveis, com destaque natural para a ENAT, hoje uma empresa que desenvolve a sua actividade em todo o País;
– Adquiriu o conhecimento técnico de instalação e exploração de sistemas eólicos;
– Possui um potencial elevado em produção de energia a partir da biomassa florestal;
– O seu mercado natural abrange toda a Beira Interior, mas também Espanha.
As vantagens competitivas que acabo de enumerar, reforçam a minha convicção de que este seria um sector essencial para o nosso desenvolvimento.
O que falta para o tornar realidade? Antes do mais a vontade política das Administrações Local e Regional para a criação das condições materiais e imateriais que tornem viável o aparecimento e a fixação no Concelho de mais e melhores empresas do sector.
Os euros que estão a chegar não nos devem satisfazer por muitos que sejam.
Hoje vêm, amanhã vão, pois as rendas não vão durar para sempre, basta que se mudem as leis, e nessa altura ninguém vai ter força para deitar abaixo as torres…
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Presidente da Assembleia Municipal do Sabugal)
rmlmatos@gmail.com
A Câmara Municipal do Sabugal teve a ideia de candidatar a «Capeia» a património da humanidade. Fazemos sinceros votos de sucesso, porque é uma excelente iniciativa, que só peca por tardia.
Ler Mais«Ao redor a pedra granítica domina a paisagem, dando pouco lugar a limitadas manchas de centeio e pequenos soutos apertados por barrocos. Lá para baixo, os verdes do vale estreito. Sobre uma escarpa vertical, dominador, romântico, o castelo.» Texto de Júlio Gil no livro «As mais belas vilas e aldeias de Portugal» da Editorial Verbo. O vídeo foi editado pela SIC em 2007.
jcl
A Associação das Casas Históricas de Riba Côa, que tem sede em Sortelha, entregou um requerimento na Câmara Municipal do Sabugal, solicitando acesso ao processo relativo à implantação de torres eólicas nas imediações daquela aldeia histórica de Portugal.
Dizia-me alguém do Sabugal, referindo-se às minhas crónicas, que eram cada vez mais difíceis de perceber. Observação pertinente, respondi-lhe eu, mas é propositadamente, e tem a ver com o meu desencanto em relação às pessoas e ao Sabugal. Contudo, hoje vou falar claro, para que todos os Sabugalenses entendam…
Ler MaisDepois de alguns anos desencontrado, voltei a ter o grato prazer da companhia do ilustre escritor sortelhense Vítor Pereira Neves. O reencontro ficou marcado por uma memorável viagem ao Alentejo, por onde andámos numa jornada completa, com o historiador e investigador a servir de guia por entre os vestígios do nosso passado longínquo.
De Lisboa a Évora é uma hora de caminho, por auto-estrada. Ainda Vítor Pereira Neves explicava a origem dos montados e a razão de tanta terra de pousio, quando atingimos as imediações da cidade. Tomamos uma via à direita e seguimos até Guadalupe e depois para Valverde, em cujas proximidades visitámos a Anta do Zambujeiro, um monumento fúnebre de grande imponência.
No Período Neolítico, que corresponde aquele em que o monumento foi construído, os grandes chefes militares eram sepultados no interior de antas. As explicações vêm de quem conhece, e aqui impera a sabedoria do Dr Pereira Neves: «Escolhiam sempre uma encosta voltada a Nascente e o monumento era erguido em local próximo de uma linha de água. Colocavam ao alto esteios enormes, com vários metros, que eram encimados por uma grande laje, que assentava em forma de chapéu. Após cerimónia fúnebre, era costume cobrir o jazigo com cascalho e depois com uma camada de terra, fazendo com que tomasse a forma de um monte, ou de mamão, ou mama».
A Anta do Zambujeiro estava originalmente soterrada, sendo identificada devido à erosão, que colocou a descoberto as pedras do monumento. Uma exploração desenvolvida por estudantes de arqueologia permitiu identificar o monumento, tornando-o depois um grande atractivo da região.
Pereira Neves não está satisfeito. O monumento está ao abandono, mantendo ainda um velho telheiro que foi erguido provisoriamente aquando das explorações. «Quanta gente do mundo inteiro aqui viria ao Alentejo, se soubéssemos preservar vestígios históricos como estes e criar condições para que as pessoas os visitem?» perguntou o historiador com ar de desalento.
Ao almoço abancámos no restaurante Ricardo, em Valverde, onde degustámos a excelência gastronómica desta época no Alentejo: o borrego assado no forno, regado por um bom vinho de Estremoz.
Após a refeição voltámos a Guadalupe, e dali, seguindo por caminho antigo, alcançamos o conhecido Cromeleque dos Almendres ou do Alto das Pedras Talhas, situado no cimo de uma encosta, também voltado a Nascente. «Se as antas eram lugares para os mortos, os cromeleques eram lugares para os vivos, uma espécie de santuários onde se realizava o culto colectivo», explica Pereira Neves. Impressiona a vista do conjunto de menires dispostos em leque, formando uma espécie de anfiteatro.
O investigador posicionou-se no alinhamento do sol com as pedras e, explicou o significado da geometria das pedras. Depois demonstrou a existência de vestígios de um corredor em todo o perímetro do cromeleque. «Era um corredor de culto, por onde passavam pessoas e animais nas festividades», explicou o meticuloso Pereira Neves.
Falava o anfitrião no significado dos termos «Almendres» e «Pedras Talhas», quando chegou uma revoada de turistas franceses, que desceram de um autocarro. Uma guia parecia orientá-los na visita às pedras sagradas, mas logo Pereira Neves lhes foi ao encontro, expressando-se em francês e dispondo-se a explicar o necessário. Num ápice o grupo dispensou a guia, passando a seguir com redobrada atenção as cuidadas explicações do velho arqueólogo, que lhes indicava o significado do impressionante monumento, comparável com as enigmáticas pedras de Stonechenge e de Carnac na Ilha da Páscoa.
Deixámos o alto das Talhas e fomos observar o menir principal, disposto a algumas centenas de metros do cromeleque, por ter sido retirado, segundo o historiador, do centro do santuário, que era o seu lugar original.
Já de regresso a casa, cruzando a estrada, Pereira Neves confidenciou-me saber de um cromeleque que ainda não estava sinalizado, que uma vez descobrira nas suas explorações. E, não resistindo à ideia de me mostrar o achado, dirigiu-se pela estrada de Arraiolos, junto à qual o monumento estava implantado.
Imobilizou a viatura na berma da estrada e instou-me a segui-lo em busca do local. Porém uma rede de arame, recentemente disposta, cortou-nos o passo e o historiador de Sortelha anteviu o pior: «a mata parece ter sido limpa recentemente e eu não vislumbro as pedras, o mais certo é terem sido levadas por máquinas de rasto».
Desolado com o possível atentado ao património histórico, Pereira Neves dispunha-se a encetar a viagem de regresso, quando lhe sugeri que se poderia ter enganado no local, e talvez nada estivesse perdido.
Fomos mais adiante, «para descargo de consciência», como disse o historiador e arqueólogo, e quedámo-nos em local que ele considerou como provável ponto de acesso ao monumento. Embrenharmo-nos no mato e caminhámos até atingirmos um pequeno montado virado a Nascente, onde eu mesmo vislumbrei as silhuetas dos menires por entre os sobreiros. «Já vejo as pedras!», avisei. Pereira Neves concentrou o olhar no ponto que lhe indicava e exclamou comovido: «Felizmente!».
Este cromeleque era manifestamente inferior ao dos Almendres, ocupando uma área menor, embora mantivesse ao centro o grande menir. O investigador mediu distâncias a passo, tirou alinhamentos, apontou alguns pormenores, fixou pontos de referência e considerou ser urgente classificar este achado, para assim o salvaguardar. E prometeu que iria tratar disso.
De volta a casa, o notável escritor e historiador sabugalense era um homem satisfeito. Reencontrara as pedras que julgara perdidas e, assim disposto, contou-me histórias da suas constantes passagens pelo concelho do Sabugal, lamentando que a Câmara Municipal não tenha livros de sua autoria, nem para dar ao presidente da República quando visitou Sortelha a seguir ao incêndio do último Verão. «Encontrei-me recentemente com ele e ofereci-lhe o livro “Sortelha, Museu Aberto”, tendo-me ele afirmado que colecciona monografias e essa lhe estava em falta». «Descanse, Dr Pereira Neves, que ninguém é profeta na sua própria terra», aventei-lhe em ar de consolação.
plb
Esta semana ecos de ventos em sentido contrário fizeram-se sentir na comunicação social relativos ao licenciamento de um parque eólico nas vizinhanças de Sortelha. Recebi no facebook um pedido para que me pronunciasse sobre este assunto. Respondendo a essa sugestão mas, também porque considero importante que o faça como cidadão e sabugalense em particular, aqui fica a minha posição.
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